Caio Dias

A secretaria estadual de assistência social e cidadania, lançou uma campanha chamada Coração Azul, que visa fortalecer a rede de combate ao tráfico de pessoas em Mato Grosso. E por isso quem vamos conversar com a Giovana do Nascimento, que é coordenadora do núcleo estadual de enfrentamento ao tráfico de pessoas. 

O que é essa campanha Coração Azul e como ela irá funcionar?

“Dia 30 de julho, é o dia mundial de enfrentamento ao tráfico de pessoas, instituído pela Organização das Nações Unidas, para marcar a data do plano global de combate ao tráfico de pessoas e também é o dia nacional de combate ao tráfico de pessoas, instituído pela lei 13344/2016. Então todo ano no mês de julho, trabalhamos na questão do combate ao tráfico de pessoas para dar visibilidade ao tema, pois existe algumas pessoas que não acreditam no tráfico humano, o que não é verdade pois ele existe, por isso estamos ai para trabalhar e prevenir essa modalidade de tráfico, e também o trabalho escravo que existe muito aqui no estado de Mato Grosso. Então essa campanha “Coração Azul”, trata-se de uma iniciativa de conscientização, para lutar contra o tráfico de pessoas e o seu impacto na sociedade, e o que o coração azul representa? Representa a tristeza das vitimas no tráfico de pessoas, e nos lembra da insensibilidade daqueles que compram e vendem seres humanos. O azul segundo a ONU, também representa o compromisso da organização contra a luta desse crime que atenta a dignidade humana”. Comentou a coordenadora.

E como as pessoas vão poder participar, vai ter divulgação? Panfletagem?

“Todos os anos, nós fazíamos movimentações, mas de forma presencial, só que agora com essa pandemia, infelizmente não temos condições de movimentações presenciais pelo fato de não poder ter aglomeração. Então fizemos um planejamento para trabalhar contra o tráfico de pessoas, e estamos iniciando nesse mês de julho e a campanha será estendida até dezembro de forma virtual. Ontem iniciamos um seminário online, onde fala sobre o tráfico de pessoas, planejado pelo comitê de enfrentamento ao tráfico de pessoas, e em parceria com a Univag. Nesse primeiro momento, estamos conscientizando as pessoas através das redes sociais, vamos entrar em contato com os municípios, onde faremos capacitações virtuais e assim que a pandemia estiver controlada, iremos fazer ações presenciais, iniciando com os caminhoneiros, adesivando os carros para dar visibilidade ao tema. E esse ano o trabalho está sendo de forma mais virtual por conta da pandemia”. Declarou Giovana do Nascimento.

Hoje quais são os números de Mato Grosso em relação ao tráfico de pessoas, onde Mato Grosso infelizmente acaba sendo uma rota desta ação.

“Mato Grosso, tem mais de 900 km de extensão de fronteira com a Bolívia, facilitando uma rota de tráfico humano e os nossos dados sobre tráfico, consta de 1998 a 2018, onde foram descobertos mais de seis mil casos de trabalho escravo em Mato Grosso, e essa é uma das finalidades de tráfico humano. Infelizmente hoje, o estado é uma rota para essa atividade, pois igual temos uma fronteira grande com a Bolívia, onde facilita muito o tráfico de pessoas. Por isso que existe essa campanha para conscientização das pessoas. E porque a pessoa é traficada? Para remoção de órgãos, para trabalho escravo, para adoção ilegal e também para exploração sexual”. Comentou a coordenadora.

Antigamente víamos muito o tráfico de mulheres, hoje ainda continua ou já não existe?

“Infelizmente o tráfico de mulheres ainda é grande, mas durante as fiscalizações, o tráfico para exploração sexual, é o que mais descobrimos onde 45% das vítimas são mulheres acima dos dezoito anos, e 29% são crianças e adolescentes, para a mesma finalidade de exploração sexual”. Declarou a coordenadora.