Os produtores rurais de Mato Grosso terão a oportunidade de conhecer as características e o desempenho de cerca de 60 variedades de soja em três municípios do estado. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) vai promover o Circuito do Conhecimento de Cultivares nas estações de Vitrines de Cultivares de Soja, em Sorriso, Nova Mutum e Itiquira, durante o evento Fundação MT em Campo Safra 2024, que acontece em janeiro.

O objetivo é fornecer informações técnicas e imparciais que auxiliem os agricultores na escolha da cultivar mais adequada para cada situação, levando em conta fatores como local e época de semeadura, resistência às pragas e doenças, adaptação às condições climáticas e qualidade dos grãos. A escolha correta da cultivar pode impactar significativamente na rentabilidade e sustentabilidade da produção agrícola.

A engenheira agrônoma e pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, Daniela Dalla Costa, destaca que as áreas de pesquisa também tiveram adiamento de plantio, assim como nas lavouras comerciais de boa parte de Mato Grosso. “Com o atraso da ocorrência e estabilidade de chuvas, em Sorriso implantamos apenas uma semeadura em 27/10. Em Nova Mutum conseguimos estabelecer as duas épocas, em 13/10 e 01/11 e, em Itiquira, em 20/10 e 03/11”, descreve.

“Nesta safra, as sementes obrigatoriamente passaram por uma situação de estresse. Na maior parte do Estado, tivemos temperaturas muito elevadas e falta de chuva na maioria das áreas cultivadas. É fundamental que nesse momento tenhamos sementes vigorosas para que elas consigam superar essas situações e estabelecer um estande adequado de plantas”, pontua. Ela alerta os produtores para que fiquem atentos às sementes que estão comprando.

Ela adianta que já há informações interessantes a partir da percepção de sensibilidade de materiais que apresentaram redução de estande por questões como vigor de sementes, estresse hídrico e temperaturas elevadas.

A pesquisadora lembra também que a equipe técnica da instituição tem avaliado que as densidades de semeadura utilizadas, a partir da recomendação das obtentoras, estão elevadas. E isto já é um consenso entre os produtores também. Um dos exemplos foi a safra passada, nos ensaios de Sorriso, onde a fertilidade de solo é alta e as chuvas se mantiveram do início ao fim do ciclo da cultura. As plantas com hábito de crescimento indeterminado cresceram muito e acabaram acamando.

“De 64 materiais em avaliação, boa parte poderíamos ter reduzido a densidade de semeadura”, completa.

O Circuito abordará ainda temas relacionados à fitopatologia, como a ocorrência de mancha alvo e podridão de grãos, além de debate sobre vigor de sementes, no Centro de Aprendizagem e Difusão (CAD) Norte, em Sorriso. Nos CADs de Nova Mutum e Itiquira, serão discutidos também a sensibilidade de cultivares à mosca branca e à ferrugem asiática, problemas comuns em semeaduras da oleaginosa no fechamento de janela como ocorreu na safra 2023/24. Em todas as áreas de conhecimento, o público terá informações sobre a sensibilidade dos materiais avaliados, como se comportam em diferentes locais, principalmente no que diz respeito às condições climáticas adversas, com atraso das chuvas no estabelecimento das semeaduras.