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Notícias / Polícia

08/09/2020 | 11:55

Família Cestari contrata perito do caso PC Farias e sustenta que corpo de Isabele foi mexido

Redação TV Mais News

A família Cestari contratou o médico legista Fortunado Badan Palhares para atuar no caso da morte de Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, ocorrido em 12 de julho deste ano, no condomínio de luxo Alphaville, em Cuiabá. Em documento particular produzido pelo profissional, é contestada a versão apresentada pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) da posição do corpo da vítima. Para ele, que atuou no caso PC Farias, não se levou em conta que o corpo da menor foi mexido para que a tentativa de ressuscitação cardiopulmonar fosse feita. Sendo assim, o disparo não teria ocorrido dentro do banheiro.

No documento, ao qual o Olhar Direto teve acesso, o perito relata que em nenhum momento a Politec leva em conta o que foi relatado, em depoimento, pelo empresário Marcelo Cestari, de que ele mexeu no corpo da vítima para tentar fazer a massagem cardíaca nela, com orientação, por telefone, da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
 
Marcelo teria visto o corpo de Isabele semilaterizado para a esquerda, com o rosto voltado para a porta do banheiro, tendo – aparentemente – amparado seu corpo na banheira. Ainda segundo o empresário, no momento em que ele chegou ao cômodo, não havia sangramento na adolescente.
 
Logo depois, Marcelo foi aconselhado pelo médico do Samu iniciar massagem cardíaca na vítima e colocou a sua cabeça de uma forma como não estava após o disparo, no trilho da porta do box, arrastando-a para dentro dele. Quando segurou-a pelo pescoço, sentiu o que seria uma ‘bola’ em seu pescoço, pensando que seria um galo. O sangue somente teria começado a sair quando foi iniciada a massagem cardíaca.
 
Conforme o médico legista contratado pela família Cestari, o perito não fez qualquer referência de que o local não estava mais preservado como foi relatado acima, tendo feito apenas em outro momento, de forma breve. “Informação essa que não poderia faltar, pois aquele local fora manuseado, na tentativa de reanimação da vítima. Houve o deslocamento do corpo do local e a posição primária do mesmo”.
 
Ainda conforme o perito, a massagem cardíaca feita pelo empresário foi comentada até pela mãe da vítima, que esteve no local logo após o disparo. “Não há no referido documento, qualquer menção de ter levado em consideração os procedimentos ocorridos antes do mesmo [perito] lá chegar”, diz outro trecho.
 
Levando em consideração isto, o perito destaca que os indícios por ele vistos não refletem ser os existentes no momento da morte de Isabele. Fortunato ainda analisou as manchas de sangue e pontuou que as da entrada do banheiro foram produzidas no momento do disparo, tendo sido as primeiras a se formar.
 
Além disto, o perito contratado pontua que as manchas de sangue na perna da vítima não foram produzidas quando o corpo caiu no chão, já que quando o corpo é virado, os vestígios não são encontrados nas regiões posteriores, mostrando que já estavam secas. “Esse é um outro elemento que materializa a convicção de que esta não é a posição do corpo, quando ele se projetou para trás”.
 
O documento ainda explica que existem manchas de sangue próximas da porta do banheiro, próximo a sua soleira e, conforme a opinião do profissional, ali teria iniciado o gotejamento sanguíneo após o disparo e não dentro do banheiro, como afirma a Politec.
 
Fortunato Badan Palhares ainda discorda de que as manchas encontradas no pé, joelho e piso do banheiro sob as pernas da adolescente foram produzidas ao mesmo tempo. “A maneira como houve a movimentação do corpo e que não foi preservada, não é possível fazer mais qualquer relação com alinhamento. Este tipo de afirmação é incabível com a dinâmica do evento”.
 
“Diante de todos elementos que levantamentos, quer como depoimentos, laudos, vídeos, etc, conforme o que foi ser objeto de descrição acima, entendo que o laudo pericial do local não revela efetivamente os acontecimentos que resultaram na morte de uma jovem e a forma real como o fato ocorreu”, finaliza o documento.
 
Caso PC Farias
 
Badan foi o responsável pelo caso que classificou a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino como homicídio seguido de suicídio. O caso gerou polêmica, já que reportagens de grandes veículos de imprensa mostraram laudo elaborado por um perito da USP, que concluiu que a mulher teria que medir mais de 2 metros para que fosse possível combinar a trajetória da bala que perfurou seu corpo com a hipótese de suicídio.
 
A ausência das manchas de sangue de Suzana na arma também foi algo que chamou atenção. A conclusão de Badan acabou sendo descartada e a Polícia Civil reabriu o caso. Oito suspeitos, incluindo dois seguranças, acabaram indiciados.
 
Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, que também eram policiais, foram a júri popular acusados de duplo homicídio triplamente qualificado, mas acabaram absolvidos.
 
O irmão de PC, o então deputado federal Augusto Farias, também foi indiciado, mas o Supremo Tribunal Federal arquivou acusação contra ele por falta de provas.

Inquérito concluído

A adolescente de 14 anos, responsável pelo disparo que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, responderá por ato infracional análogo a homicídio doloso. Concluiu-se na investigação que ela, no mínimo, assumiu o risco ao apontar a arma para o rosto da amiga e não verificar se a arma estava pronta para o disparo. 

A sua pena máxima, conforme o delegado Wagner Bassi, poderá ser uma internação de até três anos, em estabelecimento educacional. Isso pode ocorrer durante o processo ou somente após a conclusão dos trabalhos na Justiça. Em casos envolvendo adolescentes, não há prisão. 

As investigações mostraram que a versão apresentada pela adolescente de 14 anos não condiz com o que se apurou e com o que consta nos laudos da perícia. 

Em sua versão, a adolescente conta que estava com o case em suas mãos, quando foi ver o que Isabele estaria fazendo no banheiro do seu quarto. Em dado momento, o objeto teria se desequilibrado e caído.

A menor então conta que abaixou para pegar a arma, enquanto equilibrava o case na outra mão. Neste momento, o disparo teria acontecido, de forma - supostamente - acidental.

Porém, o laudo aponta que o case não tem nenhum vestígio de sangue, assim como a segunda arma, que estava dentro do objeto. Além disto, perícia feita anterior já apontou que o disparo foi feito com a arma estando entre 30 e 40 centímetros do rosto da vítima.

Teoricamente, de acordo com os respingos de sangue, a perícia conclui que deveria haver vestígios dos flúidos no case ou na segunda arma, o que não aconteceu.

Fonte - Olhar Direto 

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