As promoções e descontos serão mais tímidas nesta semana dedicada ao consumidor. Celebrado no dia 15 de março, o Dia Mundial do Consumidor tem sua comemoração esticada durante uma semana pelos varejistas. Com o aumento de casos de covid-19 em todo o país, os comerciantes de Mato Grosso realizam ações isoladas, com as vendas focadas nas plataformas digitais. Neste ano, o período coincidiu com uma nova temporada de endurecimento das restrições para combater a pandemia.

Em 2021, a semana das grandes promoções no comércio, em comemoração à data, começou mais silenciosa. As empresas criaram ofertas, realizando ações solitárias e com menos público circulando nas ruas.

Em tempos sem pandemia, o evento unia o setor do comércio em ações conjuntas para um engajamento maior nas vendas. “São dias de superação, onde a criatividade precisa e está estampada diariamente nas ações de atração de clientes. Com as restrições impostas fica mais difícil fazer uma ação que engloba todos os segmentos. As ações [deste ano] estarão concentradas na estratégia individual conforme cada negócio, produto, serviço e público-alvo. O que fica é a mensagem de valorização do comércio local”, descreve Fabio Granja, Superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá).

Os comerciantes que querem aproveitar a oportunidade da data para alavancar as vendas apostam no ambiente virtual. No ano passado, as compras feitas via sistema e-commerce cresceram em volume e público. Um estudo realizado pela empresa Social Miner – que faz análises de dados no varejo brasileiro on-line – constatou que 47% das pessoas que compraram on-line em 2020 eram novos consumidores.

“São estratégias mescladas entre on-line e off-line. As redes sociais prometem ser o grande carro-chefe para atrair os clientes com mensagens atrativas que gerem encantamento. É claro que o atendimento em loja física ainda é o preferido pelos consumidores, mas as lojas estão tendo um cuidado reforçado com as medidas de biossegurança, preparado equipes e vitrines para receber os clientes da melhor forma possível”, explica Fábio.

Além de redobrar a atenção para as vendas on-line, os comerciantes precisam criar estratégias criativas para fisgar os consumidores. Dentro das plataformas digitais a concorrência fica mais acirrada, com disputas que ultrapassam territórios. “Dentre as ações, citamos os cupons, descontos, brindes, entrega grátis, personalização de atendimento, entre outros. Inclusive uma das estratégias atuais, diante do cenário que vivenciamos, é que algumas lojas estarão usando o tema da Páscoa em favor do Dia do Consumidor”, sugere Fábio Granja.

E-commerce em 2021
De acordo com o “Relatório Anual do e-commerce em 2020 e tendências para 2021”, elaborado pela plataforma Nuvemshop – líder no comércio digital da América Latina –, o crescimento das vendas da base das lojas analisadas atingiu resultados históricos em 2020.

“Foram 6.176.642 de vendas realizadas, o que representa crescimento de quase 205% em relação a 2019! Isso significa acúmulo de R$ 1.304.018.325 (isso mesmo, R$ 1,3 bilhão!), cerca de R$ 846 milhões a mais que no ano anterior. O aumento foi de quase 185%. De todas as vendas realizadas, as redes sociais tiveram aumento na participação por mais um ano. O salto foi de 12 pontos percentuais de 2019 para 2020 — de 22% para 34%”, descreve o relatório.

Para 2021, as expectativas indicam que o e-commerce continuará em alta. “A partir de agora, o crescimento não deve se dar de forma tão acentuada como observamos com a chegada da pandemia do novo coronavírus, mas a conquista de uma nova parcela da população deve manter a evolução do setor”, afirmam os analistas da Nuvemshop.

A projeção toma como base uma outra pesquisa realizada pela empresa Ebit|Nielsen, a qual prevê aumento de 26% nas vendas do e-commerce, com faturamento de R$ 110 bilhões para 2021.

Ainda de acordo com a plataforma de pesquisa, as datas comerciais criam cenários favoráveis para as empresas. “Seguindo a tendência dos últimos anos, a Black Friday foi o evento ao qual os empreendedores mais se dedicaram. Os dados mostram que os ganhos na Black Friday 2020 foram os melhores da história da Nuvemshop para a data”. Ainda de acordo com o levantamento, o valor total em vendas de 2020 superou em 167,6% as do ano anterior. O montante saiu de R$ 23,7 milhões em 2019 para R$ 64,4 milhões em 2020.

Revisão de dados
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou sua expectativa quanto ao volume de vendas no varejo em 2021 de +3,5% para +3,1%. A estimativa tem como base a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE na última sexta-feira (12), e aponta recuo no volume de vendas no comércio varejista de 0,2% em janeiro. É a terceira retração mensal consecutiva do setor, após ceder 0,1% em novembro e 6,2% em dezembro. Essa redução pode ser atribuída a uma combinação de fatores, como o fim do programa de auxílio emergencial, mercado de trabalho fragilizado, aceleração da inflação e recrudescimento da pandemia.

Para a entidade, a dependência do comércio físico ainda é grande, apesar de que as vendas on-line tenham resultados significativos desde o início do período de isolamento. “A demora na vacinação da população e o aumento recorde de casos estão fazendo com que cidades e estados fechem seus comércios, o que será refletido na crise. Estamos dialogando com as autoridades para mostrar que o comércio formal trabalha com segurança e responsabilidade. A saúde é prioridade, sem dúvida, mas acreditamos que é possível fazê-lo sem descuidar do emprego, da economia e do social”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.