A disputa pela presidência da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) tem revelado aspectos fundamentais da política regional, e um desses aspectos é a urgência de renovação na gestão. É essa a análise de Gustavo de Oliveira, ex-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e presidente do Movimento MT Competitivo.

Oliveira enxerga legitimidade na candidatura de Neurilan Fraga, que busca seu quinto mandato consecutivo à frente da AMM, uma vez que a situação está em conformidade com o estatuto da entidade. Contudo, o empresário sinaliza insatisfação dos prefeitos com a gestão de Fraga, abrindo espaço para a candidatura de Leonardo Bortolin, prefeito de Primavera do Leste.

"Creio que é salutar estabelecer limites para as eleições das entidades. Isso favorece a alternância nas instituições, mas sobretudo permite que quem assume posições de liderança tenha como uma das diretrizes desenvolver novas lideranças, e não apenas focar na perpetuação no mandato", opinou Oliveira.

Na Fiemt, onde Oliveira presidiu, o estatuto previa um mandato de três anos, com possibilidade de reeleição por mais três. No entanto, o conselho da Federação optou por alterar a regra para um mandato único de quatro anos. "Foi uma mudança saudável para a instituição", avaliou Oliveira.

Quanto à AMM, a situação é distinta. O estatuto previa um mandato de dois anos, com elegibilidade apenas para prefeitos. Desde que Fraga assumiu a presidência pela primeira vez, há nove anos, foram realizadas mudanças sucessivas no estatuto, permitindo que ele se mantivesse no cargo mesmo não sendo prefeito e ampliando o período de mandato de dois para três anos.

A busca de Fraga por um quinto mandato tem gerado resistência de alguns prefeitos. Recentemente, Edelo Marcelo Ferrari, prefeito de Brasnorte, e outros cinco gestores municipais declararam apoio à candidatura de Léo Bortolin, adversário de Fraga na disputa.

Além do respaldo municipal, Bortolin já contabiliza o apoio de aproximadamente 60 prefeitos, bem como de deputados estaduais como Max Russi (PSB), Janaína Riva (MDB), Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), além de Carlos Bezerra, presidente do MDB Mato Grosso, e Juarez Costa, deputado federal.

No atual cenário, a disputa presidencial da AMM evidencia a necessidade de uma política de renovação, como forma de garantir uma atuação mais ativa e eficaz na defesa dos municípios mato-grossenses.