11/03/2023 | 08:43
Gerente e instrutores são afastados por suspeitas de torturar policial penal em Cuiabá
As sessões de tortura aconteceram no dia 3 de março, durante o Curso de Intervenção em Recinto Carcerário
Redação TV Mais News
Foto: Reprodução
Um gerente e cinco instrutores do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), suspeitos de torturarem uma policial penal em um curso da corporação, em Cuiabá, foram afastados do cargo nesta sexta-feira (10). A vítima contou que foi torturada após ter denunciado um caso de importunação sexual por parte de um colega de trabalho.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT) informou, por meio de nota, que determinou a suspensão imediata do curso no momento em que o boletim de ocorrência foi lavrado, afastou os policiais penais denunciados e abriu inquéritos para apurar a denúncia. Sobre o caso de importunação sexual, informou que também abriu um procedimento administrativo para apurar a denúncia.
As sessões de tortura aconteceram no dia 3 de março, durante o Curso de Intervenção em Recinto Carcerário (CIRC), aplicado pelo GIR.
Segundo a policial penal, o suspeito que cometeu importunação sexual teria passado a mão no corpo dela e também a espionado tomando banho na Penitenciária Central do Estado (PCE). Em outro momento, ela contou que o suspeito abriu a janela para olhar seis mulheres que trocavam de roupa. Depois disso, elas teriam sido coagidas a não comentar os episódios de importunação.
A Justiça determinou o afastamento dos integrantes do GIR, além do policial penal suspeito de importunação sexual contra a vítima. Após a denúncia, os suspeitos foram presos em flagrante, liberados no mesmo dia e tiveram os celulares apreendidos. Eles respondem ao inquérito por lesão corporal, coação no curso do processo, cárcere privado e tortura.
As agressões
Segundo a policial penal, a denúncia do crime de importunação sexual, ocorrido em novembro do ano passado, motivou a tortura no curso. Ela contou que foi vendada e levada a uma sala escura, onde ocorreram as agressões.
Conforme a vítima, dentro da sala, os envolvidos teriam a questionado sobre o motivo dela ter feito a denúncia. Ela se defendeu dizendo que o policial penal estava observando ela sem roupa pela janela do alojamento. Mesmo assim, os colegas não aceitaram a resposta e a acusaram de deixar a janela aberta propositalmente, segundo a vítima.
Segundo a agente, os suspeitos faziam de tudo para que ela desistisse do curso.
“Puxaram meu braço para bater o sino. Depois, me colocaram em uma viatura e falaram que iam me levar para um determinado local. Eu falei que não queria. Eles falaram que era a ordem do coordenador do curso me levar para esse local”, disse.
A policial contou que ela abriu a porta da viatura, saiu com os olhos vendados e pediu socorro.
"Uma senhora abriu a porta da casa dela e me escondeu debaixo de uma cama. Eles chegaram pedindo para ela abrir a porta, dizendo que eu estava em surto psicótico, que não estava em minhas condições mentais e eu pedia para ela não abrir", contou.
A vítima contou ainda que, durante exercícios de flexão no curso, teve as mãos pisadas e diziam que ali não era lugar para ela, que deveria estar "na cozinha, lavando vasilha". Além disso, a policial penal teve gás lacrimogêneo jogado diretamente nos olhos e na boca.
Quando a policial errava os comandos, os instrutores a faziam correr em volta da turma e a chamavam de "burra". Tal punição, conforme a denúncia, não acontecia com outros alunos.
(Com informações G1/MT)