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18/02/2019 | 10:08

Após AVC, estudante cuiabana passa duas vezes para Medicina

Midia News

Após AVC, estudante cuiabana passa duas vezes para Medicina

Foto: Reprodução

Dois anos após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral) - , a cuiabana Katinayane Jaine da Silva Zolin, de 21, superou todos os prognósticos iniciais, ignorou as limitações impostas pelas sequelas e conseguiu dar o primeiro passo para a realização de seu maior sonho: tornar-se médica. Ela passou no vestibular para Medicina - não só uma, mas duas vezes, nas universidades Federal e Estadual de Roraima, em Boa Vista.

A jovem sofreu o AVC em novembro de 2016, cinco dias antes de fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para o qual vinha se preparando durante todo aquele ano. Ela ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Cuiabá por quase 60 dias. Depois foi transferida para o Hospital Júlio Muller, onde começou o processo de reabilitação.

Por causa do AVC, Katinayane ficou com o lado direto do corpo paralisado. E como ela era destra, passou por inúmeras dificuldades, incluindo ter que aprender a escrever com a mão esquerda e a se locomover sem a ajuda de cadeira de rodas.

“Eu era destra, mas como foi o meu lado direito que afetou, tive que fazer uma escolha: ou ficava treinando com o lado direito – e eu já estava no cursinho novamente e ia demorar muito tempo, e talvez nem voltaria –, ou reaprendia a fazer tudo com a esquerda. Então eu tentei com a esquerda”, conta.

“No começo eu usava a cadeira de rodas, mas depois passei a recusá-la. Falava para minha mãe: ‘Não, mãe, eu não nasci numa cadeira de roda. Eu vou andando’. Eu mancava bem feio, mas eu ia andando para os lugares”.

Mas a melhora não veio do dia para a noite. Antes de atingir o estágio atual de recuperação, ela precisou de muita fisioterapia e força de vontade.

“Melhorei bastante. No começo nem andava. Mas foi uma melhora bem lenta. Ainda tenho sequelas físicas, como por exemplo, na voz, respiração e principalmente na mobilidade. Mas na cabeça não afetou nada, graças a Deus”.

Vibrante ainda com a nova etapa em sua vida, Katinayane já arrumou as malas e se mudou com a mãe para Boa Vista, na sexta-feira (8).

Ela se matriculou na Universidade Federal na última semana. As aulas estão previstas para começar no dia 11 de março.

Hoje ela se diz preparada para começar a estudar novamente e afirma que ainda não acredita que tenha passado para o curso.

“Às vezes ainda nem dá pra acreditar. Não caiu a ficha. Medicina sempre foi o meu sonho, mesmo desde antes do AVC. E quando eu o tive, nunca pensei que não ia conseguir. Sempre tinha na minha cabeça: ‘é isso que eu quero e eu vou conseguir’”.

Olhar para o futuro

Já pensando em tudo que viveu e passou, a jovem diz que conseguiu extrair de toda a situação mais amadurecimento e aprendizado

“Hoje eu ganhei mais maturidade, tive que crescer e entender, porque mudou tudo na minha vida. Tive que aprender a lidar com isso. É uma coisa que mexe muito com a cabeça da gente, porque envolve a autoaceitarão, uma nova vida. Me considero muito mais madura depois disso tudo".

A estudante também diz que pensa em se especializar em neurologia. A ideia já havia passado pela mente, mas ganhou força mesmo quando sofreu o AVC.

“Meu sonho é ser neurologista. Eu já achava a área bastante interessante, mas depois do que aconteceu comigo, me deu mais vontade de conhecer sobre a neuro”, disse.

“Quando eu estava no hospital internada, lá no Julio Müller, que é um hospital-escola, então vinha muitos alunos e médicos e eu ficava olhando e pensava: ‘Daqui um tempo será eu que vou estar ali’. Pra mim é uma vitória muito grande”, comemora.

Sobre os planos para o futuro, a estudante diz que pretende ficar em Roraima durante todo o curso, mas que pretende retornar a Cuiabá.

Me sinto feliz, parece que estou vivendo um sonho. Deus é muito maravilhoso, não dá nem para descrever”.

Relembre o caso

Katinayane começou a apresentar os sintomas do AVC no dia 1º de novembro de 2016. Ela foi encaminhada para o hospital, onde os médicos solicitaram uma ressonância magnética.

Os médicos recomendaram que ela voltasse para casa e ficasse em repouso.

A família disse que, após voltar para casa, ela já sentia fortes dores e o lado do direito do rosto estava paralisado.

Seu quadro de saúde então piorou, motivo pelo qual foi encaminhada para o Hospital Jardim Cuiabá.

Nesta unidade, foi diagnosticado que ela sofreu um AVC.

A equipe médica tomou as providências e, ciente de que a família não poderia arcar com as despesas do local, ajudou na transferência para o Pronto-Socorro de Cuiabá.

Katinayane deu entrada na unidade por volta das 20h.

Ela ficou na unidade até o dia 20 de dezembro, quando deixou a UTI e foi transferida para o Júlio Muller. Em janeiro de 2017, recebeu alta.

 
 
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