A escassez hídrica registrada nesta temporada de plantio de soja, principal safra do Estado, traz à tona a discussão de quanto a irrigação é necessária para garantir o cultivo de commodities e alimentos no Estado. Tanto que os requerimentos de outorga junto a Agência Nacional de Águas (ANA) saltaram de 3 pedidos em 2013 para 22 em 2023.
Os pedidos tem como finalidade o uso da água para lavouras de feijão e soja. Regiões afetadas pela escassez de água em períodos específicos do ano, como na região Centro-Oeste, algumas culturas e safras só se viabilizam com a aplicação suplementar de água nestes períodos.
Atualmente são plantados 293 mil hectares em Mato Grosso com sistema de irrigação especialmente em Sorriso, onde a técnica é utilizada para a produção de feijão. Outras cidades produtoras de grãos como Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste e Campo Verde também fazem uso da irrigação.
Um estudo encomendado pelo Governo do Estado irá identificar o potencial das águas subterrâneas e águas superficiais (rios, lagos), em Mato Grosso, visando aumentar a área da agricultura irrigada para garantir a produção de grãos, diante da redução gradativa das chuvas desde o ano 2000. O levantamento está em andamento e é realizado pelo Instituto Mato-grossense de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigação (Imafir), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade do Nebraska.
Mato Grosso tem capacidade de chegar a 4 milhões de hectares para produção com irrigação. O potencial do subsolo ainda é desconhecido e o estudo fará a identificação do que é possível utilizar pela agricultura.
O trabalho começará pela região de Primavera do Leste, na bacia do Rio das Mortes, e em Sorriso, na Bacia do Alto Teles Pires. A previsão de duração é dois anos.
As altas temperaturas durante todo o ano e a estação chuvosa tem garantido duas culturais anuais – 1ª e a 2ª safra – em Mato Grosso. Contudo, a mudança no regime de chuvas que cada vez pode prejudicar a segunda safra, que inicia geralmente em março após a colheita da soja, a principal cultura do Estado.
Para aumentar o ritmo de produção de grãos, Mato Grosso pode utilizar de 2 milhões a 12 milhões de hectares de áreas irrigadas.