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Entrevistas

09/10/2020 | 12:16

A reconstrução mamária pode reconstruir a auto estima da mulher com câncer de mama

Caio Dias

A reconstrução mamária é a expectativa de todas as mulheres que fazem mastectomia (cirurgia para retirada parcial ou total da mama afetada por câncer), para resgatar a autoconfiança. Antes de tudo, porém, é preciso estabelecer em que momento essa reconstrução deve ser feita. Por isso vamos conversar com o cirurgião plástico, Marcel Noronha, especialista em reconstrução mamária.

Ter o diagnóstico do câncer de mama é pensar já em uma reconstrução mamária?
“Antigamente, com a tecnologia que tinha, o câncer de mama era agressivo com alta taxa de óbito, mas ao longo das últimas décadas, o tratamento melhorou bastante, a tecnologia, medicamentos, tratamentos adjuntos entre a radioterapia e a quimioterapia e as próprias técnicas de cirurgia, que fazem com que o câncer de mama hoje, tenha um tratamento quando diagnosticado nas fases iniciais de 95% para cima, então a medicina conseguiu mudar esse paradigma e conseguimos tratar muito melhor os pacientes do que há alguns anos. Não é uma condenação, é perfeitamente tratado, mas desde que consiga fazer o diagnóstico mais breve possível”. Comentou o cirurgião.

Para quem é indicada a reconstrução mamária?
“Em toda cirurgia de retirada do tumor, é possível fazer a reconstrução mamaria, as contraindicações são poucas, basicamente quando o paciente não deseja a reconstrução ou ela não tem nenhuma condição clínica para reconstrução. Um paciente que tem um problema de saúde grave, associado ao câncer de mama, assim não podemos prolongar a cirurgia por isso optamos por não fazer, mas tirando essas duas situações que são poucas e a maior parte das pacientes, tem a indicação de fazer a reconstrução mamária e vão se beneficiar do atendimento”. Declarou o médico.

Quantas reconstruções mamárias o senhor faz ao ano?

“Uma média que fazemos é 5 a 10 por mês no meu particular, mas são muitos os casos, porque fazemos menos reconstrução do que queríamos, as vezes o paciente não tem acesso ao tratamento, mas poderíamos fazer muito mais do que se faz hoje. O tratamento é oferecido pelo SUS desde 2013, então o paciente tem direito de fazer a reconstrução mamaria, seja ela pelo SUS, quanto por convênio de saúde”. Declarou o médico.

Um dos mitos que corre entre as pessoas sobre o câncer de mama, é se colocar o silicone ela vai ter câncer de mama?

“Não, a prótese de mama que a mulher coloca na cirurgia plástica para aumentar o volume das mamas, não tem ligação e nem risco com o desenvolvimento futuro com o câncer de mama”. Declarou o médico.

Quanto custa uma cirurgia de reconstrução mamária?

“Depende de hospital para hospital, mas gira na casa dos 15 a 20 mil reais, mas é hospital por hospital. Esse valor é coberto pelo SUS, desde que o hospital público tenha o serviço de cirurgia reparadora credenciado para ser realizado, e os convênios médicos cobrem a reconstrução mamária, inclusive fazemos a mastectomia no lado direito da mama e a paciente tem o direito de fazer a simetrização na mama sadia, para as duas ficarem equilibradas e mais semelhante possível”. Declarou o médico.

No autoexame, quando a mulher usa a prótese, atrapalha na descoberta de nódulos?
“Atrapalha um pouco, porque a prótese fica embaixo da glândula, a mulher consegue com o toque fazer o autoexame. Mas uma coisa importante é que o silicone não atrapalha nos exames de rastreamento que é a mamografia e ultrassom das mamas”. Declarou o cirurgião.

Sutiã apertado pode causar o câncer de mama?

“Não, isso é um mito. Ele pode causar dor na mama pela compressão, mas ele não causa câncer é uma pergunta feita com frequência, mas não tem nada a ver e muito menos aquele ferrinho do sutiã, isso não tem relação nenhuma apenas a dor na mama por ser apertada”. Declarou o médico. 

E o desodorante, causa câncer de mama?

“Não, esse é outro mito, é uma dúvida frequente, mas a resposta é não e não tem relação nenhuma com isso. Para desenvolver o câncer é uma série de fatores biológicos, como idade, fator genético entre outros, mas o desodorante não”. Declarou o médico.

Qual o melhor exame, mamografia ou ultrassom?
“Se for paciente mais jovem o indicado é o ultrassom de mama, mas a melhor coisa é procurar um especialista e aí ele vai indicar o melhor exame, para ela não fazer exame desnecessário. Mas na verdade não existe qual o melhor, eles são complementares a mamografia é o primeiro exame a se fazer no rastreamento do câncer de mama, um exame superimportante que toda mulher deve fazer acima dos 40 anos, já a ressonância tem uma visualização melhor da mama como um todo e ela é usada quando já temos um diagnóstico do câncer de mama, para investigar e avaliar a mama e planejar a cirurgia também. Mas o mais indicado é começar pela mamografia para avaliar as mamas e as suspeitas de um possível câncer de mama”. Declarou o médico. 

E quais os outros mitos que aparece em volta do câncer de mama?

“A pergunta mais difundida é com relação a prótese de silicone, que isso não causa. Outras coisas que perguntam é se a prótese de mama pode levar a outras doenças, que também não acontece, antigamente se falava de doenças reumatologicas como a lúpus, mas através dos últimos estudos no mundo, a resposta é não também então pode fazer a cirurgia plástica com tranquilidade, porque hoje com as próteses o procedimento é bem seguro. E tem prazo de validade das próteses vária entre 10 a 20 anos, mas não existe na comunidade cientifica um consenso da data precisa da validade, mas sabemos que com a pratica e as vivencias dos congressos, tem um tempo mínimo que é uns 10 anos mais ou menos e recomendamos entre 15 e 20 anos a troca das próteses, pois ela pode romper o envelope e se rompe o silicone extravasa pelo peito, e aí causa um processo inflamatória e fica mais difícil o processo de troca da prótese”. Finalizou o médico. 
 
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