O padre Denis Lucati Silvero, de 34 anos, denunciado por assédio sexual na última segunda-feira (8), aparece em um vídeo pegando na perna do artista de rua Luiz Gabriel da Silva Monteiro Valente, de 20 anos, e pedindo para o jovem mandar beijo para ele. O caso veio a público depois que áudios vazaram nas redes sociais e grupos de moradores de Primavera do Leste  (239 km de Cuiabá).

O padre confirma que o vídeo é verdadeiro, mas nega que tenha tocado no jovem e que a maneira em que falou era apenas uma "forma infantil de tratar ele".

O padre explicou também que existe realmente um problema trabalhista com o jovem, que já está sendo resolvido e que o artista de rua receberá o retroativo pelo tempo trabalhado na diocese. 

Após o caso repercutir, o religioso foi afastado da igreja que atuava. Segundo ele, esse é um procedimento comum, para que ele tenha tempo de se dedicar a esclarecer todo o ocorrido.

Leia a nota na íntegra:

Diante dos fatos ocorridos, informamos que a partir de amanhã, a pedido do bispo diocesano, o padre irá se ausentar das atividades por tempo determinado, porém as programações da paróquia continuam normais. O padre também informa que, em razão dos últimos acontecimentos, já registrou Boletim de Ocorrência, portanto, agora é necessário aguardar. Rezemos porque tudo irá se resolver e este é um bom momento de todos crescermos juntos. Padre Denis.


O jovem disse aos policiais, durante a confecção do boletim de ocorrência, que aceitou a proposta de emprego para poder fazer exames em seu filho autista e tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O caso

Após se conhecerem, o padre comprou um quadro feito pelo artista e repassou um Pix de R$ 100. Em seguida, o padre teria adicionado o Instagram do artista e os dois passaram a se comunicar constantemente.

Em seguida, de acordo com o relato, o padre teria feito contato com o artista oferecendo uma oportunidade de emprego na Paróquia Nossa Senhora do Carávaggio, em Primavera do Leste, com salário de R$ 2,5 mil “livre” e dizendo que ele “teria uma vida de príncipe”.

O artista contou que aceitou a proposta e, em seguida, pegou um voo para Mato Grosso. O padre, então, teria levado o jovem para comer, conhecer a paróquia e a próxima parada teria sido na casa do religioso, segundo a denúncia.

O jovem teria sido informado que dormiria no mesmo quarto que o padre. De acordo com o rapaz, na primeira noite correu tudo bem. Entretanto, na segunda noite, o padre teria passado a mão em suas partes íntimas.

O artista diz que se levantou, foi ao banheiro e preferiu ficar na sala da casa, sem saber o que fazer.

Nos relatos feitos por áudios, jovem diz que a situação se repetiu outras vezes. Com as recorrentes negativas, o padre passou a tratá-lo de forma grosseira, inclusive usando “palavrões”.

Porém, a situação se agravou na época da realização de um show pela paróquia, com a presença do DJ Alok.

Então, o padre teria comprado uma passagem de volta para o artista. Segundo o jovem, ele não questionou e seguiu viagem de volta pra casa no dia 24 de abril.

O padre Denis teria bloqueado o contato do jovem.


Ameaça e extorsão
O padre, por sua vez, também registrou boletim de ocorrência contra o artista nesse sábado (6).

Segundo ele, na sexta-feira (5), recebeu mensagens e áudios do jovem falando que criou um grupo de WhatsApp com algumas pessoas e que neste grupo divulgou algumas fotos, vídeos e áudios que atingiam a imagem do religioso.

Em seguida, teria entrado em contato para propor um acordo extrajudicial no valor de R$ 30 mil para resolver a situação toda.

O padre Denis disse que Luiz Gabriel exigiu um pagamento de R$ 100 mil para não divulgar as fotos e vídeos.

Luiz Gabriel, segundo o padre, teria entrado em contato com o bispo Dom Derek John Christopher Byrne, responsável por Primavera do Leste, pedindo R$ 20 mil para não divulgar as imagens, áudios e vídeos do padre.

Conforme o documento, o bispo solicitou as imagens, o que foi prontamente recusado pelo jovem, que condicionou o envio do material apenas mediante o pagamento.

Porém, como o bispo acreditou se tratar de um crime digital com extorsão, bloqueou o contato e comunicou o padre.

Luiz Gabriel entrou em contato novamente com padre Denis propondo um acordo solicitando o pagamento de R$ 50 mil. Com o passar das horas, foi reduzindo o valor até chegar ao montante de R$ 30 mil.