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Notícias / Brasil

28/10/2021 | 10:17

Apoiado por Governo Bolsonaro, plano prevê desmate de 11 mil hectares em terra indígena de Xavantes em MT

Redação TV Mais News


Foto: Reprodução / Ilustrativa

O trecho de um documento publicado em reportagem do colunista do UOL Rubens Valente na madrugada desta quarta-feira (27) revelou que o Governo Federal apoia um plano que prevê o desmate de mais de 11 mil hectares na Terra Indígena (T.I.) Sangradouro, habitada pelo povo Xavante, em uma área compreendida no município de Poxoréu (259 km de Cuiabá). 

De acordo com a matéria (LEIA AQUI), o desflorestamento, que deve ocorrer em um prazo de dez anos, dará lugar ao plantio de soja, arroz e milho, a partir de “termos de cooperação agrícola” entre algumas lideranças indígenas xavantes e fazendeiros bolsonaristas da região. Em uma placa fincada na T.I. estão inscritos os nomes de três produtores rurais que estão autorizados a operar na região. São eles, Furlan, Ferrari e Nardes. Este último foi ouvido pelo UOL e confirmou o apoio do Governo Federal. 

“Sem o apoio do presidente da República [Bolsonaro] e da Funai [Fundação Nacional do Índio] nós não teríamos conseguido fazer o projeto. Só conseguimos em função do total apoio. A Funai em Brasília é uma extensão do nosso projeto", disse o produtor de soja José Otaviano Ribeiro Nardes, apontado pela coluna como uma das principais lideranças ruralistas da região, irmão do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-deputado federal Augusto Nardes e ex-presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste.  



Na placa encontrada em Sangradouro está ainda o título “Projeto Independência", o que, possivelmente, sinaliza que o plano de desmate integra o mote de atividades do projeto. A iniciativa, por sua vez, é uma parceria que envolve o Governo de Mato Grosso, a Funai, a Cooperativa Indígena Sangradouro e Volta Grande (Cooingrandesan) e o Sindicato Rural de Primavera do Leste.

Ainda segundo a reportagem, o plano começou nesta semana a plantar soja e arroz em uma área de 1.000 hectares perto da aldeia de Volta Grande e tem gerado conflitos dentro do limite da terra indígena. Isto porque os que são contrários à abertura da T.I. para a exploração agrícola alegam não terem sido consultados, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT 169).  




“Essa plantação já está destruindo o cerrado, entendeu? O mundo xavante já está sendo destruído. Eles falam que está legalizado... Esse projeto já começou de um jeito muito complicado, sem consulta prévia, livre e informada. Esse governo Bolsonaro, está claro para todos nós, está criando uma plataforma muito mais complicada do que parece. Ele dividiu a gente”, disse um xavante que preferiu não se identificar, por medo de retaliação dos apoiadores da produção mecanizada. 

Em carta publicada em maio deste ano, a Associação Xavante Warã, organização que vem desenvolvendo diferentes projetos que visam à autossustentabilidade do povo Xavante, por intermédio da preservação e conservação do Bioma Cerrado, também repudiou a iniciativa, que é caracterizada por eles como um experimento da política “anti-indigenista” do Governo Bolsonaro. 

"Ao contrário do que seu nome pretende transparecer, o projeto nada tem de independência ou autonomia para o povo A'Uwe Xavante. Na verdade, o projeto é mais um estímulo à dependência e ao arrendamento, com ares de legalidade. Sabemos que a finalidade última desse projeto - que é político - é de se apropriar do nosso território, sob falsa e hipócrita justificativa de desenvolvimento econômico das nossas comunidades", disse trecho do documento. 




Fonte: OLHARDIRETO
 
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