Estive recentemente no sul do país, mais precisamente na serra gaúcha, onde o turismo vem há mais de 40 anos, buscando se organizar e fazer com que este segmento seja a principal fonte de desenvolvimento sustentável da economia local.

Chegando em Porto Alegre, no balcão da locadora de veículos, ouvi do atendente: “É doutor, a crise por aqui está feia! ”.

Fiquei com aquelas palavras na cabeça...

Ao tomar a estrada rumo à serra, o que encontrei foi uma via com excelente sinalização turística e educativa, vários radares e principalmente, nenhum acidente! Claro que vi uns motoristas mais apressados, que excediam o limite de velocidade ou transgrediam as leis de trânsito, isso existe em todo lugar, porém as regras estavam claras e visíveis para quem quisesse obedecê-las e consequentemente preservar vidas.

Chegando na cidade de Gramado, me deparei com uma excelente infraestrutura hoteleira, com preços e atendimentos acessíveis, tem para todos os gostos, hospedarias, pensões, casas de aluguel e vários hotéis de luxo. As vias todas sinalizadas, poucos semáforos e, motoristas e pedestres educados, respeitando a faixa, a via preferencial, e locais regulamentados para estacionamento.

Nos restaurantes e bares, encontrei garçons e maîtres educados, que falavam mais de um idioma e dispostos a esclarecer todas as dúvidas que levantei.

No comércio, atendentes bem vestidos, educados e principalmente, deixando que escolhesse o que me interessava, sem pressionar por este ou aquele produto e sempre que questionados, prontos a dar opiniões sinceras e orientar a obter a melhor qualidade dos produtos. (Sonho com nossa amada Chapada dos Guimarães assim...)

Fui ao posto de combustíveis e, ao desligar o carro o atendente me disse: “O senhor tem de cortesia o direito a um cappuccino e a um jornal, pode pegar na loja de conveniências, vou lavar os para-brisas, calibrar os pneus e o número da bomba de abastecimento é 3, basta o senhor informar que a atendente faz a cobrança! ” e, finalmente me perguntou: “quanto o senhor vai abastecer e vai colocar etanol ou gasolina? ”

Retornei para Mato Grosso com aquelas palavras: “ É doutor, a crise por aqui está feia! ”...

Chegando em minha residência, percebi que os pneus do meu carro estavam meio vazios em função do tempo parado, fui então a um posto próximo, muito conhecido nas proximidades da praça oito de abril. Ao chegar vi quatro funcionários encostados nas bombas de combustível, parei o carro e perguntei: “Vocês têm calibrador de pneus? ” Um deles apontou para um canto e disse: “Tá ali ó! ”. Encostei o carro próximo do local indicado, desci do carro e, como ninguém veio até mim perguntei: “ Como faço para calibrar os pneus? ” O mesmo funcionário disse: “Pode calibrar! ”, o fiz e fui embora procurando entender qual diferença entre o que encontrei no Sul e o que vivo em Mato Grosso... daí me lembrei das palavras do atendente da locadora de veículos: “ É doutor, a crise por aqui está feia! ”

Cheguei à conclusão de que a crise não chegou a Mato Grosso, pois temos patrões dispostos a pagar por quatro funcionários, que ficam encostados na bomba de combustível enquanto o cliente “executa seu serviço”, em Mato Grosso há tanto dinheiro circulando que não faltam empregos para ninguém, que o empresário se sujeita a não cativar o cliente, pois sai um insatisfeito e depois vem outro e mais outro...

No Sul, um funcionário abasteceu, lavou os para-brisas, calibrou e me encantou! Acho que é porque lá

“ A crise está feia doutor! ”