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Artigos / Luiz Fernando Fernandes

17/08/2020 | 10:38

Violência doméstica cresce com a pandemia

A violência doméstica cada vez mais precisa ser debatida com a sociedade. Só os casos de feminicídio cresceram 22% em 12 estados durante a pandemia. Em Mato Grosso este crescimento foi de 150%.

O feminicídio é o último degrau neste ciclo que começa com o ciúme excessivo, passa pela invasão de privacidade, pelo controle, chantagem, violência financeira, perda da auto estima, violência psicológica, afastamento das outras pessoas e finalmente a violência física que precede o feminicídio.

O excesso de ciúmes aparece logo no início da relação e este é um sinal importante para a vítima que tem nesta fase maiores chances de colocar fim a relação abusiva. Mas se o relacionamento não parar por aqui é grande a chance de o abusador avançar para o próximo passo, ou seja, a invasão de privacidade. Nesta fase o abusador vai querer olhar as mensagens do celular da vítima, saber com quem ela andou conversando e por aí vai.

Na sequência virá o controle, quando ele vai interferir na roupa que ela usa, a cor do cabelo, aquela amiga que ela tem e que ele não gosta e aos poucos ele estará controlando inteiramente a vida da vítima.

Neste ponto a relação está já numa fase perigosa. Aqui a vítima geralmente vai tentar dar um basta em tudo. Sufocada pelos comportamentos doentios do agressor ela vai buscar a libertação é onde entram as chantagens. Situações como: “se você me largar eu tiro seu filho de você”, “eu mato sua família”, “se você acha que pode se livrar de mim está enganada, eu coloco aquelas fotos na internet”, e por aí vai.

O próximo passo é a violência financeira. São duas situações, a primeira é quando ele começa a controlar tudo que ele ganha e onde gasta. Geralmente começa a controlar os cartões e ela já não pode mais comprar nada sem que ele autorize ou supervisione. Em casos mais extremos ele obriga a vítima a abandonar o emprego ou trabalho para que ela fique dependendo dele para as menores despesas.

Na fase da perda da auto estima ele já está controlando praticamente tudo que a vítima faz. As humilhações que no início do relacionamento eram sutis passam a ser mais fortes. As ofensas passam a ser diárias e cada vez mais carregadas de palavras que vão minando o amor próprio da vítima que fica cada vez mais pra baixo.

A somatória de todos estes sinais vai desembocar na violência psicológica. Cada vez mais apática e sem ação ou reação, a vítima começa a acreditar que tudo aquilo que o agressor fala é verdade. Aqui ela já está entregue, então vem o afastamento das pessoas, quando o agressor isola completamente a vítima. Amigos e familiares são excluídos do dia a dia e com isso o agressor fica à vontade para dar o passo seguinte que é o da violência em si. Pode começar com um empurrão e terminar com uma surra, o último passo antes do feminicídio é o mais cruel.

Nesta fase vem a fase mais difícil do ciclo da violência, quando a vítima já não consegue mais imaginar uma saída para aquele problema. 

Entender o ciclo da violência é muito fácil. Ele é composto por um tripé, tensionamento, violência e lua de mel. Na primeira fase ele cria situações de desconforto para a vítima, que a deixam em estado de alerta. Ele sempre encontrará um motivo para criar o tensionamento.

Depois dessa fase vêm as agressões verbais e psicológicas, mas que também podem evoluir para a violência física, como tapas, socos e agressões dos mais variados modos. Aqui entra em ação o arrependimento, conhecido como a lua de mel, quando o agressor promete que aquilo não irá se repetir, pede desculpas, enche ela de mimos e ela o perdoa, até que novo momento de tensão ocorre e depois a violência num ciclo sem fim.

Muitas mulheres estão passando por tudo isso neste exato momento. Não é uma questão de classe social, a violência doméstica acontece em lares das classes A a Z, não importa. O que precisamos é ter informação para combatermos juntos este mal que está assolando a sociedade. Enquanto fecharmos os olhos para estes problemas outras mulheres vão sofrer e muitas vão terminar mortas, num ciclo infindável e extremamente cruel.  
 
 
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