Mulheres, população negra e os menos escolarizados então entre os grupos mais afetados pelo desemprego, agravado pela pandemia da covid-19 em 2020. No entanto, durante o último trimestre deste ano, foram esses grupos os que mais tiveram oportunidades de ocupação. O trabalho temporário no fim do ano está entre os fatores para essa melhora.
A taxa de desocupação do país no 4° trimestre de 2020 foi de 13,9%, com queda 0,7 ponto percentual (p. p.) em relação ao trimestre de julho a setembro de 2020 (14,6%), conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Uma característica do 4º trimestre foi essa sazonalidade, que costuma, muitas vezes, absorver trabalhadores jovens no comércio em caráter temporário. Isso possibilitou uma maior expansão da ocupação, mesmo no ano de 2020 – que foi marcado, ao longo dos demais trimestre, por uma queda bastante acentuada da ocupação”, explicou Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE.
Em meio a um ano marcado pela escassez de empregos e inflação dos alimentos, 20 estados registraram um alívio nos últimos três meses de 2020. A taxa de desocupação caiu em cinco unidades da federação e manteve-se estável nas demais.
As maiores quedas foram em Roraima (4,2 p. p.) e Maranhão (2,5 p. p.). As maiores taxas de desocupação foram as de Alagoas e Bahia (20,0% em ambos), Rio de Janeiro (19,4%) e Pernambuco (19,0%) e as menores em Santa Catarina (5,3%), Rio Grande do Sul (8,4%), Mato Grosso do Sul (9,3%) e Paraná (9,8%), as únicas abaixo de 10%.
A taxa de desocupação por sexo foi de 11,9% para os homens e 16,4% para as mulheres no 4° trimestre de 2020. Já a taxa de desocupação por cor ou raça ficou abaixo da média nacional para os brancos (11,5%) e acima para os pretos (17,2%) e pardos (15,8%).
Mato Grosso está entre os estados que se destacou no ano ante realidade da maior parte do país. O percentual de pessoas ocupadas superou a média nacional e ficou com o maior nível de ocupação (58,7%) no ano passado. No ano da crise da covid-19, o número de pessoas no país que tinham alguma ocupação foi reduzido em 7,3 milhões, fechando o período com 86,1 milhões de trabalhadores, o menor número da série anual, segundo o IBGE.
“Pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%. O nível de ocupação ficou abaixo de 50% em 15 estados, sendo todos os do Nordeste, cinco do Norte e o Rio de Janeiro. Já Mato Grosso foi o estado com maior nível de ocupação (58,7%) no ano passado”, descreve o Instituto.
A taxa média anual subiu de 11,9% em 2019 para 13,5% em 2020, a maior da série.
Essa queda da ocupação foi disseminada por todos os trabalhadores. A taxa média de informalidade também recuou, passando de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, somando ainda 39,9 milhões de pessoas. Os informais: trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar.
“Também se aponta que o movimento de ocupação cresceu em 20 das 27 unidades da federação, mostrando que o movimento foi bem disseminado. O crescimento da ocupação ocorreu para ambos os sexos, numa intensidade maior para as mulheres. Nos grupos etários foi mais intenso entre pessoas de 18 a 24 anos de idade. Já com relação a cor ou raça, há uma ocupação maior entre as pessoas de cor preta e parda com relação às demais”, reforça Adriana.
FONTE: ESTADÃO MATO GROSSO
