A combinação de preços de insumos mais elevados e agravamento da pandemia trouxe novos momentos difíceis para a indústria da construção. Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu pelo quarto mês consecutivo, atingindo 85 pontos na passagem de março para abril, o menor nível desde julho de 2020 (83,7 pontos).
O resultado negativo reflete a piora da percepção dos empresários na avaliação sobre o atual momento e a redução das expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) cedeu 4 pontos, para 86 pontos, o menor patamar desde junho de 2020. O resultado é influenciado pela menor expectativa dos empresários com relação à demanda.
A coordenadora de Projetos da Construção da FGV e do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Ana Maria Castelo, diz que a piora no cenário setorial, que se iniciou em outubro do ano passado, reflete a preocupação com a escassez de matéria-prima e a elevação dos custos de produção, além do agravamento da pandemia.
A confiança dos empresários, destaca Ana Maria, retornou a um nível inferior ao observado antes da pandemia, com os dois componentes do indicador revertendo toda a melhora registrada desde maio de 2020.
“O problema persiste e não dá indicações de trégua, atingindo contratos em andamento e dificultando a precificação dos produtos. O elemento novo em abril foi o aumento expressivo das assinalações no quesito demanda insuficiente como limitador à melhoria dos negócios das empresas, provavelmente decorrente do fechamento dos estandes de vendas em algumas cidades. Ou seja, a combinação preços de insumos mais elevados e agravamento da pandemia trouxe novamente momentos difíceis para as empresas”, avaliou.
Com a perda das expectativas para os próximos meses de 2021, a intenção de empregar também diminuiu em abril, 16,0% das empresas indicaram que vão reduzir o número de empregados nos próximos meses, enquanto 12,1% apontaram intenção de contratar.
Os dados mostram que o setor “andou de lado”, sem conseguir deslanchar após superar o nível de pré-pandemia. A situação piorou no começo de 2021, com um retorno aos níveis registrados em agosto de 2020. A pesquisa foi realizada com 681 empresas entre os dias 1 e 26 deste mês.
Tombo expressivo também em MT
Acompanhando a tendência nacional, a indústria da construção em Mato Grosso também está mais pessimista. Pesquisa realizada pelo Observatório da Industria aponta que o índice de confiança do empresário mato-grossense recuou significativamente em março.
O indicador dos empresários da construção em Mato Grosso caiu 10,9 pontos, atingindo 51 pontos, limite que separa o otimismo com a economia do pessimismo. A queda do setor é muito mais pronunciada do que a registrada pelos demais segmentos industriais. Como resultado, o índice que mede a confiança do empresário industrial como um todo, o ICEI, registrou queda de 5,9 pontos.
“Porém, os indicadores permanecem acima da linha dos 50 pontos. Apesar das quedas, que provavelmente estão associadas a nova onda da pandemia, o ICEI - MT ainda segue otimista, já que o índice marcou 55,2 pontos no terceiro mês do ano”, diz trecho da pesquisa.
O Sindicato dos Trabalhadores na Industria de Construção Civil em Mato Grosso (Sinduscon-MT) disse, por meio de nota, que o setor poderá começar a se recuperar a partir do segundo semestre deste ano, quando a maioria da polução estiver vacinada e o mercado financeiro começar a dar sinais de recuperação. Essa é a perspectiva partilhada de todos os setores econômicos, mas a conjuntura internacional aponta para um cenário de escassez de vacinas.
Fonte: Estadão MATO GROSSO