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Notícias / Esportes

23/02/2022 | 08:49

Como é o futebol em Cuiabá sem "glamour" da Supercopa

Redação TV Mais News

Foto: Reprodução
 

A passagem da Supercopa por Cuiabá sacudiu o futebol local, que recebeu as visitas ilustres de astros renomados do futebol mundial. Mas longe da badalação e de craques do naipe de Gabigol e Hulk, a bola seguiu rolando na capital do Mato Grosso enquanto todas os holofotes estavam sobre Flamengo e Atlético-MG.
 
Sob chuva e sol forte, alguns torcedores desafiaram o clima cuiabano e fizeram a sua festa no acanhado Estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, o "Dutrinha", palco do duelo entre Cuiabá e Sorriso pelo Campeonato Mato-Grossense. Distante de toda a pompa da Arena Pantanal, os jogadores disputaram um jogo sob a intensa corneta de torcedores que ficaram grudados ao alambrado e com um cheirinho de espetinho de carne que vinha da rua e chegava até o campo.
 
A reportagem do UOL Esporte acompanhou a vitória do Cuiabá, representante do estado na Série A nacional, por 4 a 0 e pode provar: o tal futebol raiz respira e vai bem além daquilo que se vê na televisão.
 
Cervejinha e bate-papo
 
Os arredores do Dutrinha estavam desertos duas horas antes de a bola rolar. Para não dizer que não havia movimento, seis torcedores se dividiam entre a única barraca de comida montada e outros dois ambulantes que vendiam água, refrigerante e cerveja.
 
Na "Barraca do Loro", especializada em espetinhos, um torcedor com a camisa do Cuiabá debatia as possibilidades na tabela, via o clube como virtualmente classificado para a semifinal e afirmava ser bm negócio ser sócio-torcedor do Dourado. O clima se assemelha a uma grande vizinhança, já que é comum as pessoas se cumprimentarem e se chamarem pelo nome.
 
"Não tem jeito, estamos classificados", disse um torcedor.
 
A bola rolou às 15h30 no Dutrinha. De 13h30 até 14h30, seis pessoas se dirigiram até a única bilheteria aberta. Os ingressos custavam entre R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) e o pagamento poderia ser feito por meio de cartão.
 
Ao lado da bilheteria, uma barraquinha oferecia teste de covid, já que a apresentação de um diagnóstico negativo era obrigatória para não vacinados. Uma torcedora fez o teste nesse período e topou pagar os R$ 65 para ver o jogo.
 
Homenagens aos heróis
 
Na entrada do estádio, três estátuas celebram as glórias do futebol do Mato Grosso. Ídolos locais, Bife, Falopa e Avião foram eternizados na recente reforma pelo qual passou o local. Alguns curiosos foram ler as placas, mas ninguém parou para tirar fotos.
 
Apesar da baixa procura inicial, a torcida Fúria Cuiabá foi chegando aos poucos. Com instrumentos de percussão, a organizada do clube tentou animar o ambiente com sambas enredo famosos no Rio de Janeiro. "Explode coração na maior felicidade, é lindo meu Dourado contagiando e saudindo essa cidade", cantaram.
 
O contingente tímido de torcedores não impediu que o Cuiabá montasse uma operação de gente grande para pegar o Sorriso. Na porta, nove seguranças privados e quatro orientadoras de público. Elas checavam as carteiras de vacinação, enquanto a equipe da segurança fazia uma revista quase protocolar em quem chegava. Do lado de dentro, um DJ de gosto eclético tentava dar um clima a um estádio que ainda estava vazio. De sertanejo a clássicos do rock britânico, ele não se desanimou com a baixa adesão e se fez ouvido.
 
O jogo ocorreu no último sábado (19), dia de tempo instável em Cuiabá. Após um calor sufocante, caiu chuva forte sobre a cidade, e os torcedores tentaram se abrigar na pequena marquise localizada na arquibancada central do estádio. No vão que separa a entrada dos assentos, uma barraca de pipoca era a opção para quem estava com fome. O saquinho sai a R$ 6, mas havia ainda um copão de açaí como alternativa. Como o clima é de total tranquilidade, não havia problemas em sair do Dutrinha, atravessar a rua e comprar um espetinho de carne ou coração. O cheiro era tão forte que invadia o estádio.
 
Mesmo que seja evidente o espaço que o Cuiabá está ocupando no coração da torcida local, camisas de clubes do Brasil e de fora fazem parte do cenário. No Dutrinha, torcedores com uniformes de Flamengo, Vasco, Atlético-MG, Palmeiras, Real Madrid e Barcelona foram vistos circulando. Bandeiras de grandes brasileiros também eram vendidas na porta.
 
A bola já rolava e um torcedor que chegou atrasado perguntou o placar do jogo. Ele havia perdido o gol de Elton, ex-atacante de Vasco e Flamengo, e não tinha mesmo como ter a informação. No Dutrinha, o placar estava apagado e não havia marcação manual.
 
O Cuiabá é formado por muitos jogadores que tiveram passagens vitoriosas por clubes gigantes, casos do goleiro Walter, do zagueiro Paulão, do atacante Elton, e dos meias Rodriguinho e Everton Cardoso. Com o alambrado grudado à arquibancada, eles foram alvos dos torcedores desde o aquecimento.
 
"Tá quente, hein, Everton?", disse um.
 
"Vamos jogar bola hoje, Rodriguinho", gritou outro.
 
Com a bola rolando, um dos presentes falava sobre a necessidade de golear em um "jogo-treino" e se irritou com um passe errado de Paulão:
 
"Começou cedo, Paulão".
 
De passagem por Cuiabá por conta da Supercopa, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, apareceu no jogo. Ele foi recebido por dirigentes do Cuiabá, que reservaram um espaço num camarote reservado no nível do campo.
 
O dirigente cumprimentou árbitro, jogadores e foi para o local. Quando o baiano já via o jogo, um funcionário chegou com uma bandeja de frios e petiscos salgados para o mandatário e sua comitiva.
 
Time da elite nacional, o líder Cuiabá não teve trabalho para golear os visitantes, que estão na nona e penúltima colocação do campeonato. Com gols de Elton, Alesson, Rodriguinho e Felipe Marques, os donos da casa fizeram valer seu favoritismo.
 
A partida foi uma espécie de ataque contra defesa na maior parte do tempo, mas o técnico Pintado não deu refresco. Ensopado de suor e vestindo uma camisa azul escura, o treinador não parou de orientar a equipe.
 
O resultado colocou o Cuiabá de forma antecipada na semifinal. Já o Sorriso, por sua vez, encarou quase 400 quilômetros de estrada com um rebaixamento na bagagem
 
 
 
 
Fonte: FOLHAMAX


 
 
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