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Entrevistas

23/07/2020 | 10:07

Julho amarelo é o mês de prevenção as hepatites

Caio Dias

As hepatites virais são doenças causadas por vírus que podem gerar lesões graves ao fígado e merecem a atenção de todos. No Brasil, particularmente, as hepatites crônicas B e C ainda são responsáveis por mais de 40% dos casos de transplante de fígado. Por serem doenças silenciosas, evoluem por décadas sem diagnóstico, mas causam danos progressivos ao fígado. Por isso, muitos pacientes portadores desses vírus não sabem que estão com a doença.

E vamos conversar com o medico hepatologista Elton Hugo Teixeira, que vai nos explicar um pouco sobre essa campanha do julho amarelo, para o combate as hepatites. 

Como funciona a campanha julho amarelo? 

“O julho amarelo é uma campanha de combate e prevenção às hepatites virais, onde é uma campanha mais de conscientização, e nesse momento por causa da pandemia, está sendo através de vídeos instrutivos, informações a população para que possam se conscientizar do diagnostico precoce das hepatites virais, porque tem as que se apresentam de forma crônica como as hepatites b e c, e no combate dessas doenças, especialmente porque hoje em dia, já existem tratamentos mais eficazes para essas doenças. Então a pessoa ter uma hepatite B ou C e ter um quadro grave, uma doença crônica, levando a cirrose e chegando até produzir o câncer no fígado, já não é mais concebível porque já temos condições de tratar o paciente precocemente”. Comentou o médico. 

Hoje tem 638.814 casos confirmados de hepatite no Brasil, por isso te pergunto: A hepatite tem cura?

“Esse numero envolve todas as hepatites virais de uma forma geral, como: Hepatite A, B, C e D, nas quais essas são as mais prevalentes, mas é exatamente uma prevalência muito grande onde a hepatite A, tem uma evolução muito mais benigna, é um quadro mais agudo, é mais relacionado a condição socioeconômica, de lugares onde não tem saneamento básico, por conta da transmissão da mesma. Já as hepatites B e C, são mais importantes porque o impacto é muito maior, não só para a saúde do paciente, mas por conta do impacto socioeconômico. Hoje os pacientes que tem hepatites B e C, crônicas e não se tratam, provavelmente devem ter essa doença no auge da sua vida produtiva, com um impacto grande, retirando essa pessoa da vida e com um gasto para esse paciente muito elevado. Então o importante para essas doenças é o diagnóstico precoce, daqueles pacientes que podem estar no grupo de risco, porque hoje todo mundo acima dos 40 anos, tem como obrigação ser testado porque sabemos que é essa faixa etária do paciente que tem o vírus, os pacientes portadores de hepatite B, aqueles que são de áreas endêmicas, aqueles que tem um histórico de uso de drogas injetáveis, e também é uma doença sexualmente transmissível, então aqueles pacientes que tem hábitos sexuais mais promíscuos, pacientes que usam drogas injetáveis, são todos de grupo de risco, tem que ser testados pois ele não só pode ter a doença, como ainda transmitir”. Comentou o médico.

Como ocorre a transmissão das hepatites A, B e C?

“A hepatite A, é um vírus que é transmitido pela contaminação de água e alimentos por dejetos fecais, e está relacionado diretamente a situações básicas de saneamento, é muito comum serem microepidemias, as vezes em orfanatos, instituições e escolas que podem acontecer. Já a hepatite B e C, tem a principal forma de contaminação, através de agulhas e objetos cortantes infectados, como alicate de unha, gilete de barba onde há o compartilhamento, no caso da hepatite B, existe uma transmissão sexual que também não é desprezível. Para os pacientes com mais de 40 anos, que nasceram entre as décadas de 70 e 90, aonde não havia uma testagem de hemoderivados como hoje já existe, e também por causa do uso de seringas não estéreis desde aquela época, onde as pessoas iam ate as farmácias tomarem remédios e havia compartilhamento e não esterilização de agulhas, para esses pacientes também é um dado epidemiológico importante, para a contaminação da hepatite C. Hoje em dia felizmente, já não temos o poder de contaminação de sangue de componentes, então hoje todos nos bancos de sangue do pais inteiro são testados para hepatite C, mas existe os pacientes nessa faixa etária que podem ter o vírus e não sabem”. Declarou o médico Elton Hugo Teixeira. 

Existe uma correlação entre as hepatites virais e o novo coronavirus?

“Agora na pandemia, como todas as doenças é a falta de diagnóstico por conta da covid-19, onde as pessoas deixam de procurar um médico, deixam de comparecer nos consultórios, hospitais quando tem doença. Quanto aos casos de hepatites em si, não vejo um impacto importante e quando ele tem um quadro de hepatite aguda, onde ele obviamente está passando mal e irá procurar uma assistência médica e aí fica mais simples. O problema são as hepatites crônicas, onde os pacientes que já tem uma doença mais avançada podendo já ter um quadro de cirrose, e esse paciente durante uma epidemia de covid por exemplo, e se ele for acometido pelo novo coronavirus, ou por uso indiscriminado de medicamento, ele pode vir a descompensar uma doença que está silenciosa, que ele virá a descompactar por causa da pandemia. Então no caso da epidemia da covid-19, temos diagnosticado os pacientes que já tem uma doença hepática crônica, é que ao primeiro sinal eles não deixem de procurar assistência médica, porque queremos evitar que o quadro evolua, não só o quadro da covid evolua, como a descompensação hepática que pode comprometer a recuperação desse paciente de uma forma bem severa e também para que evite o uso indiscriminado de medicamentos, que estão sendo prescritos para essa patologia porque alguns deles, já podem causar problemas para quem já tem a doença hepática. A nossa orientação é que o paciente sempre procure um médico para se orientar melhor”. Declarou o médico. 

Quais são os sintomas que uma pessoa pode ter, para saber se ela está ou não com essa doença?

“A hepatite viral aguda se caracteriza como um quadro infeccioso, quadro de febre baixa, dor no corpo, pode ter um desconforto abdominal, pode ter um desconforto na região do fígado que é na parte superior direito do abdômen, cansaço, desanimo e aparecimento dos olhos amarelos, que é a chamada icterícia, e urina escura. Esse é o quadro clássico da hepatite viral aguda, pois a hepatite viral crônica nos casos da B e C, ela cursa assintomática, ai que está o problema, então depois que o paciente se contamina com o vírus, e ele não obrigatoriamente tem que ter um quadro agudo, pode ter a chance do vírus entrar e não fazer nada com ele, mas aos poucos vai destruindo o fígado dele. Então esse paciente com hepatite viral crônica, passa anos e anos assintomático, cerca de 15 a 20 anos, esse vírus pode atacar o fígado e vai causando uma inflamação crônica, esse tecido hepático que é inflamável morre, substituindo por um tecido sem função, comprometendo a função hepática de uma forma geral, podendo evoluir para um caso de cirrose, que é o que queremos evitar. Já o paciente com cirrose passa a ter sintomas, ele pode ter sintomas de barriga inchada, pernas inchadas, acúmulo de liquido na cavidade abdominal, sintomas de uma doença hepática avançada. Esse paciente também pode ter sintomas de câncer de fígado que é um quadro mais grave e já está relacionado ao paciente crônico, com hepatite viral, por isso é bom a testagem desses pacientes, porque se o paciente faz o teste para ver se ele tem, ou é feito o diagnostico fortuitamente diante de uns exames de rotina, onde o médico solicita exames de função hepática e detecta alterações nessas enzimas hepáticas, então ai começa o diagnóstico da hepatite crônica”. Comentou o médico. 

E quem deseja fazer o exame para diagnosticar se tem hepatite ou não, só procurar a rede publica ou privada, para fazer o teste. Hoje já existe testes rápidos nesses laboratórios privados e nas policlínicas dos municípios.
 
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