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18/12/2020 | 08:13

Vida Louca: 'Falar De Covid Corta O Clima', diz festeiro da noite carioca

Redação TV Mais News

Tudo indicava que 2020 seria o meu ano. Depois de anos batalhando por um trabalho como ator, fiz a novela A dona do pedaço (Rede Globo) e fui chamado em seguida para interpretar o mensageiro de hotel Alessandro, na trama Amor sem igual (Rede Record). Mas veio a pandemia e o isolamento social e tudo foi cancelado. Confesso que fiquei deprimido. Procurei malhar em casa, fazer ioga, estudar inglês pela internet para não me entregar à tristeza. Uma amiga me chamou para ir para Angra dos Reis e aceitei. Acabei ficando lá por quatro meses. Comecei a ficar com ela e, de ficantes, viramos namorados. Confesso que estar comprometido no lockdown facilitou bastante. Acho que os solteiros têm dificuldade em cumprir a quarentena pela falta de sexo, claro. E também pela falta de companhia. Afinal, é muito ruim não ter com quem dividir as angústias do dia.

Até agosto, quando começou a flexibilização, fiz tudo certinho. Antes disso, até fui convidado para ir a uma festa. Quando cheguei na casa do meu amigo, e vi uma galera, fui embora. Não acreditei quando vi um monte de gente aglomerada e sem máscara! Tô fora! Aliás, na quarentena rolou muita reuniãozinha em casas de amigos, dos amigos de amigos. Conheço gente que fala que teve mais comemorações na quarentena do que em épocas normais. Em setembro, quando começou a flexibilização, voltei para o Rio. Precisava arrumar algum trabalho para pagar as contas. Fiquei muito mal porque me vi sem dinheiro. Sem exagero, quase passei fome.

“JÁ FIQUEI COM ALGUMAS MENINAS, CLARO. NINGUÉM FALA DA GRIPE. ACHO QUE ESTÁ TODO MUNDO DE SACO CHEIO DE FALAR DE DOENÇA. IMAGINA QUE VOCÊ ESTÁ QUASE BEIJANDO ALGUÉM E A PESSOA PERGUNTA: E AÍ, VOCÊ JÁ TEVE COVID? CORTA O CLIMA!”

Como gostava de tocar nas festas de conhecidos, resolvi investir na profissão de DJ. Também conheço muitos produtores de eventos e, sendo bem sincero, nesse ramo, quem não é visto, não é lembrado. Então, comecei a ir às festas. Como não tive a Covid, fiquei — e ainda fico! — um pouco neurótico ao ver muita gente junta! Mas essa sensação passa em alguns minutos. Se tivesse empregado, acho que continuaria trancado em casa. Não vou ser hipócrita em negar que me divirto nas comemorações que vou. Meu namoro acabou e fiquei solteiro. Já fiquei com algumas meninas, claro. Ninguém fala da gripe. Acho que está todo mundo de saco cheio de falar de doença. Imagina que você está quase beijando alguém e a pessoa pergunta: e aí, você já teve Covid? Corta o clima! Então, procuro fazer a pessoa rir, falo sobre signo.

Nas festas, as pessoas não usam máscara. Eu também não. Olha, as pessoas são hipócritas. Outro dia fui à casa de um amigo, malhar na academia num condomínio de luxo, no Itaim, bairro nobre paulistano, e ninguém estava com proteção no rosto. Só colocam na hora de fazer a selfie para o Instagram. Aliás, passei uma temporada em São Paulo e pude constatar que o estado leva o isolamento social um pouco mais a sério do que o Rio. Eu digo um pouco porque sei que rolam várias festas. Soube até de umas clandestinas em que as pessoas tinham de pegar uma van para chegar ao local.

Também ajudei na campanha política de uma amiga que concorreu a uma vaga na Câmara de Vereadores de São Bernardo. Íamos muito para a rua para pedir voto. Em alguns momentos, acabava juntando uma galera. O que era bom, pois era uma campanha. Eu procurava ficar um pouco afastado, mas nem sempre era bem-sucedido. Não sei como ainda não peguei a gripe. Acho que, como o presidente Bolsonaro, deve ser porque tenho um histórico de atleta. Estou zoando, mas é verdade. Eu surfo, jogo bola, corro... Sempre pratiquei esportes. Meu sistema imunológico é bom. Desde criança, não fico doente. Em toda a minha vida, só fiquei resfriado umas três vezes! Mesmo assim, fico com medo quando vejo um monte de gente aglomerada na noite. Tirando essas idas às festas, procuro fazer minha parte. Sei que estou errado em ir, mas sigo as recomendações das autoridades de saúde o resto do tempo. Uso máscara em elevadores, uso álcool em gel. Meus avós são idosos e passava muito tempo com eles. Hoje, falo com os dois pela varanda. Tenho medo de passar o vírus para eles.

Eu sou ator, queria dar o exemplo, mas a classe artística está passando por um perrengue. Precisei recorrer ao auxílio emergencial para pagar as contas. As pessoas precisam trabalhar. Quem vai para a noite para beber e beijar na boca é irresponsável. Já o DJ, os seguranças, os produtores, em minha opinião, não são. Estão ali para trabalhar, pelo dinheiro. Tenho um amigo DJ que foi sustentado pela ex-mulher porque os eventos estavam suspensos. Eu sei que não estou certo em ir às festas, mas compenso isso tomando cuidado a maior parte do tempo.

Fonte - Época 

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