Mato Grosso,
Sexta-feira,
19 de Abril de 2024
informe o texto a ser procurado

Artigos / Luiz Fernando Fernandes

20/04/2020 | 09:44

Respeito é bom e eu gosto.

Como é bom ser do contra. É fácil, agradável e muito simples.
Não preciso ter nada além de um espírito crítico que encontre defeito em tudo e todos.
Se considerar que a cloroquina não funciona, basta descer o pau.
Se uma obra em minha rua começa a me incomodar, basta descer o pau.
Se tocar música sertaneja eu critico.

Se tocar rock, mpb, Aché, funk, não importa, a crítica chega acida. Basta descer o pau em todo mundo.
Engraçado que a postura descrita acima é adotada hoje por um bom número de pessoas que estão por aí com um celular na mão, e ao contrário da história original que clamava por uma ideia na cabeça, agora parece que temos apenas a câmera na mão e nada na cabeça. 

Que triste ver a postura vestal daqueles que se colocam como a palmatória do mundo, onde tudo e todos estão à mercê de um julgamento que em sua maioria beira a sandice. O que mais me entristece é que na maioria dos casos apenas um lado da história é mostrado e quando a história não tem fundamento o que temos a seguir é um silencio absoluto, ou seja, nada de desmentido.

Mas os supercríticos de plantão não estão sozinhos, eles caminham lado a lado com aqueles que se travestem de apresentadores e humoristas, fazem algo que ficou conhecido como a arte do insulto, que em minha opinião não passa de um bando de desequilibrados e rancorosos a caça de uma história para manchar ou uma pessoa para denegrir. Que triste. Quem poderia imaginar que o insulto iria virar arte, o problema é que muitos acabam caindo nessa. Só isso explica o fato de ainda hoje existirem programas que sobrevivem deste triste lodo humano. Não faltam histórias de processos onde vítimas precisam ir a justiça no afã de recuperarem sua vida e sua história. 

Penso que o ostracismo será o fim daqueles que ainda teimam em apostar na miséria humana e na pilheria como forma de se manterem no ar. Não vai demorar muito para que a sociedade mude de canal e mandem aqueles que apostam na arte do insulto de volta para casa.

E temos ainda os criadores e os disseminadores das famosas FAKE NEWS, noticiadas aos borbotões, compartilhadas e analisadas a fundo numa existência de horas ou dias, dependendo do assunto. Quando desmascaradas somem deixando um rastro de verdade que custa a desaparecer e pode causar danos irreparáveis. Não existe um critério para passar à frente a mentira travestida de verdade e dia a dia as fake news brotam como erva daninha contaminando o rico solo da informação.  

Que tal a gente instituir a arte do respeito, onde as histórias pessoais sejam valorizadas. É inadmissível que uma história de sucesso possa sucumbir baseada apenas numa pequena gafe social como um tombo, um cabelo desarrumado, um vestido mal escolhido ou então um erro de português, uma frase dita fora de contexto. Quem são esses que dão sonoras risadas da desventura alheia? Quem são esses que se colocam a tecer críticas e mais críticas, atirando para todos os lados sem ligar se vão ou não acertar o alvo? Quem são esses que atiram por atirar?

Ainda temos tempo de dar um basta em tudo isso, de pedir para parar a brincadeira sem graça e gratuita.
Se não fizermos isso o quanto antes, daqui a pouco vamos sim acreditar que o insulto é uma arte e que a crítica apenas pela crítica é o caminho correto. Vai chegar o dia que vamos sim crer que o respeito, a empatia e o amor ao próximo não passam de besteiras, coisas ultrapassadas de um tempo que já não nos pertence mais. Afinal o que vale agora é criticar, meter o pau em tudo e em todos e é claro rir, rir do outro mesmo quando a piada não tem graça nenhuma.  

Luiz Fernando Fernandes é Jornalista em Cuiabá. 
 
Assista Ao Vivo
 
Sitevip Internet