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Notícias / Cidades

05/02/2018 | 10:37

Ledur apresenta oitavo atestado médico para afastamento por mais 90 dias

A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT) alega que todas as licenças requeridas pela tenente são para tratamento psicológico, pois ela estaria em depressão profunda devido ao processo.

Repórter MT

A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, apresentou o oitavo atestado médico à corporação, desde que responde na Justiça pela morte do aluno bombeiro Rodrigo Claro, de 21 anos, que passou mal e morreu após treinamento aplicado por ela, em novembro de 2016.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros que esclareceu que o novo pedido prorroga o afastamento dela por mais 90 dias.

“Depois que ela passar pela perícia, será confirmada a autorização ou não para ela se manter afastada do trabalho. Após sair o laudo da perícia, o processo administrativo fica suspenso e segue suspenso durante o período de licença médica dela”, disse o assessor ao Repórter MT .

A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT) alega que todas as licenças requeridas pela tenente são para tratamento psicológico, pois ela estaria em depressão profunda devido ao processo.

O primeiro atestado que Ledur apresentou foi emitido em dezembro de 2016 e o segundo em março de 2017.

Em seguida ela apresentou um pedido de licença, quando seguiu afastada até maio. Depois, apresentou o quarto atestado, que estendia o prazo de licença até junho. O quinto documento apresentado autorizava a tenente a permanecer afastada até agosto de 2017.  

O sexto atestado garantiu seu afastamento até outubro. O penúltimo documento apresentado venceu no dia 13 de janeiro. 

Durante as licenças da tentente, a defesa da família Rodrigo Claro alegou que os procedimentos médicos seriam para ganhar tempo no processo.  

Tenente se irrita com licença médica de aluno

Durante a primeira audiência do processo, quando seis testemunhas de acusação prestaram depoimento, o soldado bombeiro Airton Arruda Santos, contou que a tenente se irritou ao receber um atestado médico entregue por Rodrigo Claro na semana do curso de salvamento.

“Claro tinha apresentado atestado médico na semana da prova de salvamento, que seria aplicada por Ledur, e isso a deixou bastante irritada”, afirmou.

O bombeiro revelou ainda que a tenente os deixava sozinhos durante os dias de curso e tinha um comportamento estranho com os alunos.

Julgamento

Além de ser exonerada da corporação, a tenente pode ser condenada a até 8 anos de prisão pelo crime de tortura. A defesa dela tentou converter o crime de tortura em crime de maus-tratos, mas a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, negou o pedido e manteve a audiência da ré.  

A defesa da tenente pediu que a ação contra a tenente deixe de tramitar na 7ª Vara Criminal de Cuiabá e seja remetida para a 11ª Vara Militar. O requerimento ainda será analisado pelo juiz Marcos Faleiros.

A família do aluno defende que o processo permaneça sob responsabilidade da Justiça Civil, contrariando o pedido da defesa. Jane Claro, mãe do aluno, acredita que na Justiça Civil ela pode ser realmente condenada.

"Na Justiça Militar ela vai ter mais possibilidade de ser livre desse processo e a gente tem a esperança que na Civil a justiça seja feita. Na Vara Militar pode acontecer [condenação], porém de uma forma muito mais branda", disse Jane.

A tenente se tornou ré no processo em julho de 2017, pelo crime de tortura, e passou a ser monitorada por tornozeleira eletrônica, conforme determinação da juíza Selma Arruda, que acatou a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), mas negou o pedido de prisão.

Em outubro de 2017, por decisão da Terceira Câmara Criminal de Cuiabá, do Tribunal de Justiça, ficou determinado que a tenente poderia retirar a tornozeleira. Na mesma decisão, a magistrada considerou que a tenente já estava apta a exercer funções administrativas dentro da corporação, mas ela nunca mais retornou ao trabalho. 

A ré nunca se manifestou sobre o caso e ao Repórter MT ela disse que já se sente julgada e condenada pela imprensa pelos fatos e por isso prefere não falar nada.

O caso

Rodrigo Claro era aluno do 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso e morreu no dia 15 de novembro de 2016. Ele passou mal durante aula prática de primeiros-socorros aquáticos na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, quando a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.

De acordo com a denúncia do MPE, a vítima demonstrou dificuldade para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios. Diante da situação, a tenente utilizava métodos abusivos nos treinamentos para puni-lo.

Depoimentos colhidos durante a audiência indicam que Rodrigo foi submetido a intenso sofrimento físico e mental. O MPE denunciou o "perfil perverso da tenente como instrutora".

Recentemente, o ex-aluno bombeiro Maurício Santos, que participou do 15º curso de Formação do Corpo de Bombeiros, afirmou ter sido torturado pela tenente Izadora Ledur. Maurício afirmou que estaria morto caso não tivesse desistido das aulas.

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