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Imprimir Entrevista

28/07/2020 | 22:37

Pantanal de Mato Grosso sofre com fortes queimadas nas ultimas semanas

Caio Dias

Recentemente o Pantanal mato-grossense foi atingido por uma forte queimada que destruiu boa parte da vegetação, mas além disso duas cidades foram afetadas com esse incêndio: Poconé mais diretamente e Cuiabá, onde a fumaça chegou até encobrir a capital. E como essa é uma temporada de queimadas, justamente por estarmos em um período de seca, vamos conversar com o tenente coronel dos Bombeiros Dércio Santos.

Essas queimadas que vem acontecendo em Mato Grosso, é por causa da agricultura ou não?

“Na verdade, temos várias frentes de focos de calor, onde por meio da ajuda da tecnologia de geoprocessamento, podemos alertar para as equipes em campo, então é a forma que nós trabalhamos. Mas não temos como simplesmente culpar a prática agropastoril, pois os focos de calor e incêndio acontecem de várias formas, como Mato Grosso é um estado muito extenso, tendo características que nenhum outro  tem como: Pantanal, cerrado e floresta, e tudo isso colabora até com os ciclos no mesmo estado diferente. Vimos que o último grande incêndio no pantanal mato-grossense, foi há 14 anos para se ter a noção de como funciona os ciclos. Geralmente o ciclo do fogo no pantanal acontece no final do ano, devido à estiagem e a falta de chuvas, chegando a 50% menor que o ano passado, tivemos esse agravamento nos incêndios no pantanal. É fato inclusive que o ano passado tivemos em Mato Grosso do Sul, incêndios florestais em dezembro e até hoje eles estão sofrendo com os mesmos no bioma do pantanal, mas aqui em Mato Grosso, infelizmente se agravou no mês de junho”. Comentou o tenente coronel.

E como está a preparação do corpo de bombeiros para esse período de tempo seco, já que os dados do Inpe mostram mais de seis mil focos de queimada em Mato Grosso 

“A preparação do Corpo de Bombeiros, já é cíclica porque a instituição não trabalha apenas na fase de resposta que é agora no período de estiagem. O corpo de bombeiros trabalha de janeiro a dezembro, com quatro fases que é: Prevenção com medidas estruturais e não estruturais, o que seria não estrutural? Mudança na legislação, mudança na fiscalização e um exemplo disso, é com a mudança do código ambiental de Mato Grosso, o corpo de bombeiros hoje, tem a possibilidade de autuar as infrações administrativas ambientais. E a ultima fase é a responsabilização e peritagem, então o corpo de bombeiros está estruturados com 23 bases, sendo algumas permanentes que são as bases estruturais, quatro batalhões e 14 companheiros independentes e ainda quatro núcleos, só que nessa fase resposta em apoio ao SESP e governo do estado, algumas estruturas temporárias de respostas, que chamamos como bases descentralizadas e as brigadas mistas. Nessas bases descentralizadas temos apenas bombeiros e em primeira instancia, para proteger a unidade de conservação, as brigadas mistas são atos como termo de cooperação, o estado entra com os bombeiros e os municípios conseguem os servidores e então os treinamos para brigada mista. Hoje temos 14 bases descentralizadas,13 brigadas mistas, 2 equipes de intervenção e uma equipe de fiscalização e pericia”. Comentou o tenente coronel Dércio Santos.

O governo federal fez uma parceria com o governo estadual, para oferecer um equipamento tecnológico para melhorar o acesso aos focos de queimadas. Os bombeiros conseguem acesso fácil a essa tecnologia?

“Na verdade, nessa época de estiagem, o governo do estado constitui e implanta o centro temporário integrado multiagencias de coordenação operacional, onde eu inclusive fui designado pelo corpo de bombeiros para ser o coordenador geral desse centro. Neste centro, é reunido uma unicidade de agencias, como a Sema, Defesa Civil, Policia Militar, Icmbio, Dema, PJC e outras instituições não governamentais. Então são varias instituições que se reunem para deliberar e otimizar recursos, trabalhando com integração para finalidade única que é enfrentar os incêndios florestais. Então essa plataforma já está disponibilizada mesmo antes dessa temporada, nos utilizamos o sistema planet, porque ele é praticamente automático, pois deu o alerta em qualquer operação em um bioma e com esse alerta a equipe mais próxima, para fazer esse atendimento. Então sim, nós dispomos sim dessa plataforma chamada sentinela”. Declarou o tenente coronel.

Com essa tecnologia Sentinela, vocês já conseguem localizar a propriedade e o dono do terreno, para multar ou é feito parcerias no estado?

“Nosso sistema hoje está consolidado, porque ele é feito pela secretaria estadual do meio ambiente, por meio da sua superintendência de fiscalização e eles nos disponibilizam essas informações, por mais que tenhamos acessos a plataforma com login e senha, mas a senha que detém essa forma, eles tiram a o acesso para ela. Então se o foco de calor for em uma propriedade rural, a Sema consegue nos passar a tempo, e fazemos uma força tarefa em que vai a força policial, força de fiscalização para tomar as medidas e providencias que cada caso requer”. Declarou o tenente coronel 

Na área urbana principalmente na capital, como as pessoas podem fazer denuncias em caso de incêndio aqui
em Cuiabá?

“Além do telefone 193, em qualquer outro telefone da Sesp, porque os atendentes da Sesp já foram autorizados pelo secretário Bustamante, que qualquer demanda de incêndios florestais ou queimadas ilegais serão repassadas ao corpo de bombeiros. Se for na região metropolitana, atuamos com a força operacional ordinária do comando regional 1 do corpo de bombeiros, se for da zona rural ai é despachado para esse centro integrado de multiagencias, e ele que despacha as equipes mais próximas. A sociedade pode e deve participar do processo, porque até se ela não participar, dificilmente chegaremos aos resultados positivos, principalmente porque as pesquisas apontam que mais de 96% das ações são antrópicas ou seja, o homem faz o acometimento do fogo. Hoje temos um telefone, onde o cidadão que se deparar com qualquer incêndio florestal, incêndio na área urbana ou rural, pode ligar no 0800 647 7363”. Declarou o tenente coronel.

E qual é a maior dificuldade do corpo de bombeiros hoje, no combate aos incêndios?

“Hoje é a região da cidade de Poconé, tanto que hoje foi lançado o centro integrado, mas as agencias estão trabalhando, todas que são ligadas ao fogo trabalham o ano todo. As equipes foram mobilizadas para a região de Poconé, porque hoje lá é o centro das atenções, nas outras regiões estão controlados os focos de incêndios e a coordenação é descentralizada, temos sete salas de situação que chamamos de descentralizadas em sete municípios, contando com Cuiabá e elas que dão as respostas, mas Poconé hoje é a nossa maior preocupação, porque temos ali uma grande frente de fogo, a fumaça até domingo estava vindo para Cuiabá e também indo para a cidade de Poconé, e durante o final de semana mudou o tempo na capital. Na quarta feira tem outra mudança de tempo que nos preocupa, porque tem essas mudanças de vento, aumento de temperatura e umidade onde tudo isso trabalhamos. O pantanal teve um aumento de biomassa porque já tem incêndios há mais de 10 anos, e em outras pesquisas apontam que o pantanal sofre com incêndios há 14 anos acumulando inúmeras biomassas. As estradas não tem manutenções, várias áreas não tem proprietário para cuidar, o regime de chuva está bem abaixo dos anos anteriores e tem vários fatores que propiciam o acometimento do fogo. Então as instituições estão juntas, a prefeitura de Poconé nos convocou e os proprietários rurais, fizeram uma força tarefa conjunta e está sendo muito difícil, já fizemos 4 sobrevoos para tentar definir um plano de combate positivo. No pantanal o fogo consegue se propagar até no subterrâneo, devido ao sulco e também o tipo de vegetação e isso dificulta muito inclusive o acesso das viaturas” finalizou o tenente cor
 
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