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Artigos / ​Rosana Leite Antunes de Barros

11/10/2023 | 10:52

​Nísia Floresta

Recebeu de nascimento o nome Dionísia Gonçalves Pinto, em 12 de outubro de 1810. Foi educadora, poeta, escritora e feminista. Reconhecida por se destacar nas letras, no jornalismo e nos movimentos sociais.

As mulheres eram entregues ao casamento, naquela era, a partir dos 12 anos. Nísia se casou forçadamente aos 13 anos, mas, meses após, se separou do primeiro marido, voltando para a casa do pai e da mãe.

Como exímia educadora, Nísia defendia os ideais republicanos e abolicionistas, trazendo uma novel forma de enxergar as mulheres.

Em sua trajetória, a poeta dedicou parte da sua luta para a defesa dos escravos, indígenas e mulheres. É dela: “Todos os brasileiros, qualquer que tenha sido o lugar de seu nascimento, têm iguais direitos à fruição dos bens distribuídos pelo seu governo, assim como à consideração e ao interesse de seus concidadãos.”

Por ser mulher, se dedicou com afinco aos direitos que não eram vistos para as mulheres. Conseguiu tratar do tema tão em voga na atualidade: as muitas jornadas das mulheres. Discorreu sobre casamento, maternidade e opressões, diante das inúmeras submissões que ela conseguia vislumbrar.

 Em época que a imprensa nacional experimentava os seus primeiros ensaios, ela se consagrou como uma das primeiras figuras femininas a publicar artigos em jornais.

As suas falas expurgavam o lugar de submissão às mulheres. Insistia que não havia um local, principalmente o lar, apenas dedicado para elas.

E foi com a verve de educadora, que ela aos 28 anos inaugurou uma escola para meninas, no ano de 1838. É certo que as mulheres até podiam serem direcionadas a aprender.

Todavia, o aprendizado se resumia a: costurar, cuidados com o lar, boas maneiras, e as virtudes que moralmente precisavam ter para o desempenho da função de mãe e esposa.

A escola fundada por Nísia, contrariando os costumes, ensinava sobre gramática, escrita e leitura, francês, italiano, ciências naturais, ciências sociais, matemática, música e dança.

 A emancipação feminina, através da educação, era o seu principal tema. Inclusive, quando as mulheres começaram a se interessar pela leitura, haviam textos dedicados a elas, e que os homens faziam questão de fazer a divulgação, por entenderem como algo de somenos importância.

Nísia nunca se conformou em aceitar direitos em forma de “migalhas”, afirmando que a liberdade só seria possível de ser alcançada com a educação no mesmo sentido.

Com tantas ações que desconfiguravam o papel atribuído para as mulheres, a escritora foi atacada com falas machistas e preconceituosas. Algo de estranho ou antigo, que só aconteceria em décadas passadas? Absolutamente não.


O velho e o novo, quanto aos preconceitos, se mesclam e são vistos em dias atuais. A seguinte frase foi atribuída a ela: “Se cada homem, em particular, fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para o seu uso, que não somos próprias senão para procriar e nutrir nossos filhos na infância, reger uma casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles, os homens”.

 Dentre muitos textos, artigos e livros escritos por Nísia Floresta, é de se destacar a primeira obra intitulada “Direitos das mulheres e a injustiça dos homens”, publicado em 1832, onde o tema já diz tudo.

A fala dessa importante mulher, há tanto tempo atrás, entretanto de gritante atualidade, é a resistência a ser encontrada em cada irmã...

 

 Sejamos Nísias!

 

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
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Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual
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