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Artigos / Jennifer Martins

29/09/2017 | 09:19 - Atualizado em 29/09/2017 | 09:24

'​Geração que escolheu errado'

Quando eu estava no ensino médio, em especial no 3º ano em 2010, todos falavam sobre a tal geração Y. O que esteve em voga desde então foi definir um determinado grupo de pessoas por uma letra. Segundo essa divisão, faço parte da Geração Y por ter nascido até 1995.
Não creio ser um título saudável de ostentar e antes de explicar a razão, devo dizer que o que trago nesse artigo é fruto de minhas experiências. Não deve ser generalizado, mas creio não ser tão irrelevante de ser discutido.

As principais características da Geração Y são o contato com as tecnologias e a efemeridade de tudo que está relacionado a eles: emprego, produtos, relações, vontades, aparentemente nada dura muito tempo conosco.

Somos preparados para saber de tudo um pouco, assim na hora do vestibular sua nota será alta, você vai para a universidade, seu colégio contabiliza mais uma aprovação e todos ficam felizes. A não ser que você ainda não tenha em mente aos 17/18 anos o que quer fazer na vida.

Além disso, há outros pormenores: A Geração Y foi a primeira a lidar com o ativismo online de forma mais intensa e interiorizou isso de tal forma, que agora gerou outra consequência. Isso me recorda de um artigo que li sobre "O nome da Rosa", ainda na época em que vi o filme.

Em determinado momento, foi discutido essa questão de riso e se Jesus ria ou não. Naquela época rir era uma afronta a igreja porque riso significa dúvida, ou seja, geraria questionamentos que poderiam levá-la a perder influência. "Afinal, quem ri não acredita no que está rindo, mas tampouco o odeia. (...) E quem ri do mal, não está disposto a combatê-lo". (GOÉS, 2009, p.220).

Aplicando isso ao cenário atual dos milennials e aliados ao momento de inserção tecnológica, semelhante à vigilância constante que foi retratada por Orwell em "1984", temos a Geração Y. Nos tornamos uma geração ativa no meio online no que diz respeito a policiar a opinião do outro, chegando a extremos algumas vezes.
O riso é uma das várias ferramentas que desde sempre o status quo não consegue derrotar, pois sempre haverá cartoons, charges, livros de piadas que deslegitime quem tem poder.

É possível fazer alguém não se expressar sobre algo, mas é muito mais difícil mudar seus pensamentos. Nem sempre textos enormes, haters ou trolls são capazes de mudar a opinião de alguém.

Não sei até que ponto a situação pode chegar, mas os Milennials já são conhecidos atualmente como "mimimi", e não por causa do nome "milennials". E logo seremos considerados por alguns como a Geração Perdida, isso se já não o somos
.
O que é bem desanimador. A Geração Y faz parte de um fenômeno chamado Bônus Demográfico, em que a maior parte da população da pirâmide etária está em fase produtiva. Entre 1960 e 1990, isso foi um grande propulsor no crescimento, por exemplo, dos Tigres Asiáticos.
Entretanto, no caso do Brasil, enfrentamos o efeito "nem nem" (nem estuda nem trabalha), em que 22% da população entre 15 e 29 anos é inativa, segundo dados do IBGE.

 
Nosso bônus não está sendo tão bem aproveitado assim, já que em Mato Grosso, por exemplo, segundo o IBGE apenas 100 mil jovens administram o próprio negócio. A esperança que temos é na criatividade da nossa nação, somos empreendedores natos.

Nossa disposição ao debate é algo bom, mas para uma geração em que 19,3% se orgulha de ser ateu, exercemos o mesmo papel de censura daqueles que acusaram mulheres de bruxaria, ou dos que jogam aviões contra uma torre. Ambos os exemplos, em seus respectivos contextos, não aceitavam ou aceitam muito bem opiniões diferentes.
Se as coisas continuarem como estão, o Y da nomenclatura logo se tornará a corda que vai nos enforcar.

Geração Y, a geração da bifurcação, a geração da escolha. A Geração que Escolheu Errado.
Jennifer Martins

Jennifer Martins

É escritora e graduada em Relações Internacionais na PUC-GO
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