A gente não planeja, mas simplesmente um dia as coisas mudam.

Você acorda e percebe que algumas coisas se perderam. Nada está desarrumado, mas você sabe que está tudo diferente.

Por um tempo caímos na negação, total e profunda negação. Tentamos de todas as formas evitar o obvio, mas por mais que tentemos lá no fundo a gente tem a certeza de que algumas coisas jamais voltarão a existir.

E aí buscamos de todas as formas evitar o confronto. Desviamos o olhar. Arrumamos uma viagem. Nos ocupamos ainda mais com o trabalho. Até que um dia a gente já não tem mais espaço no armário. Aquele elefante precisa sair dali senão você vai acabar verdadeiramente sem nada.

Este é um momento crítico, trazer o assunto à baila significa destruir nossa zona de conforto.

Mas lá no fundo, se você tiver a coragem e a decência de olhar para o espelho da verdade vai ver que a maioria das coisas que pareciam formar este porto seguro não passam de ilusão.

O confronto com a verdade trás desconforto, eu sei. Mas este é mesmo um mal necessário. Antes agora do que nunca, porque o tarde já passou faz tempo.


Viver pode ser mais simples, e é. A gente é que complica.
Não sei dizer e não consigo nem mesmo imaginar o que poderia ter acontecido se tudo tivesse sido diferente.

Mesmo agora, o diferente nada mais é do que uma distração para te sedar e te levar mais do que nunca ao mar do faz de conta.

Viver pode ser mais simples, e é. A gente é que complica.

Se você me perguntar o que quero, talvez ainda inebriado pelo não saber e pela bonita e lustrosa pele do falso conforto, eu posso não conseguir me expressar.

Agora preciso ter serenidade para aceitar as coisas que não consigo modificar. Preciso ter coragem para modificar aquilo que posso. E preciso mais do que nunca ter sabedoria para distinguir umas da outras.

No mais, é tudo ilusão.

Ilusão barata de quem não quer ver que simplesmente um dia as coisas mudam.

Um dia eu acordei e tinha acontecido comigo. Já não tenho tempo e nem mesmo quero recuperar o que perdi.

E você?