Foto: O procurador aposentada Mauro Viveiros, que perdeu o filho no acidente Reprodução
"Para o pai, um dia sem o seu filho e sem uma reparação é uma eternidade". A frase é do procurador aposentado do Ministério Público Estadual (MPE), Mauro Viveiros, que perdeu o filho Ramon Alcides há pouco mais de três anos em um atropelamento em frente à boate Valley, em Cuiabá.
Ramon foi uma das três pessoas atropeladas pela bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, na madrugada do dia 23 de dezembro de 2018.
Além dele, também morreu a universitária Myllena de Lacerda Inocêncio, de 22 anos. Já a estudante Hya Giroto Santos ficou gravemente ferida, mas conseguiu sobreviver.
O procurador se reuniu com a imprensa na tarde desta quinta-feira (12) e falou sobre a expectativa para a primeira audiência de instrução e julgamento do caso, que ocorrerá no dia 31 de maio.
A princípio era esperado que a audiência fosse realizada em fevereiro deste ano, porém o advogado de defesa na acusada contraiu Covid-19 e o juiz Flávio Miraglia Fernandes, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, decidiu pelo adiamento.
Segundo Viveiros, as famílias esperam que a bióloga seja levada a júri popular e condenada por crime de homicídio, na modalidade de dolo eventual (por duas vezes), e homicídio tentado, como pede a denúncia do MPE.
Apesar de afirmar que o processo corre normalmente, o procurador espera que o caso não se “arraste” por muito tempo.
“É muito difícil. Vocês devem imaginar, mas nós temos a convicção de que o processo vai se desenrolar normalmente e que ao final ela possa ser julgada pelo tribunal de júri, que é o tribunal competente para julgar crimes dolosos contra a vida”, afirmou.
“Não há objetivamente nenhuma preocupação sobre a morosidade da Justiça, quanto qualquer desvio ou problema no processo. Pelo contrário, o processo caminha normalmente. O que nós não queremos é que se prolongue, se arraste por muito tempo”, acrescentou.
Ao ser questionado sobre a legislação em casos de acidente trágicos como o que vitimou seu filho, Viveiros afirma que as leis melhoraram muito com o tempo, mas que ainda precisam evoluir.
Em sua declaração, o procurador afirmou que a sociedade tende a “tolerar” os crimes de trânsito e, em muitos casos, acaba se identificando com o motorista que comete a infração.
“Observe que as campanhas feitas por aí têm enfatizado “não foi acidente”, “não se trata de acidente”. Essa é uma grande questão simbólica, até o nome que você se refere a esse fenômeno já indica uma absolvição ou uma diminuição da culpabilidade’, explica.
“Somos todos motoristas, todos nós nos identificamos com outro motorista, até o dia em que você é vítima desse acidente”, acrescentou.
O empresário Leandro Girotto, irmão da sobrevivente Hya Girotto
O empresário Leandro Girotto, irmão de Hya Girotto, também participou da reunião com a imprensa e reivindicou que a Justiça ordena que a motorista seja levada a júri popular.
“Queremos que a Justiça seja feita. Já são 1.236 dias desde que ocorreu o acidente. Ela precisa ser condenada pelo dolo que cometeu, porque ela assumiu o risco de fazer o que fez, infelizmente. É isso que nós queremos, Justiça para as três famílias.”, disse.
O acidente
Segundo a Polícia Civil, a bióloga seguia pela faixa de rolamento da esquerda quando, nas proximidades da Boate Valley Pub, atropelou os três jovens.
Com sinais de embriaguez, a mulher foi detida pela Polícia Civil e se negou a fazer o exame de “bafômetro”.
Diante disso, uma equipe da Polícia Civil elaborou um “auto de constatação de embriaguez”, que aponta sinais aparentes de ingestão de álcool.
Ela foi conduzida para a Central de Flagrantes para a tomada de medidas criminais e administrativas.
Fonte: MIDIANEWS
