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Artigos / Rosana Leite Antunes de Barros

15/01/2023 | 09:13

A heroína Antonieta

No dia 05 de janeiro do corrente ano foi assinado o ato do governo federal que inscreve o nome de Antonieta Barros no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. E, não há qualquer dúvida de que ela, de fato, é.  


Antonieta é filha de uma escrava liberta. Aprendeu a ler e escrever na fase adulta, tendo posteriormente aberto um curso para alfabetizar outros adultos em sua própria casa. É autora da Lei Estadual nº 145, de 12 de outubro do no de 1948, que instituiu o Dia do Professor e da Professora.


A data posteriormente, no ano de 1963, no governo João Goulart, foi transformada em feriado escolar nacional em todo o país.

 

Preocupada com alunos e alunas carentes, foi responsável por propor leis que concediam bolsas de estudo em cursos superiores para esse segmento da sociedade.

Historicamente, foi a primeira mulher negra a trabalhar na imprensa de Santa Catarina. Também inovou em ser a primeira do gênero a assumir a presidência de uma assembleia legislativa no Brasil.

 

Ela almejava cursar direito, todavia, tal curso não era permitido para mulheres à época. É dela a frase: “É a educação que transforma pigmeus em gigantes, dá aos homens força para enfrentar os mais sérios obstáculos”.

           

A heroína atuou ativamente na vida política, o que lhe ‘rendeu’ uma exoneração por motivos políticos em 1951. Foi a primeira deputada estadual mulher e negra do Brasil, sendo pioneira, outrossim, na luta pelo enfrentamento à discriminação dos negros, das negras, e das mulheres. No ano de 1935, foi a constituinte responsável pelos capítulos Educação, Cultura e Funcionalismo do seu estado.

 

Disse: “As leis não são feitas para as exceções, mas, sim, para a coletividade.” 

           

Também escreveu a sua história na condição de escritora e jornalista. De extrema coragem e lealdade com o ideal, manifestava-se em um contexto histórico emblemático para as mulheres.

 

Não tinha temor em expor, através de crônicas, o que pensava sobre as mudanças para a educação, sobre as trapalhadas políticas, a condição feminina e de todo preconceito que vislumbrava.

           

A figura da heroína se relaciona com a moral, justiça, mas, também, bondade. Sem dúvida, a grandeza desses seres humanos, reconhecidos como de muita força, acabam vistos como solução para problemas inerentes à vida cotidiana, sendo um grande diferencial.

Se destacam por pensarem na condição plural, onde patrocinam o enfrentamento ao individualismo, levantando a condição de esperança àqueles e àquelas que deles ou delas se aproximam por amparo. Nos quadrinhos, eles e elas são reconhecidas como ‘salvadores’, ou seja, que a tudo resolvem pela condição heroica.

 

Diferentemente dos reais que semeiam esperança cotidianamente com as suas ações.

           

A professora e escritora verbalizava que as mulheres não podiam permanecer “virgens de ideias”. Almejava, assim, que elas buscassem por conhecimento para estarem discutindo as questões da vida igualitariamente aos homens.      

           

Mesmo em época de tanto silêncio para as mulheres, conseguiu emergir a sua voz. A heroína Antonieta ecoou e ecoa, com as suas ações, por dias melhores para os menos favorecidos e favorecidas.

 
Não seria possível que apenas passasse pela vida, devendo ficar imortalizada na história. Profetizou: “Foi a revolução quem fez a mulher brasileira o indivíduo que ela é hoje; foi a revolução quem deu à mulher o direito de ter cérebro, de deixar de ser sombra da criatura e ser a própria criatura.”   

           

Sejamos Antonietas!
Rosana Leite Antunes de Barros

Rosana Leite Antunes de Barros

Defensora Pública Estadual
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