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Artigos / Gonçalo Antunes de Barros

03/06/2023 | 11:12

​Os Pensadores da Civilização IV

David Hume foi um filósofo escocês do século XVIII, reconhecido como um dos principais representantes do empirismo e do ceticismo. Suas contribuições alcançam desde a filosofia da mente e da linguagem até a ética e a política. Neste artigo, alguns dos aspectos mais importantes do pensamento de Hume, incluindo sua teoria da impressão e ideias, sua crítica à causalidade, sua abordagem cética e sua influência duradoura na filosofia moderna.

               

Em seu trabalho "Tratado da Natureza Humana", desenvolveu sua teoria da impressão e ideias como a base da experiência humana. Segundo Hume, todas as nossas ideias derivam de impressões, que são percepções vívidas e imediatas de nossas sensações e emoções.

 

Essa distinção entre impressões e ideias é fundamental para a compreensão da filosofia de Hume, pois ele argumenta que todo o conhecimento humano é baseado em nossas experiências sensoriais.

               

Após escrever “Ensaios Morais e Políticos”, apresenta-se como candidato ao cargo de professor da cadeira de ética da Universidade de Edimburgo, mas foi recusado sob a acusação de heresia, ateísmo e por ser “notório infiel”. Outra coisa não poderia surgir como consequência, afinal, ainda restava a hegemonia da igreja em 1741.

Uma das contribuições mais impactantes de Hume foi sua crítica à noção de causalidade. Hume questionou a ideia de que podemos inferir uma relação causal entre eventos com base em nossa experiência. Ele argumentou que não temos acesso direto à causa e ao efeito, mas apenas testemunhamos a sucessão constante de eventos.

 

Para ele, a crença na causalidade é baseada em um hábito mental que se forma a partir da repetição constante de certos tipos de eventos. Portanto, não temos justificativa racional para acreditar que eventos futuros se comportarão de maneira semelhante aos eventos passados.

               

O ceticismo de Hume, que entendo ser o fundamento maior do seu pensamento, se estende além da causalidade e aborda questões mais amplas do conhecimento humano.

 

Ele argumentou que não podemos justificar nossas crenças com base na razão ou na experiência. Em vez disso, nossas crenças são influenciadas por nossos sentimentos e emoções.

 

Hume desafiou a noção de que podemos conhecer a realidade objetiva e argumentou que nossas percepções e interpretações são moldadas por nossas faculdades mentais e nossas inclinações pessoais. Assim, Hume enfatizou a importância de uma abordagem cética e crítica em relação ao conhecimento.

               

Sua importância na filosofia moderna é indiscutível, tendo suas ideias influenciado pensadores posteriores, como Immanuel Kant, que afirmou que a leitura de Hume o despertou de seu "sono dogmático". Hume também influenciou o desenvolvimento do positivismo lógico e da filosofia.

             

Na filosofia moral, Hume teve um papel importante. Em sua obra "Uma Investigação sobre os Princípios da Moral", argumenta que a moralidade não pode ser fundamentada em princípios racionais ou objetivos. Em vez disso, defendeu que as ações morais são baseadas em sentimentos e emoções, como simpatia, aprovação ou desaprovação.

               

Hume enfatizou a importância da empatia e da compreensão das experiências dos outros para a tomada de decisões éticas. Sua abordagem subjetiva da moralidade foi revolucionária para a época e influenciou posteriormente filósofos como Friedrich Nietzsche e o utilitarismo de John Stuart Mill.

               

Em relação à religião, embora não tenha sido abertamente ateu, questionou a possibilidade de fundamentar crenças religiosas em argumentos racionais. Em seu livro "Diálogos sobre a Religião Natural", Hume explorou os argumentos teológicos e apontou suas falhas lógicas e limitações epistêmicas. Argumentou que a religião é baseada principalmente na fé e na tradição, em vez de evidências racionais.

 

Essa perspectiva cética em relação à religião teve um impacto significativo no pensamento religioso subsequente e influenciou filósofos como Friedrich Schleiermacher, que foi contemporâneo de Hegel, tendo escrito “Discursos Sobre Religião”, com grande influência na teologia protestante.

               

Enfim, sua teoria da impressão e ideias, sua crítica à causalidade, sua abordagem cética e sua visão subjetiva da moralidade e religião são apenas alguns dos aspectos de sua vasta contribuição. Sua abordagem empirista e cética continua a ser objeto de debates e discussões na filosofia contemporânea, e sua influência se estende a diversas áreas, incluindo a filosofia da mente, a ética e a teoria política.

 

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Gonçalo Antunes de Barros Neto é formado em Filosofia e Direito.
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Gonçalo Antunes de Barros Neto tem formação em Filosofia e Direito.
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