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Notícias / Esportes

17/01/2018 | 09:55

Após "adeus", confira histórias nunca contadas de Ronaldinho no Galo

Irmão do craque confirma que meia não atua mais profissionalmente; projeto é fazer despedida oficial após a Copa do Mundo

Globoesporte

O fim da carreira de Ronaldinho Gaúcho chegou. O anúncio foi feito pelo irmão e empresário do, agora, ex-jogador, Roberto Assis, nessa terça-feira. Os torcedores devem guardar momentos mágicos da trajetória vitoriosa, histórica em alguns momentos dos 37 anos de vida do camisa 10. Nessa galeria está a torcida do Atlético-MG, que vivenciou o resgate do clube nos pés do craque.

No Galo, Ronaldinho virou filme, foi campeão da Libertadores e se tornou lenda. Após sua despedida oficial, o GloboEsporte.com reuniu depoimentos de profissionais que estiveram ao lado do R10 nos três anos em que ele atuou no futebol mineiro. Histórias nunca contadas ou pouco evidenciadas foram relembradas.


O projeto agora para o astro é uma série de atividades festivas após o Mundial de 2018, conforme confirmou o irmão Assis. Um jogo de despedida pelo Galo, assim como deve ocorrer pelos outros clubes de R10, deve ser negociado.

- Ele parou. Acabou. Vamos fazer algo bem grande, bacana, após a Copa da Rússia, provavelmente em agosto. Faremos vários eventos rodando por Brasil, Europa e Ásia. E, claro, estamos combinando um jogo com a seleção brasileira.

Alexandre Kalil em "O presente debaixo do braço"

Atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil embarcou no sonho do técnico Cuca e viajou para o Rio Grande do Sul para contratar Ronaldinho Gaúcho, logo após uma saída conturbada do Flamengo. O mandatário, que está marcado na história do Atlético-MG, relembrou uma passagem inusitada no dia da contratação do camisa 10.

- Único caso interessante que ninguém sabe é que, quando fechamos o contrato, o Ronaldinho perguntou: 'Presidente, que dia eu apresento?' Respondi para ele: 'Meu filho, quando eu entro numa loja e compro o presente, saio com ele debaixo do braço. Estou com um avião parado aí em Porto Alegre.' Dormi lá de domingo para segunda e, na segunda-feira, ele estava se apresentando ao Atlético. Ninguém sabia dessa história - disse o atual prefeito de Belo Horizonte.

Atlético-MG x Barcelona?

Presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG desde o ano passado, Rodolfo Gropen esteve junto com Alexandre Kalil quando Ronaldinho foi contratado. Mas foi depois de um ano de clube, após o título da Libertadores, que o camisa 10 fez uma confissão ao dirigente.

- Depois de um ano, alguns dias após a conquista da Libertadores, ele chegou para mim e falou:

- 'Eu nunca poderia imaginar que iria reviver a melhor fase da minha carreira, assim como quando cheguei ao Barcelona , um time que não ganhava, com uma torcida maravilhosa e que participei da reconstrução do Barcelona com grandes títulos, aqui no Atlético. Pensei que ali teria sido um momento único na minha vida. Estou impressionado que estou revivendo a mesma coisa no Atlético. Um clube grande, gigante, com uma torcida maravilhosa. Eu participei dessa reconstrução e ganhamos os melhores títulos. Deus me proporcionou isso, reviver o melhor momento do Barcelona aqui no Atlético.'

Fora essa declaração, Ronaldinho foi além dos laços entre a Catalunha e Minas Gerais para admitir ao diretor jurídico (à época cargo de Gropen no Galo) que tem outro sonho.

- O Atlético foi jogar contra o Fluminense no Rio, e ele já estava no Fluminense. A torcida do Atlético o saudou o tempo inteiro. A gente ganhou por 2 a 1 e ele foi para o nosso vestiário no fim do jogo. Nesse dia ele me disse que o sonho dele era fazer uma despedida entre Atlético e Barcelona. Espero que realize esse sonho.

Culpa do motorista

Eudes Pedro é auxiliar do técnico Cuca e foi campeão com ele no Atlético-MG. Ele viveu de perto muitas histórias do R10, entre elas uma marcante sobre um dos atrasos no craque, no dia em que a culpa sobrou para o motorista.

- Tem uma engraçada. O treino estava marcado para 10h. O Ronaldinho só chegava em cima da hora normalmente. Teve um dia que ele atrasou muito, o Cuca olhava para o relógio e nada dele chegar.

- O Cuca falou: 'Maluf, olha onde está o Ronaldinho?'

- O Maluf disse: 'Ele chegou 10h15, colocou a chuteira e desceu para o campo.'

- Aí o Cuca falou com ele: 'Poxa, Ronaldinho. Falei ontem que o treino era 10h.'

- O Ronaldinho respondeu: 'Oh, Cucão (era assim que ele chamava o Cuca), sabe quem é o culpado? É o meu motorista. Eu falei que era 10h, mas o meu motorista falou que era 10h15.' E todos começaram a rir. Posso dizer que ele era sempre engraçado, sorridente, muito feliz com ele mesmo e os companheiros - completou Eudes.

Linha de fundo e corrida para o ônibus

Imagine quantos pedidos de entrevista do mundo inteiro deviam chegar para Ronaldinho Gaúcho? O diretor de comunicação do Atlético-MG, Domênico Bhering, teve trabalho dobrado nos tempos de Ronaldinho na Cidade do Galo. Entre muitas histórias, ele recorda o dia em que o armador precisou simular uma ida à linha de fundo para correr e subir no ônibus.

- A gente estava jogando no México. Tem uma história que eu não sei a galera contou. Era um treino em Tijuana, em um local público, de grama sintética, pois era o gramado que iríamos jogar e tinha a adaptação. Eu recordo que tinham umas 4 mil pessoas no espaço e cerca de 20 policiais. O pessoal gritava 'Ronaldinho, Dinho', sem parar. O ônibus estava distante do campo. A distância da torcida era grande. Mas havia o receio de que invadissem a quadra assim que o treino terminasse. Então, fizeram um treino de finalização para ele ir à linha de fundo cruzar. Ele ia aproveitar e correr para o ônibus na sequência. Já estava tudo certo com o motorista. Quando a galera viu, já não dava mais tempo para alcançar. Correram e pararam em frente ao ônibus, gritavam e sacudiam o ônibus gritando 'Dinho'. Foi uma loucura.

Outros casos também foram citados pelo diretor do Atlético-MG, entre eles o do menino que saiu escondido da casa dos pais na Bolívia para dormir na porta da Cidade do Galo e conhecer Ronaldinho, além de outro garoto que deixou o Japão e foi ao Marrocos para pedir um autógrafo do astro. Porém, uma conversa após um jogo na Colômbia ficou marcada na memória do diretor atleticano.

- Teve um jogo na Colômbia em que duas mil pessoas estavam esperando para ver o Ronaldinho. Chegaram a avançar pra cima dele. Quando eu subi no ônibus, estava tudo muito corrido e acabei não achando lugar no primeiro andar, onde ficava a comissão técnica. Fui para o segundo e sentei ao lado do Ronaldinho. Fiz uma afirmação e uma pergunta para ele:

- 'Que loucura isso aí. Como você se sente?' Ele respondeu que não conseguia entender direito o significado de tudo.

- Aí eu completei: 'Você está vendo aquele cara parado lá fora?' Apontei para um torcedor específico encostado em um carro. Você não sabe nada sobre ele, nunca mais você vai ver a cara dele, mas ele sabe quase tudo sobre você. O mundo inteiro te conhece. Ele disse que nunca havia parado para refletir sobre isso, que não era algo que conseguia compreender.

Comemoração com Jô

O preparador físico Carlinhos Neves, que recentemente deixou o Atlético-MG, passou por todo o processo de Ronaldinho em Minas Gerais. Além disso, a convivência com o craque é longínqua, ultrapassando 30 anos. Entre as histórias da bola do camisa 10, Carlinhos guarda uma curiosidade: no dia em que Jô e Ronaldinho davam uma trombada no ar logo após o aquecimento, as coisas acontenciam em campo, conforme afirma o preparador. Porém, o movimento que se tornou marca registrada da dupla dependia da inspiração dos jogadores.

- Eu conheço o Ronaldo desde que ele tinha seis anos. Fui preparador físico quando o Assis jogava no Grêmio. Eu me lembro dos aquecimentos, quando os dois alongavam juntos. Eles faziam a comemoração da peitada. No dia em que faziam isso, era bucha (vitória). Quando terminava o aquecimento, que os dois davam o salto, que estavam inspirados, sempre dava resultado. Eu me lembro muito bem do jogo contra o São Paulo. Quando o Ronaldo ganha do Wellington, se não me engano, no lance do quarto gol, em que ele vira o rosto, jogada característica dele, e toca para o Jô marcar. Quando tinha a peitada no aquecimento, era resultado positivo em campo.

Cuca e o helicóptero

O técnico Cuca não quis dar muitos detalhes das histórias vivenciadas com Ronaldinho. Porém, lembrou de um episódio do dia em que Ronaldinho chegou ao Atlético-MG.

- Tem a chegada dele de helicóptero, com o Bernard e outros meninos que estavam na Cidade do Galo olhando incrédulos quando viram.

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