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09/10/2017 | 21:55

​Discussão boba: perfil político vs. perfil técnico

Temos assistido a um absurdo embate, onde questiona se o secretariado de um governo deve ser técnico ou político? Uns chegaram a dizer que técnicos de “meia-tigela” não respeitaram o povo. Outros, disseram que governo “tal” deixou a “vaca ir para o brejo” com um staff técnico para, somente então, chamar a classe política.

Chegou a “cavalaria”!

Todas essas falas poderiam ser rebatidas dizendo que o País, e quiçá Mato Grosso, está nesse atoleiro por culpa exclusiva dos políticos. Basta ver no que redundou a política da “nova matriz econômica” brasileira. Também poderia ser dito que o maior escândalo de corrupção do mundo deu-se por obra dos políticos, que exigiam propinas de fornecedores para encher seus próprios bolsos e financiar suas milionárias campanhas eleitorais. A lava-jato está aí para provar.

Todavia, seria apequenar o debate e cair na vala comum das manifestações paroquiais se estes argumentos fossem aqui repisados. Por óbvio, a discussão está equivocada. Ela deve concentrar-se na capacidade de gestão do indicado.

No Brasil, em razão da absurda pluralidade de partidos, o chefe do Poder Executivo tem que administrar um sistema de “coalizão”, abrigando na máquina pública os variados espécimes da fauna política. Um dos políticos destas bandas gosta de dizer que “quem ajuda a ganhar, ajuda a governar”. O problema é que quem ajuda a ganhar, chafurdando na campanha, nem sempre é preparado para ser gestor. Talvez a pessoa
tenha participado justamente pela esperança de ser recompensada com uma “boquinha” no serviço público.
Vai saber! 

O que legitima alguém a ser indicado a algum cargo não é o fato maniqueísta de possuir perfil “político” ou “técnico”, mas fundamentalmente ser competente. Se a pessoa tem competência, por certo saberá amoldar-se ao cargo. Vai agir tecnicamente quando for preciso, mas vai flexibilizar politicamente quando for necessário, sem descurar, contudo, da legalidade e do cuidado com a “res pública”.

Em verdade, como qualquer empresa, para cada cargo exige-se um perfil. Uns vão precisar de maior interatividade política, como é o caso da Casa Civil. Outros, vão demandar pessoas com conhecimentos altamente especializados, por exemplo, a Controladoria Geral do Município. A pergunta que se faz é: os governantes eleitos têm nomeado para cargos públicos pessoas competentes? Segundo um dileto amigo, não!

Para esse cético amigo, os gestores, pressionados pelos partidos políticos ou em razão de sua própria torpeza, têm trazido para a administração pública, ressalvando exceções, pessoas despreparadas, sem conhecimento da máquina e, pior, incompetentes, que indevidamente recebem um poder que jamais deveriam ter.

Resultado? Serviços públicos de péssima qualidade, onde nada funciona bem. A culpa é de quem? Dos técnicos ou dos políticos?

A culpa é do incompetente, do despreparado, do inconsequente, do vaidoso, do pavão, que insiste em querer administrar o que não sabe. Que utiliza as relações políticas-partidárias para galgar postos para os quais não está preparado. Todavia, o culpado maior é quem o nomeou. É o mais despreparado de todos, mas esse o povo elegeu. Fazer o que?

No próximo artigo falaremos da farra dos cargos em comissão, pois, ao estancar essa “festa”, talvez acabe essa estúpida discussão sobre “perfil técnico” vs. “perfil político”. 
Até lá!
 
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