A intensa elevação de preços dos combustíveis tornou inviável o trabalho dos motoristas de aplicativo em Mato Grosso. O etanol hidratado, o combustível mais usado pelos colaboradores das plataformas desses serviços, ficou insustentável. Para fugir do prejuízo, muitos motoristas estão recorrendo à conversão dos veículos para o Gás Natural Veicular (GNV). Com a garantia de economizar cerca de 74% perante o etanol, nos últimos dois meses a demanda por instalações do kit gás cresceu 200% em uma das empresas convertedoras do estado.
“Quando saí de casa pela manhã eu me assustei ao ver o preço do combustível nos postos, 3 reais e 79 centavos. Na mesma hora mudei de ideia e fui direto para a associação e fiz um orçamento para instalação do kit gás, porque com esse preço que está agora não temos condição de rodar”, desabafa Noraney Cavalcante, gestora da Associação dos Motoristas de Aplicativo de Mato Grosso (AMA-MT).
Considerada uma economia de 74% do GNV sobre o etanol, atualmente um motorista de aplicativo pode reduzir um custo médio mensal com etanol de R$ 1.200, para uma média de R$ 312 com GNV. A diferença de custo entre os dois combustíveis, segundo a associação da categoria, viabiliza o investimento inicial da instalação.
“Conseguimos uma parceria com uma convertedora para que o custo de colocação do kit gás saia por 4.500 reais. Desse valor, o motorista terá que dar uma entrada de 800 reais. O restante do valor será dividido em dez parcelas de 370 reais, com vencimento a cada 14 dias. Essas parcelas serão pagas via boleto, então, o motorista não precisa ter cartão de crédito para fazer a conversão do veículo”, explicou Cleber Cardoso, presidente da AMA-MT.
Nas condições apresentadas por Cleber, há previsão de que o motorista ainda obtenha lucro com a operação. “Durante esses cinco meses de pagamento das parcelas, ainda sobram 460 por mês, que dá para abastecer com GNV e ainda sobra algum para levar para a casa”, aponta Cleber. Atualmente, o preço do metro cúbico (m³) do GNV varia entre R$ 2,69 e R$ 2,74 nos postos de Cuiabá.
Experiência e cuidado
Na capital, apenas três empresas prestam serviços de instalações do kit gás. Uma delas pertence a Wilson Lopes, que há 16 anos atua no mercado local. Os anos de experiência fizeram com que o profissional acompanhasse as idas e vindas do fornecimento de gás natural em Mato Grosso. Após superar as crises próprias do setor e a pandemia, o instalador está com a agenda lotada.
“A procura aumentou uns 200% nos últimos dois meses. Tenho muita procura de motoristas de aplicativo, mas também de particulares interessados. Isso porque o gás hoje tem uma garantia de economia de 74% perante o álcool. Se o etanol aumentar, isso ainda vai melhorar. Para o gás perder vantagem, o etanol teria que baixar para menos de 2 reais e 40 centavos pelo menos”, garante Wilson Lopes.
Na oficina do instalador, quatro pessoas trabalham para adaptar diariamente dois veículos para gás natural. Com aumento da demanda, o empresário pretende ampliar essa equipe, mas encontra dificuldades.
“Hoje em dia ainda não temos muitos profissionais qualificados atuando no mercado para contratar e eu não posso colocar qualquer pessoa nesse trabalho. Para começar a atuar nesse mercado, o instalador tem que no mínimo entender sobre mecânica e serralheria”, afirma Wilson. Na fila para instalação, o profissional está com agenda lotada para os próximos 15 dias.
FROTA EM MT
De acordo com o demonstrativo da frota de veículos por combustível, divulgada mensalmente pelo Departamento de Trânsito de Mato Grosso, até janeiro deste ano o estado contava com uma frota de 1.260 veículos abastecidos com GNV, sendo a maioria deles híbrido – com funcionamento a gasolina, etanol também eletricidade. O número é 2,1% maior do que o do ano passado, quando eram 1.233 veículos.
fonte: ESTADÃO MATO GROSSO
