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03/12/2020 | 08:17

O que muda na nova versão do filme O Poderoso Chefão 3

Redação Tv Mais News

No seu aniversário de 30 anos, O Poderoso Chefão 3 está ganhando uma nova versão, remasterizada em 4K, e o diretor Francis Ford Coppola aproveitou a oportunidade para renomear o filme e remontar o desfecho da saga de máfia mais famosa do cinema americano. O novo subtítulo, Desfecho: A Morte de Michael Corleone, evidencia o caráter de epílogo e traz consigo uma ironia. Na lista abaixo - que contém spoilers - nós listamos as principais alterações, e explicamos que ironia é essa.

ADEUS, FREDO

A principal diferença está na abertura, que foca menos no passado e mais no legado que Michael agora quer deixar aos filhos. Coppola elimina a abertura com a casa do lago Tahoe, em que repassava o assassinato de Fredo no segundo filme, e remove por tabela a cerimônia na catedral de St. Patrick em Nova York, em que a Igreja homenageia o Don Corleone por seus gestos de filantropia. Agora o peso da culpa, a penitência e a remissão pelo catolicismo ficam menos expostos (já que não há a memória de Fredo intercalada com a liturgia na catedral, abrindo o filme) mas continuam desembocando na cena da confissão no Vaticano.

PRIMEIRO, A TRAMA

A cena em que o arcebispo Gilday fecha o acordo com Michael para a compra da Immobiliare, que antes ficava no final do primeiro ato, depois do atentado contra Vincent, agora abre o filme. Com isso, Coppola coloca a trama em movimento antes de mais nada, e isola Michael em suas negociações de câmara: as relações de causa e efeito sempre vão partir desses acordos entre quatro paredes. O gesto de fechar os espaços do protagonista é essencial no filme para reforçar seu arco trágico e, em paralelo, Coppola minimiza a trama secundária da rixa entre Vincent e Joey Zasa, que vinha primeiro no corte de cinema.

 A VOLTA A NOVA YORK

No corte de cinema, Michael deixa o QG em Nevada e decide voltar a Nova York depois da morte do irmão e da separação conjugal - ou seja, é como se a cidade onde ele se criou na máfia o puxasse de volta, um tema que Coppola inscreve literalmente no texto: “Quando acho que vou sair, eles sempre me puxam de volta”. Ao eliminar o skyline da cidade (com o WTC ao fundo) e a cerimônia na catedral de St. Patrick (que fica ao Norte de Little Italy, coração da comunidade ítalo-americana de Manhattan) a nova versão perde essa relação muito evocativa entre a cidade e a Igreja Católica. O filme agora vai direto para a recepção no apartamento, em que os outros personagens principais são introduzidos e a relação de Michael com a igreja parece essencialmente uma questão de negócios.

CONCISÃO

No geral, Coppola faz escolhas em nome da economia narrativa, para identificar redundâncias ou potenciais simplificações, e o novo corte resulta cinco minutos mais curto que a versão de cinema. Na votação dos acionistas corta o voto do Grupo Hamilton (que afinal não faz diferença na escolha), na cena seguinte encurta o diálogo de Michael com Mary no terraço (quando ela questiona se é testa-de-ferro na Fundação). Mais adiante, reduz o encontro de Altobello e o Mosca, em que o mandante diz que o alvo do assassino é um homem importante e perigoso - diálogo redundante.

UMA CAPELA A MENOS

Michael vai parar no hospital depois do ataque de helicóptero, e enquanto isso Connie e Al Neri finalmente autorizam Vincent a armar um ataque para matar Joey Zasa. No corte de cinema, essa conversa se dá numa capela que talvez fique no próprio hospital; o breve diálogo tem uma função de reforçar a presença claustrofóbica da instituição da Igreja ao longo do filme. No novo corte, essa cena não existe mais, só ficamos sabendo que Connie e Al deram o aval depois que o ataque já aconteceu, então em teoria preserva-se a surpresa do atentado a Joey na festa de rua. Diz-se “em teoria” porque, afinal, mudanças desse tipo só servem para quem nunca viu O Poderoso Chefão 3 antes.

"NÃO SOMOS TÃO VELHOS"

Outra cena eliminada por completo é o diálogo com Altobello no hospital, em que Michael o questiona sobre os novos manda-chuvas dos negócios na Itália e ventila sua desconfiança. Originalmente, a cena dá espaço para a maestria da malandragem de Eli Wallach (“meu problema é que eu confio demais!”), mas do ponto de vista funcional ela é dispensável: já sabíamos que Michael iria para a Sicília, para ver seu filho atuando na ópera, então combinar a viagem de novo é desnecessário. Originalmente também a cena deixava implícita a traição de Altobello, e agora a troca é suprimida para estender um pouco mais a desconfiança.

O BURRINHO

O clímax na ópera, em que o filme usa uma encenação de Cavalleria Rusticana para espelhar a tragédia da família Corleone, enquadrada e iluminada ao final na escadaria como se estivesse em um proscênio de teatro, é essencialmente a mesma. Uma pequena mudança perceptível é que a imitação do burrinho usada para distrair os personagens na hora do tiro é reduzida: agora o jovem italiano não é imediatamente desarmado e continua com sua espingarda, e por um décimo de segundo permanece o mistério de quem vai atirar em quem.

CODA

Francis Coppola e o roteirista Mario Puzo queriam que A Morte de Michael Corleone fosse o nome do filme originalmente, e a Paramount vetou na época. O desfecho irônico: embora o filme remasterizado agora tenha esse subtítulo, Coppola mudou o final e o protagonista da saga agora não morre mais. A despedida de Michael, com laranjas e cães aos seus pés, vai até o momento em que ele coloca seus óculos escuros (gesto que ele faz várias vezes ao longo do filme, num apagamento gradual da sua vigilância brutal sobre a vida da família). A morte desse Michael idoso fica em aberto, e suas reminiscências também são reduzidas: saem os flashbacks das danças com Apollonia e Kay - memórias dos dois primeiros filmes - e permanece apenas o flashback da dança de Michael com Mary no apartamento de Nova York, que abriu o filme. É uma escolha para deixar a Parte 3 mais encerrada em si mesma, focada no luto da morte de Mary, como havia sido a escolha no início de omitir a lembrança de Fredo.

Fonte - Omelete 

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