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20/09/2020 | 10:33

Alta deve se manter, mas inflação não ameaça, diz economista

Redação TV MaisNews

Mesmo com os altos preços do arroz e do óleo de soja se mantendo por mais um tempo, ainda não há risco de inflação, conforme o professor de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Leonardo Flauzino de Souza.

Recentemente, o saco de arroz de 5 quilos chegou a custar R$ 22 nas gôndolas de supermercados da Capital, sendo que normalmente custava em torno de R$ 12.

Já um litro de óleo está saindo por até R$ 6, mas antes da alta era vendido a R$ 4 em Cuiabá.

No entanto, o especialista descarta a volta da inflação. De acordo com o Souza, diferente do que ocorreu na década de 90, quando os preços variavam praticamente todo dia, agora o País vive um momento econômico de maior controle.

Não há risco de a inflação acelerada e estrutural retornar. [...] Naquela época vivemos uma inflação estrutural causada pela indexação dos contratos na economia brasileira, que se acelerava a cada choque cambial vivido na época por falta de divisas externas e necessidade de pagamento da elevada dívida externa. Estes condicionantes estão enfraquecidos na atualidade ou são inexistentes”, explicou.

O professor afirmou que um dos motivos para essa segurança é a redução da indexação contratual, que seria um reajuste de pagamentos conforme variação da inflação, pois, entre outros fatores, os choques cambiais são absorvidos e a reservas cambiais brasileiras estão elevadas.

“Somado a isso, também estamos vivendo um período de baixa demanda causada pela crise da pandemia, que cria uma tendência de queda dos preços em outros setores, principalmente serviços”, acrescentou.

Alta nos preços

Os preços dos alimentos que compõem a cesta básica ainda devem se manter em alta por serem produtos agrícolas, de acordo com o economista.

Esses produtos possuem uma baixa elasticidade-preço da oferta e uma baixa elasticidade-preço da demanda, fazendo com que ocorra essa demora na reação após aumento nos preços. 

“Isso acontece por causa de todo o ciclo de plantio, e a demanda dificilmente se reduz, uma vez que estamos lidando com produtos de consumo básico. Estes dois fatores combinados criam uma resistência que dificulta a queda dos preços no curto e médio prazos”, afirmou Souza.

Por que os preços estão elevados?

Segundo o economista, há dois motivos para a elevação nos preços do arroz e do óleo de soja.

O primeiro diz respeito ao aumento dos preços internacionais dos grãos, enquanto o segundo está relacionado ao aumento da taxa de câmbio, que é a alta do dólar.

“Isso faz com que estes produtos (arroz e soja) passem a ser mais exportados do que vendidos no mercado interno, elevando os preços domésticos”, explicou.

Leonardo Flauzino de Souza - economista
O economista e professor da UFMT, Leonardo de Souza

Apesar disso, setores de vestuário e transporte registraram queda nos preços, conforme o economista.

“Observamos que setores como vestuário e transporte estão com queda acumulada nos preços de mais de 3%, mantendo o IPCA [Índice de Preços para o Consumidor Amplo] acumulado do ano em 0,70%, um dos mais baixos da história”.

Substitutos e alternativas

De acordo com a professora de Nutrição da UFMT, Tatiana Bering, o arroz pode ser substituído por alimentos que também são fontes de carboidratos como batata inglesa, batata doce, milho, inhame e mandioca.

Ela também afirmou que as farinhas produzidas a partir desses legumes também podem ser utilizados.

“Assim como pelas farinhas provenientes destes alimentos como a farinha de mandioca, farinha de milho que podem ser utilizadas para o preparo de farofas, cuscuz, angu, polenta dentre outras”.

O macarrão também é uma alternativa. No entanto, a especialista diz que o consumidor deve se atentar à forma como ele é preparado.

“Ainda, segundo a recomendação do Guia Alimentar da População Brasileira, deve-se priorizar o consumo destes alimentos na sua forma menos industrializada, evitando optar, por exemplo, por macarrão instantâneo, batata frita congelada que são considerados alimentos ultraprocessados e que contêm altas quantidades de calorias, gordura e sódio”, completou.

Já aqueles que não querem deixar o arroz de lado, mesmo com o custo elevado, podem acrescentar outros elementos na preparação, segundo a nutricionista.

“Utilizar outros alimentos, no momento do preparo, para incrementar a preparação, como cozinhá-lo junto com legumes que estão na safra, que possuem menores preços, como cenoura, beterraba, abobrinha ou ervilha. Dessa forma, o preparo vai ficar mais nutritivo e vai render mais, pois o volume da preparação será maior”.

Já o óleo de soja, a especialista recomenda reduzir o consumo. De acordo com ela, os outros óleos e gorduras são ainda mais caros.

“As pessoas geralmente acrescentam uma quantidade maior que o recomendado de óleo nas preparações culinárias e utilizam uma grande quantidade para o preparo de frituras, bolos e biscoitos”, orientou a nutricionista.

Outra dica seria evitar o consumo de frituras e optar por assados, grelhados e cozidos.

“Além de proporcionar a redução do custo, ainda contribuirá para uma alimentação mais saudável”, afirmou.

Conforme Bering, a substituição do arroz por outros alimentos do mesmo grupo não deve causar perda de energia. Já em relação às vitaminas, elas poderão ser obtidas com uma alimentação equilibrada.

Porém, a professora alerta que o não consumo de arroz pode tirar o feijão do prato do brasileiro. Isso pode resultar em perda nutricional na alimentação.
 
“Há de ressaltar que a combinação do arroz com o feijão faz parte do hábito alimentar do brasileiro, sendo que esta dupla apresenta uma boa fonte de proteína. A questão de substituir o arroz por outros alimentos pode acarretar na diminuição ou até mesmo a exclusão do feijão no prato, e isso pode afetar a qualidade nutricional da dieta, caso outros alimentos fonte de proteína não sejam incluídos na alimentação”, afirmou.

Ela também apontou que, além de nutrir, os alimentos também são responsáveis por sentimentos de prazer, satisfação, alegria e conforto.

Com a retirada do arroz, que é típico da alimentação brasileira, esses sentimentos podem sofrer interferência.

 
Fonte Olhar Direto
 

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