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Entrevistas

07/09/2020 | 15:32

José Medeiros foi até o Pantanal registrar a devastação que as queimadas estão fazendo

Caio Dias

Apaixonado pela natureza bruta e pelas pessoas que vivem nela, mais uma vez, o fotógrafo José Medeiros foi até o pantanal mato-grossense, para mostrar um pouco da devastação que aconteceu na região. Além disso ele contou a sua história como repórter fotográfico, no dia do repórter fotográfico.

Para um repórter fotográfico, como está esse mundo?
“Esse ano está bem diferente de outros anos, muita coisa acontecendo onde estamos passando por uma pandemia, e o nosso estado de Mato Grosso está em chamas, para todo lado está pegando fogo, por isso a importância de documentar e contar essas histórias, a importância do fotógrafo neste momento e também um repórter cinematográfico”. Declarou José.

O fotógrafo precisa ser um contador de histórias e não um simples batedor de chapa?
“Qual é o objetivo da fotografia? Eu cheguei do pantanal tem dois dias, fui para uma ação e chego lá e me deparo com a queimada, lá está cheio de amigos de outros veículos de comunicação de fora, Reuters, Associated Press, Folha de São Paulo, National Geografic e as pessoas envolvidas com o fogo. E o que você consegue tirar dentro de uma situação onde todos estão cobrindo, dando a notícia? E aí você tem que respirar e contar uma história diferente”. Declarou José.

Está incontrolável então, só a chuva para resolver o problema do incêndio no Pantanal?
“Sim, para ajudar é só a chuva porque o Pantanal todo se pegar uma imagem de satélite, vai ver que a região toda está com “50 tons de cinza”, porque o homem está sacaneando o pantanal”. Declarou José.

Com a ação de distribuição de cestas básicas para o povo pantaneiro, eles estão precisando de ajuda mesmo?

“Essa ação foi realizada pela Panthera-Brasil, na época da pandemia, fiquei 60 dias isolado em casa, cheguei da Amazônia e fiquei isolado em casa com a família, e fiquei pensando o que vou retratar na pandemia, e ai pensei como o pantanal é a maior planície alagada do mundo, vou ao Pantanal contar essa história. O que o pantaneiro que não sai do Pantanal, tem a dizer e como eles estão lá. Então me preparei em isolamento, com o médico acompanhando para que eu não leve a Covid para o local. Na verdade o que fiz foi um dialogo, entre o homem pantaneiro e a floresta, o que eles tem a dizer nesse momento e junto com a Pantgera onde eles já estavam com a ação, porque o turismo caiu 95%, o de contemplação de onça e o de pesca e então como esta parado, essas pessoas foram abandonadas, porque cada um fazia um bico, como piloteiro, caçador de isca mas não tem isca para vender, barco para pilotar. E a Panthera começou essa ação, e junto com um amigo que foi para o Pantanal fazer esse filme, me veio a ideia de documentar isso, e agora estamos na segunda ação e já fizemos isso por dois meses na segunda ação, chegamos até a Serra do Molar são mais de 100 famílias passando dificuldades e ainda mais com essa queimada, porque com a pandemia já é algo  ruim e veio a queimada, rocinhas queimando e é uma situação bem triste”. Declarou Medeiros.

Como funcionam essas doações?
“Tenho um amigo que tem um refúgio de vida selvagem, uma fazenda com área de mata e infelizmente queimou tudo em volta, a cabeça do fogo passou e os bichos estão em volta da casa, porque eles não tem mais o que comer, queimou tudo e parece que caiu uma bomba ali. E temos outros trabalhos, onde tem muita gente se ajudando, entidades arrecadando alimentos, indo a mercados que vão jogar alimentos que já estão “velhos”, ajuda bastante os animais que estão passando fome. Felizmente isso ajuda para os animais comerem, a região é toda transpantaneira, e tudo está queimado, a organização da Ecotropica, acabam levando e pegam, para quem quiser ajudar, além disso tem ações de veterinários voluntários, que precisam de remédios, água e todo que é tipo de esforço para ajudar a fauna pantaneira”. Declarou José.

E os projetos futuros?
“Temos o primeiro livro que é o “Pantanal de José Medeiros”, com 11 anos fotografando o Pantanal, e esse livro foi de um grande empenho para publicar. Tenho outro que chama “Andanças” e foi um livro reportagem, fotojornalismo com o Rodrigo Vargas, tenho outro projeto pelo sertão também, enfim ando bastante pela região. A “Entrelinhas” é a minha parceira, minha editora e agora estamos produzindo o livro do Xingu, dos povos indígenas, o qual estamos há bastante tempo trabalhando lá. Agora tenho o “Já fui Floresta” onde vai virar livro agora, ele é um trabalho que faço com os povos que vivem no médio Xingu, e tenho mais de 20 anos de trabalho com eles, esse livro é uma reflexão para o que ficou para os indígenas, porque tiramos muita coisa deles e não deixamos nada. A edição desse livro começará a ser trabalhada esse ano, com uma parada por conta da pandemia, mas vou conversar com os índios primeiros, porque quero saber o que eles querem no livro”. Declarou José.

E qual a dica para quem quer começar a seguir nessa profissão?
“Dedicação, ter o compromisso com a fotografia, fotografar pelo amor, precisamos ganhar dinheiro com isso, mas não deixar de fazer o autoral que isso é importante. Eu falo assim que eu não penso no amanhã, penso o que vou deixar para o amanhã, isso que é o papel de um fotografo documentarista, fotojornalista”. Finalizou José Medeiros.
 
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