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Artigos / Cleberson Queiroz

30/10/2017 | 09:02

Terminei o tratamento do câncer de mama, e agora?

Encerramos o Outubro Rosa dando uma boa notícia: a maioria das mulheres com diagnóstico de câncer de mama é curada com os tratamentos atualmente disponíveis. Em caso de diagnóstico em estágio inicial, a taxa de cura chega a 95%. Isso significa que, cada vez mais, teremos uma população de mulheres que sobreviveram ao câncer. Muito se fala sobre o rastreamento, o diagnóstico e o tratamento dessa doença. Mas, e depois?

Reunimos aqui algumas informações sobre alguns aspectos importantes do "pós-tratamento" do câncer de mama:

Estou curada? Bom, as chances, como dissemos acima, são elevadas. Mas não existe atualmente nenhum exame capaz de definir isso logo após o tratamento. É preciso que o seguimento clínico seja mantido por pelo menos 5 anos. Somente o tempo é que confirmará a cura definitiva.

Vou passar o resto da vida fazendo muitos exames? Não é bem assim. A rotina de seguimento pós-tratamento tem alguns exames periódicos sim, mas são necessários bem menos exames do que a maioria das pessoas imagina. A recomendação básica é de consultas com intervalos de 3 a 6 meses durante esse período, e alguns exames semestral ou anualmente. Exames adicionais podem ser solicitados pelo médico para avaliar sintomas específicos.

Posso ter outro tipo de câncer? De um modo geral, a chance de uma pessoa ter um segundo câncer (de um tipo diferente) é quase o mesmo de uma pessoa que nunca teve nenhum câncer. Assim, os cuidados são os mesmos da população em geral.

Posso ter filhos após o tratamento? Essa é uma pergunta importantíssima. Cada vez mais, mulheres adiam a maternidade por questões profissionais. Com isso, muitas das sobreviventes de câncer de mama ainda desejam ter filhos. Um primeiro ponto a ser esclarecido é: o tratamento do câncer REDUZ a chance de engravidar. Isso é um fato! Especialmente para mulheres após os 40 anos. Assim, recomendamos que os médicos conversem com as pacientes sobre as opções de preservação de fertilidade ANTES do início do tratamento. Coleta de óvulos, congelamento de embriões, etc,  podem ser feitos em muitos casos (mas não em todos). Mas existem casos onde a capacidade de ter filhos não é perdida. Ou seja, a mulher pode engravidar mesmo depois do tratamento. Mas é seguro ter filhos após um câncer de mama? Não aumenta a chance da doença voltar? Vários estudos mostram que é sim seguro engravidar após 2 anos do tratamento do câncer.

Não há aumento nenhum do risco do câncer voltar por isso. Alguns estudos inclusive sugerem que talvez o risco seja menor nas mulheres que engravidam após o tratamento do câncer. Tudo isso pode e deve ser discutido com seu oncologista e seu ginecologista.

Minha vida nunca mais será a mesma? Bom, isso depende. De um modo geral, a vida após o tratamento do câncer de mama não tem proibições específicas. Ou seja, pode-se levar uma vida "normal". Porém, existem alguns hábitos que, comprovadamente, reduzem o risco de o câncer voltar. Por exemplo, a atividade física e a manutenção do peso ideal já foram muito estudadas e estão, repito, comprovadamente associadas a menores taxas de recidiva da doença. Por outro lado, o consumo de carne vermelha em excesso e alimentos industrializados aumenta a chance de outros cânceres, como o de intestino. O fumo, como todos sabem, mas não custa reforçar, aumenta em 20 vezes o risco de câncer de pulmão, boca e esôfago. Assim, se sua vida é de sedentarismo, má alimentação e uso de tabaco, recomendamos sim que sua vida nunca mais seja a mesma.

Algumas mulheres sentem-se inseguras após o fim do tratamento, com medo do retorno da doença. Ficam fisicamente bem, mas psicologicamente presas à doença. Outras, pelo contrário, saem dessa batalha, mais fortes, mais decididas, colocando em prática projetos há muito adiados, valorizando mais a vida, a família e a chance que lhes foi dada. Na fase pós-tratamento, informação e cuidado por parte da equipe de saúde, e carinho e apoio por parte da família são essenciais. Essas mulheres são todas guerreiras, protagonistas e heroínas na batalha contra o câncer de mama, na qual, a cada dia, conquistamos mais e mais vitórias.
Cleberson Queiroz

Cleberson Queiroz

Cleberson Queiroz é PhD em Oncologia pela Universidade de Liverpool (Inglaterra) e oncologista da Oncocenter
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