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Artigos / ​Rosana Leite Antunes de Barros

04/09/2023 | 08:23

​A heroína Maria Felipa

O dia 07 de setembro é marcado como o Dia da Independência do Brasil. A história rememora nomes que fizeram parte desse momento do país, sempre do gênero masculino. Entretanto, naquele cenário esteve presente Maria Felipa de Oliveira.

           

Primeiramente escrava, e após alçar a liberdade, Maria Felipa valorizou sobremaneira o seu maior tesouro: ser livre. Nascida e residente da Ilha de Itaparica/BA, negra, marisqueira, pescadora, trabalhava em serviços braçais, e costumava praticar a capoeira para se defender.

 

Era líder nata, e exercia o mister para um grupo de aproximadamente 200 pessoas, dentre mulheres negras, índios tupinambás e tapuias. A fim de evitar a chegada de exército inimigo, vigiava a praia durante todo o dia e noite, fazendo a organização dos alimentos que eram encaminhados para o recôncavo baiano.

 

A Bahia, no ano de 1822, se encontrava em intensa luta para consolidar efetivamente a independência. Assim, os confrontos eram visíveis.  Em suma: muitas pessoas dependiam dela, para também serem livres. Segundo dizem, organizava, ainda, trincheiras na ilha, liderando incêndios de navios portugueses.   

Narram historiadoras e historiadores que a nossa heroína era exímia conhecedora sobre as águas e as florestas, o que lhe proporcionava ações mais efetivas para a defesa daquelas e daqueles que dela dependiam, e contra as tropas portuguesas. Inclusive, em determinadas ocasiões, fez uso de planta que causava coceiras intermináveis como defesa, o cansanção.  

 

Com o passar dos tempos foi se consagrando como defensora das pessoas menos afortunadas, principalmente as mulheres marisqueiras e pescadoras.

           

Apesar do grande significado exercido por Maria Felipa, os livros de história, máxime os dedicados ao ensino escolar, não trazem o seu nome, e raramente de outras mulheres. É contado que era mulher de estratégias e ações. Frequentemente navegava em direção à Ilha de Itaparica armada com facas, acompanhada de outras mulheres a darem suporte, conhecidas como vedetas.

           

A independência pressupõe o estado daquele ou daquela que ganha a liberdade, com a finalidade de desassociar da dominação. O movimento da independência do Brasil rememora a figura do homem branco como marca.

 

Outras mulheres estiveram buscando a retirada do país das mãos de portugueses, juntamente com Maria Felipa: Maria Leopoldina, Maria Quitéria e Joanna Angélica. Trazendo para os dias atuais, é visível no mundo da política a dificuldade de entrada e permanência delas. Mesmo assim, muitos nomes se destacam.   

           

Em razão de tamanho desprezo ao trabalho, e aos feitos realizados por mulheres, pouco se sabe sobre Maria Felipa. Mas, a resistência e a independência do Brasil devem a ela. Na Bahia é bastante comum divulgar fotos da heroína Maria Felipa nesta época do ano. Há um monumento erguido em sua homenagem, localizado na Praça Cairu, em Salvador.

           

As muitas Marias Felipas mostram que o patriarcalismo tentou reduzir as mulheres ao lar... Todavia, elas são do ser, do estar, do ler, do fazer...             

 

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.
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