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Notícias / Saúde

02/12/2017 | 10:23 - Atualizada em 03/12/2017 | 01:05

“É preciso trabalhar a educação, saúde e a sensibilização da pessoa”afirma Elizeth Araújo

Lesle Rondon

“É preciso trabalhar a educação, saúde e a sensibilização da pessoa”afirma Elizeth Araújo

Foto: Assessoria

 Na capital, as policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) recebem mais pacientes do que conseguem atender. Muitos chegam do interior do estado e se deslocam até a capital em busca de melhor atendimento. Porém, a demanda na rede pública local é grande e pacientes vivenciam situações dramáticas.
Em meio a este cenário a nossa entrevistada da semana a secretária municipal de Saúde, Elizeth Araújo, lidera a Pasta considerada desde sempre uma das mais problemáticas da Capital. 

Veja entrevista:

TVMais - Você pegou uma pasta que constantemente está em crise, com vários problemas, inclusive agora por não receber os repasses do governo, como é administrar uma pasta tão problemática?

Elizeth Araújo​ – Não é fácil, mas costumo dar a seguinte resposta: Nós temos hoje, uma das melhores equipes de gestão como um todo na saúde. Temos profissionais motivados, com vontade de fazer a diferença para Cuiabá. Em todas as áreas, começando pela equipe de assessoria de comunicação, de planejamento e a que está na ponta. Embora ainda tenha profissional que seja negligente, que não cumprem a carga horaria ou que não tem um bom trato ao usuário. Mas felizmente a maioria tem vontade. Está entendendo que vivemos um momento diferenciado e que a saúde precisa de pessoas sensíveis e compromissadas.

A crise na saúde pública, eu digo que ela não é só na saúde pública. Ela é em todos os espaços. Vivemos em um momento de envelhecimento da população. Estamos vivendo mais, mas estamos vivendo sem qualidade de vida. Com uma seria de doenças associadas, com graves problemas na área de alimentação, nos hábitos em geral. Inclusive a falta de prática de atividades físicas. E uma seria de outros fatores que tem influenciado diretamente no adoecimento da população.

Por outro lado, a nós não temos uma rede de saúde que de conta da demanda. Que demanda é essa? essa demanda da longevidade acompanhada por um adoecimento, é uma demanda da violência no trânsito, da violência externa, é uma demanda das doenças ainda muito presente embora seja histórica, bíblica, como a hanseníase, tuberculose. Ainda é um grave problema de saúde pública. Tem obesidade, a hipertensão, a diabetes que hoje é a que mais acomete a saúde das pessoas. Que tem levado a óbitos precoce pessoas com 30, 40 anos, de todas as classes sociais e de diversas faixas etárias. Inclusive atingindo crianças.

 Então a gente vive nesse cenário. E precisamos trabalhar a educação e saúde, a sensibilização da pessoa, que ela é a responsável pela saúde dela. É preciso que ela se comprometa a mudar hábitos, em respeitar o limite do outro também.

Nós precisamos investir em uma estrutura de rede de saúde na atenção básica que trabalha o cuidado a promoção da saúde e prevenção da doença. A gente só vai fazer isso, investindo em atenção básica. É claro, que a gente precisa melhorar o pronto atendimentos, ampliar os leitos hospitalares. Porque a população está doente e precisa de assistência. Só que junto a isso a gente precisa ofertar para que evite o adoecimento.

São ações que precisam caminhar juntas e não tem mais tempo para esperar. Porque eu digo que é difícil, mas se torna fácil hoje para a gente trabalhar? Primeiro porque a gente tem um prefeito que entendeu isso como prioridade na gestão dele, que é sensível ao sofrimento da população. E que quer fazer a diferença nessa área.

E também a gente contar com uma equipe que não tem hora para trabalhar, que está sempre à disposição. E acima de tudo, eu sou muito agraciada por Deus. Que com todas as dificuldades eu dificilmente adoeço. Às vezes eu choro, muito, por conta da pressão. Mas renova as energias, as esperanças.

 Eu sou da saúde pública desde quando eu tinha menos de 18 anos e eu tenho isso como meta de vida. Tenho uma família grande, com filhos pequeno e tento conciliar. É difícil, mas eu posso dizer que tenho paixão pela saúde pública e isso me motiva todos os dias a acordar e a tentar dentro de todas as dificuldades fazer o melhor para a população de Cuiabá e eu sei que isso vai impactar diretamente na população de Mato Grosso como um todo.

TVMais - O Pronto Socorro realizou no mês de novembro o Mutirão de Cirurgias Ortopédicas e foram feitas 60 cirurgias, que ainda é a demanda maior da unidade e a Prefeitura de Cuiabá anunciou um novo cronograma para novos mutirões o que você pode me falar sobre isso?

Elizeth Araújo - Nós estamos tentando ver se conseguimos fazer um mutirão por mês. Nós tivemos uma reunião com o comitê de crise. O Prefeito pediu que colocasse na lista de prioridades.

TVMais - O mutirão viraria rotina?

Elizeth Araújo​  - O ideal seria que não precisasse de mutirão, que a gente conseguisse fazer na programação de rotina. Mas ai me perguntam, porque não é possível? Porque para fazer cirurgias precisamos de leitos, você não pode fazer a cirurgia e mandar a pessoa para casa. Você precisa liberar leito para ele recuperar. Então a cirurgia está associada a disponibilidade de leito.

Então para fazer o mutirão como esse a gente faz mutirão de alta, desospitaliza algumas pessoas que pode ir para casa aguardar cirurgia. Chama outros que estão na lista, faz a cirurgia, manda aquele para casa e chama outro. Então isso é o planejamento.

Infelizmente isso não dá para fazer na rotina, por que você precisa tirar várias pessoas do atendimento rotineiro para planejar isso. Então, até que a gente amplie o numero de leitos. O que será possível com o novo Pronto Socorro. A gente vai adotando essas estratégias. A estratégia da desospitalização.

TVMais - Como que funciona a desospitalização?

Elizeth Araújo -  A desospitalização  é quando se tem uma pessoa que já tem tempo internado, já tem um diagnóstico, já está estável. O que ele precisa é continuar com o atendimento de antibiótico terapia, às vezes, alguns até com uso de oxigênio auxiliar. Você articula com a família, define se a família tem condições de receber ele em casa. Essa pessoa vai passar a receber assistência lá na casa dela. Ele vai receber o antibiótico lá, vai receber a visita do médico do centro de saúde, a visita da equipe da saúde da família em casa.

Seria um processo para implantar o programa ‘Melhor em Casa’. O Programa Melhor em Casa é isso, a pessoa que está em convalescência, naquela fase de uma doença crônica avançada. Até para você dar maior qualidade de vida para ela. Com uma relação mais humanizada. Deixa-la mais perto da família, principalmente por as vezes ser os últimos meses ou dias de vida dela. Você propiciar essa convivência com a família. Mas assistida por uma equipe médica, por uma equipe de enfermagem, com medicação e insumos que ela precisa. Isso é a desospitalização.

São situações possíveis serem feitas e que a gente já fez em momentos anteriores. Mas que não deu para colocar como rotina. Que nesse momento que voltou a estrangular o Pronto Socorro novamente com o fechamento dos hospitais do interior, a gente vai estar adotando essa medida de mutirão de cirurgias, de desospitalização e triagem e classificação de risco. Muitos casos que estão ali, nem precisaria estar ali.

Poderia ser assistido na UPA ou no hospital do município de origem dos pacientes e só vir para a cirurgia ou nem vir para a cirurgia. Ninguém vai ficar na rua. Vamos assistir e avaliar.

TVMais – E sobre o Programa Melhor em Casa, tem recurso para implantar?

Elizeth Araújo - O Ministério da Saúde ele assegura recursos. Tem vários municípios que já habilitaram esse serviço. No momento o ministério está sem financiamento para essa finalidade. Não está abrindo novos serviços. Mas diante da situação que nós vivemos, mesmo sem financiamento do ministério a gente está tentando junto com o estado buscar alternativas nesse sentido.

TVMais - Sobre o novo Pronto-Socorro. Como estão as obras, já tem uma previsão de quando será a entrega?

Elizeth Araújo –Nós estamos trabalhando com a meta de abril de 2018.A parte de equipamentos a gente finalizou o planejamento do pregão para o processo licitatório. E a parte de obras está em ritmo normal. O que estamos decidindo, em equipe, é sobre os equipamentos, pois agora é a fase de equipar, colocar automação, toda a parte elétrica, incluir elevadores e todo o resto da estrutura.
 
 

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