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Entrevistas

09/06/2020 | 21:55

Os feirantes de Cuiabá usam as redes sociais para driblar a interrupção das feiras livres

Caio Dias

Os feirantes de Cuiabá tiveram seus trabalhos interrompidos de uma forma abrupta, por conta do Coronavirus. As feiras livres acabam tendo muita aglomeração e hoje estão há quase três meses parados, mas descobriram na internet, nas redes sociais uma forma de se reinventar, e o presidente do sindicato dos feirantes de Cuiabá, Mário Correa Carreiro dos Santos, falou um pouco sobre essa novidade.

Hoje Cuiabá tem cadastrada 48 feiras livres, que foram paralisadas de uma hora para outra, mas viram que a feira do Porto está aberta e ficaram confusos com relação a diferença do trabalho deles comparada a feira do Porto:

“Hoje temos 48 feiras livres em Cuiabá e entorno e estamos há 3 meses praticamente parados e está difícil e não é fácil cortar de repente o seu trabalho de uma hora para outra então, a nossa categoria, o nosso segmento está sentindo muito. Nós fomos até a secretaria municipal, conversar com a secretária Sra. Débora titular da pasta, onde questionamos porque a feira do Porto está aberto e as feiras livres não. As feiras funcionam ao ar livre, e de acordo com as medidas eu acho que seria muito até mais seguro de que uma feira fechada no caso do mercado do porto. Mas lá eles entendem é uma feira de abastecimento e não pode não pode parar, então foi isso que abriu lá e não a nossas feiras.” Comentou Sr. Mário.

Durante o funcionamento dessas 48 feiras, quantas pessoas trabalham lá, porque sempre da para ver que a maioria das barracas, sempre tem mais de uma, duas pessoas trabalhando. Elas se viram sem trabalho? Como esses trabalhadores ficaram? Aconteceu demissões?

“Estamos falando aí na média de 1100 a1200 feirantes diretos, e tem os colaboradores, as pessoas que trabalham como segurança, as esposas e filhos dos feirantes, é uma categoria muito grande que está sofrendo. Sem trabalho então tivemos que reinventar, começar do zero praticamente. Muitos não tinham mais essa cultura e já tinham seu negócio em grande escala. Até para você começar do zero de novo é difícil e a rotina de trabalho não é igual antes, então isso virou uma bola, não tem nem como entender o que o feirante direto tá sentindo imagina as pessoas que trabalham para gente” comentou o Presidente do Sindicato dos Feirantes.

“Automaticamente vai ocorrendo dentro da feira, porque tem aquelas pessoas que são considerados diaristas, os bicos, mas também tem pessoas com carteira assinada e eles entraram no programa do governo, e estão recebendo o auxílio de um salário mínimo. No meu caso eu tenho seis pessoas de carteira assinada e essas pessoas estão paradas, mas as pessoas que trabalhavam fazendo bicos, infelizmente não têm como ajudar” completou Sr. Mario.

E como foi criado essa ideia de usar as redes sociais, para continuarem as vendas que antes eram feitas de forma presenciais? Elas pretendem avançar para as pessoas? Os feirantes estão se adaptando a essa nova realidade?

“O Prefeito em uma sexta-feira anunciou a paralisação e foi de repente e  pegou todo mundo de surpresa, do dia para a noite. Achamos que ia ficar uma semana, 15 dias, mas depois foi só adiando, adiando, adiando e o pouco recurso que tinham foi acabando. Eu falo, que ele vai usar a reserva para comprar o alimento e já acabou, então tivemos que reinventar, no meu caso eu trabalho com pastelaria nas feiras e tive que ligar para  os meus grupos de WhatsApp, no bairro onde eu moro, tentar vender para ajudar na renda e aí foi onde pensei na ideia fazer uma feirinha online através de um grupo no Facebook, fiz uma pesquisa e criamos um grupo no WhatsApp chamado de feirinha online. Nesse grupo no Facebook, colocamos os feirantes para que todos tivessem oportunidade de vendas neste grupo” completou Sr. Mario. 

“Hoje esse grupo está totalmente no Facebook então lá você encontra de tudo que tem dentro de uma feira e até mais coisas, porque estão ingressando vendedores ambulantes de outras categorias e de outros segmentos. Então estamos para abraçar e unir forças, lá tem lanches, carnes, verduras, tudo que você precisar tem na feirinha online e você já negocia direto com o cliente e o dono da banca, e vimos que esse projeto está dando certo e então buscamos a opção de um aplicativo. O cliente verá o preço e vai ligar direto para o feirante, através desse grupo o negócio está dando certo,  e graças a Deus estamos vendendo e conseguindo suprir as necessidades em casa. Procuramos a Assembleia Legislativa  e falamos com o deputado estadual João Batista, onde através do apoio dele conseguimos um aplicativo que vai ser exclusivo para feirantes e vendedores ambulantes  e acreditamos que em torno de 10 dias já estará pronto e será lançado nas lojas dos aplicativos” completou o Presidente do Sindicato dos Feirantes,

Essa crise, tirou praticamente todo mundo da zona de conforto, mas com certeza deve ter tirado os feirantes, já que estavam acostumados a irem todos os dias acordados para as feiras nos bairros

“É a renda cai pela metade, então você tem que reinventar, tem que dar uma balançada na cabeça, fica perdido e acaba desabafando  e conversando sobre o assunto e a gente vê que não somos só nós, é o mundo inteiro que está nesta situação. Então essa doença veio parai ficar, acredito igual as outras que ficaram, onde parece que a cada dia a doença está se renovando, mas temos que aprender a lidar com isso, e então por isso que a nossa classe quer voltar ao trabalho, com as medidas de precaução tanto é que fizemos um projeto das feiras, onde apresentamos a secretária e ela entregou para o prefeito, a gente pode trabalhar de acordo com as normas de saúde com, duas linhas, uma entrada e uma saída, onde o cliente automaticamente já lava as mãos com álcool em gel, todo mundo com máscara, isolamento com aquelas fita uma distância de barraca de um metro e meio de cada uma, tem como trabalhar. A classe não aguenta mais, são pessoas simples, pessoas humildes, lá tem desde o mais pequeno até mais grandão. Lá tem pessoas com depressão, diariamente eles ligam para mim, para  com cestas básicas e corremos atrás para ajudar. Então pedimos ao prefeito que tenha sensibilidade com a classe, pois vemos supermercados lotados, e perguntamos o que que tem de diferente e se eles estão tomando as medidas de precaução, podemos também tomar bastante cuidado, basta querer. Então se o grande pode abrir, porque o pequeno não pode esperar mais” finalizou Sr. Mario.
 
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