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18/10/2017 | 10:08 - Atualizada em 18/10/2017 | 10:30

Cabo da PM diz que Paulo Taques deu R$ 50 mil para custear despesas das interceptações ilegais

G1 MT

Cabo da PM diz que Paulo Taques deu R$ 50 mil para custear despesas das interceptações ilegais

Foto: Reprodução

O cabo da Polícia Militar Gerson Ferreira Corrêa Júnior, que está preso desde maio deste ano, disse em depoimento que o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB), deu R$ 50 mil ao coronel da PM Evandro Alexandre Lesco, ex-chefe da Casa Militar do estado, para custear as despesas das interceptações ilegais e ainda admitiu ter destruído o HD em que ficavam armazenadas as interceptações clandestinas feitas pelo grupo.

Ele foi ouvido pelos delegados da equipe do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), montada para investigar o esquema de grampos no governo do estado. A defesa de Paulo Taques e a assessoria do governo de Mato Grosso disseram que não tiveram acesso ao conteúdo do depoimento e, por isso, ainda não devem se manifestar sobre o caso.

Paulo Taques e Lesco foram presos no dia 27 de setembro, durante a Operação Esdras, da Polícia Civil. Além deles, outras seis pessoas foram presas.

O esquema, segundo o cabo informou aos policiais, começou em 2014, durante a campanha de Pedro Taques ao governo. Gerson disse que Paulo Taques revelou que o interesse dele nos grampos telefônicos era estritamente político.

Os alvos das escutas eram os adversários políticos do então candidato ao governo, Pedro Taques, conforme o militar. Os nomes das pessoas que deveriam ser grampeadas eram repassados a ele pelo coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, que foi preso na mesma data que Gerson Corrêa.

Gerson Corrêa, que até ser preso estava lotado na Casa Militar junto com Lesco, é considerado especialista em escutas telefônicas. Ele estava lotado no órgão, que é responsável pela segurança do governador, desde junho de 2016, depois de ter passado 12 anos prestando serviços ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Ele teve a prisão decretada duas vezes, sendo que a primeira teve como base o Inquérito Policial Militar (IPM) e, a segunda, determinada na semana passada, foi baseada no inquérito civil. Na mesma decisão em que decretou a prisão preventiva do policial, o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), determinou busca e apreensão na casa de Gerson Corrêa após uma testemunha dizer que Gerson estaria guardando o equipamento usado nas interceptações até hoje.

O militar, segundo o magistrado, era responsável por administrar o Sistema Sentinela, operacionalizando, orientando e instruindo os demais policiais que receberam a missão de ouvir os áudios.

Sigilo no STJ

As investigações sobre os grampos, que até então vinham sendo feitas pelo TJMT, com o apoio de delegados da Polícia Civil, devem ficar sob a alçada do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A determinação foi dada na última quarta-feira (11) pelo ministro Mauro Campbell Marques. Ele também decretou sigilo no inquérito.

Espionagem

O esquema de espionagem teria sido operado de agosto de 2014 até o final de 2015 e grampeou centenas de pessoas, entre elas jornalistas, advogados, uma deputada de oposição, médicos, servidores públicos, empresários, um desembargador do Tribunal de Justiça e até um número de telefone usado pelo Ministério Público de Mato Grosso. Todos tiveram os números incluídos numa suposta investigação sobre participação de policiais em tráfico de drogas.

Denúncia dos grampos

O promotor de Justiça Mauro Zaque, que comandou a Secretaria de Segurança Pública de janeiro a dezembro de 2015, denunciou o caso à Procuradoria-Geral da República, afirmando que alertou o governador Pedro Taques (PSBD) sobre a existência de um "escritório clandestino de espionagem".

Dias antes do escândalo ser revelado em reportagem do Fantástico, em maio, o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador, deixou o cargo. O próprio Paulo Taques, alegando ameaças, pediu à Sesp para que fossem investigados um jornalista, uma ex-secretária e uma ex-amante dele.

Em depoimento encaminhado à PGR, Zaque afirmou que em 2015, quando ainda estava no governo, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques.

O promotor de Justiça afirma que levou o assunto a Taques e que o governador ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário. O governador do estado nega qualquer envolvimento com o esquema de espionagem ocorrido durante a gestão dele.

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