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Entrevistas

06/08/2020 | 23:33

Doenças reumáticas e a Covid-19 quais as conexões entre essas doenças

Caio Dias

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 15 milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença reumática no Brasil. Além disso, segundo dados divulgados pela Previdência Social, a enfermidade é a causa de 7,5% dos afastamentos e, aproximadamente, 6,2% das aposentadorias.  

Em decorrência da doença, pacientes reumáticos tendem a desenvolver quadros clínicos mais graves de COVID-19. Isso porque, conforme divulgado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), pessoas com doenças reumáticas e em uso de imunossupressores ou imunobiológicos podem ter risco aumentado de contrair infecções. E, consequentemente, de desenvolvê-las de forma mais grave.

Por isso vamos conversar com o médico reumatologista Luiz Guedes Barbosa, para falar sobre o assunto.

Podemos dizer que doenças reumáticas não é uma doença de “velho”, ela pode atacar em qualquer idade, correto?

“É verdade, as doenças reumáticas compõem mais de 120 doenças bem definidas, com suas clínicas, sintomas, exames laboratoriais e seus tratamentos. Elas podem acometer de 0 a 90 anos, ou seja um bebe pode ter um fator de doença reumática, e na terceira idade é mais comum acontecer, mas não quer dizer que reumatismo seja uma condição característica somente da terceira idade, qualquer idade pode aparecer, homens, mulheres, qualquer etnia e qualquer gênero pode estar susceptível a atrair uma doença reumática”. Comentou Luiz Barbosa.

O que é o reumatismo?

“O conceito popular de uma doença reumática, é o reumatismo. Geralmente, a população refere-se a uma doença reumática, como reumatismo por exemplo: Minha tia está sofrendo dores de onde o reumatismo ataca, que são as juntas, articulações e ossos. Vale lembrar que as doenças reumáticas podem ser de várias categorias, e os sintomas podem ser os mais variados possíveis, mas na maior parte das vezes, eles atacam na articulação, juntas, inchaços, dores e da coluna, pode ser um sinal de uma doença reumática ou popularmente falando de um reumatismo”. Comentou o médico. 

Algumas doenças podem aparecer de acordo com o estilo de vida da pessoa. A doença reumática também pode aparecer assim?

“Sim, ela segue bem essa regra, um exemplo bem característico de uma doença reumática, de um reumatismo que se relaciona com o ácido úrico. A pessoa tem a pré-disposição genética, mas uma série de hábitos que a pessoa possa ter como: Sedentarismo, dieta não regular muito desregrada, obesidade, tabagismo isso e outras coisas podem favorecer que essa genética se expresse, e a pessoa venha ter um quadro clinico recorrente dessa doença ou seja o ácido úrico aumentado”. Comentou o médico 

Doenças reumáticas, são doenças crônicas ou tem tratamento?

“Como falamos, existe 120 doenças, então vai depender do tipo que estamos falando. Boa parte delas, se caracterizam por ser uma doença crônica, ou seja, sempre comentamos não há tratamento, assim como pressão alta também não tem tratamento, mas há controle. A medicina evoluiu muito, as vezes são doenças mais crônicas e tem absoluto controle de dia”. Comentou o especialista.

Das 120 doenças, quais são as mais comuns?

“Eu diria algumas, como por exemplo: Na terceira idade a osteoporose para o enfraquecimento dos ossos, artrose que é um ataque a cartilagem e ela tende a se expressar mais quando a idade avança, mas tem outras doenças que são mais especificas na adolescência que é o Lúpus reumático, ou seja isso vai depender da doença e a idade a faixa etária mais preferencial da doença que está se focando”. Comentou o médico.

No seu consultório tem mais jovens ou idosos para se consultar?

“É uma cultura enraizada porque a terceira idade tem mais frequência de doenças reumáticas, mas hoje em dia com muita informação, com as redes sociais e muita informação instantânea, está se passando muita informação a respeito de outras doenças do mesmo grupo de doenças reumáticas que podem acometer por exemplo nos jovens. O exemplo máximo é o Lúpus, artrite reumática que acomete mulheres de média idade e assim vai, ou seja, na verdade, no consultório e na prática do dia-a-dia existe ainda esse mito, que doença reumática significa reumatismo e essa palavra, seria de uma característica da terceira idade. Mas estamos provocando essa informação e discussão de que o reumatismo não é só da terceira idade”. Comentou o médico.

Qual a ligação da doença reumática com o coronavirus e pode ser perigoso para quem tem o coronavirus?

“Sempre falamos que o coronavirus é uma infecção, então para toda infecção inclusive para o coronavirus, existe grupos mais vulneráveis em contrair a infecção e que ela pode agravar da maneira mais forte e mais severa. As doenças reumáticas como um todo não, mas particularmente as doenças reumáticas autoimunes, que fazem uso de remédios que baixam a imunidade que são os imunossupressores. Então é muito importante se caracterizar isso, se definir isso para proteção, é muito comum os jovens um pouco inconsequentes, as vezes, eles interagem muito mais a possibilidade deles se infectarem, então levam o vírus para casa e  pode ter uma pessoa da terceira idade nessa casa, ou até uma pessoa portadora de uma doença autoimune. Então, elas precisam ser protegidas como por exemplo: Se tiver os sintomas, usar máscara sempre e outra coisa que aprendemos, diante dos primeiros sintomas procurar um profissional médico. Mas resumindo, há uma relação entre doenças reumáticas, principalmente autoimune e a de fator de risco, ou seja, essas pessoas tem mais projeção de terem uma infecção mais forte e que merecem mais cuidados”. Comentou o especialista.

O reumatismo é totalmente genético ou é comportamental?

“Darei dois exemplos: Supomos que um jovem de 20 anos, pratique futebol, seja um jogador de futebol, e pela pratica profissional o jovem sofre muito trauma no joelho, traumas repetitivos. Então esses traumas repetitivos, podem lesar o menisco, a cartilagem e ele adquirir uma doença reumática que é artrose precoce. Esse é o exemplo de como hábito e atitudes repetitivas, podem levar a uma doença reumática, mas o que se observa cada vez mais é que exista uma genética, uma predisposição para algumas doenças como por exemplo as autoimunes. Supomos que na família tenha uma determinada pessoa a tia tenha artrite reumatoide, a vó tenha uma artrite característica e um jovem tenha Lúpus, essa pessoa pode ter uma projeção para desenvolver alguma doença reumática, autoimune. Mas eu sempre falo para os pacientes, que isso não é um terrorismo, as pessoas precisam fazer tudo que está ao alcance delas, para evitar essa situação, mas quando ela chegar a pessoa esteja o mais preparada possível”. Comentou o médico 

Em que momento a pessoa deve procurar ajuda?

“Eu acredito no ditado que diz: quanto mais cedo cortar o mal pela raiz, melhor para todos. E eu quero focar nesse momento da pandemia, tenho observado que quanto mais cedo se tratar, quando aparecer os primeiros sintomas é hora de cada um fazer a sua parte ou seja, o paciente tem que procurar o serviço de saúde. Veja como é a cadeia, o serviço de saúde tem que estar preparado para recebe-lo, os profissionais que atuam têm que estar com proteção, ou seja é uma cadeia interminável, que é a logística disso tudo tem que ser totalmente engrenada. Como todas as doenças, qualquer doença reumática tem que ser logo avaliada e caracterizado o tipo dessa doença, o que que o médico pode fazer de planejamento, de prevenção e de tratamento. Essa é a mensagem para todo mundo, não esperem, porque eu atendo muitos pacientes que não gostem de ir a médicos, ou seja se eu for no médico ele vai procurar e vai achar então se acharmos coisas no início, melhor para eliminarmos, resolve e possivelmente erradica. Agora se a pessoa aparecer com a maior complicação clinica e já complicando com a covid e o paciente fica sete dias em casa, com febre, dor de cabeça, tosse e pressão torácica a encrenca está estabelecida, aí a briga fica mais difícil para a pessoa. Então quanto mais cedo se tratar melhor”. Comentou o especialista.
E para encerrar a entrevista uma palavra final
“A cloroquina, não entrando na polêmica da covid-19, quero enfatizar que a cloroquina está na reumatologia por décadas, ou seja é um remédio extremamente seguro, para as doenças reumáticas como Lúpus, artrite reumática e hoje vimos uma corrida para a cloroquina, provocada por uma discussão que não vale a pena tecer juízo de valor sobre ela, mas sei que após essa demanda absurda, o preço está nas alturas e está difícil de achar no mercado e as pessoas que precisam da cloroquina como a lupica, a artrite reumática e as doenças autoimunes, quando acham, encontram muito caro e agradeçam aos deuses. Isso leva ao não tratamento das doenças reumáticas de um modo geral, porque ela é vital para essas duas condições principalmente, começa a estabilizar e ai começam a ir em médicos e laboratórios, pronto-atendimento por uma situação que poderia ser evitada. Porque a cloroquina para doença reumática é extremamente segura, é muito importante e por favor se oriente com seu médico, clinico ou reumatologista que tudo vai da certo”. Finalizou o especialista Luiz Guedes Barbosa.
 
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