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22/08/2019 | 11:29

Plano de gestão pode transformar Centro Histórico de Cuiabá no primeiro sustentável do mundo

Olhar Direto

Plano de gestão pode transformar Centro Histórico de Cuiabá no primeiro sustentável do mundo

Foto: Reprodução

As discussões sobre o Centro Histórico de Cuiabá já se arrastam há muitos anos. Desde 2002, por exemplo, já se falava sobre o rebaixamento dos fios elétricos. O tombamento pelo Iphan data de 1987, mas basta andar pelas ruas para ver que a situação não é das melhores. Tentando – mais uma vez – mudar a realidade, um grupo de ‘Amigos do Centro Histórico’ organiza uma série de ações envolvendo o poder público e a sociedade. Uma delas é um plano de gestão, que deve ser entregue no próximo mês de março, e tem por objetivo transformar o espaço no primeiro Centro Histórico Sustentável do mundo – o que abre portas para recursos internacionais para tirá-lo do papel.

Quem está à frente desta iniciativa é o arquiteto Eduardo Quileto – que há muitos anos luta pelo Centro Histórico. Em dezembro de 2018 ele assumiu a coordenação nacional da Parceria para Ação pela Economia Verde (PAGE, na sigla em inglês), uma iniciativa global do PNUMA, da OIT, do PNUD, da UNIDO e da UNITAR (agências da Organização das Nações Unidas – ONU), e iniciou um professo de contratação de licitação em cima de um termo de referência internacional, para que algumas entidades pudessem assumir o plano de gestão para o centro histórico. Quem venceu foi a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Academia de Arquitetura e Urbanismo (AAU).

A ideia, seguindo a linha da PAGE, é que o plano seja de um Centro Histórico Sustentável - que seria o primeiro do mundo. Para isso, é necessário que a Prefeitura de Cuiabá contrate a empresa inglesa ‘BRE Global’, que emite o selo de sustentabilidade.

Até o momento, a Prefeitura já assinou um memorando de entendimento com a empresa, mas falta a efetiva contratação. “Isso abre portas para recursos internacionais, porque a gente sabe que o projeto pode ser lindo, mas a prefeitura não tem dinheiro, o Estado não tem dinheiro... então seria um projeto lindo, sem recursos”, explica o arquiteto.

A partir da entrega do Plano de Gestão em março, mais um pequeno prazo para que ele seja certificado como sustentável, o próximo passo seria buscar estes recursos, para tirar as ideias do papel. “A ideia é ter esse selo, e abrir portas para conseguir recursos internacionais para a gente fazer um trabalho no Centro Histórico como um todo. Porque o trabalho que está sendo feito são trabalhos pontuais. O prefeito tinha me chamado no início de 2018 porque ele queria que a gente fizesse alguma coisa. Mas eu disse, prefeito, o que o senhor está fazendo é acupuntura no Centro Histórico. É uma coisinha aqui, outra ali, isso não resolve o problema do Centro Histórico, é muito maior...”, lamenta Eduardo.

Hoje, no entanto, os pensamentos estão alinhados. Francisco Vuolo, secretário de Cultura, Esporte e Turismo, contou ao Olhar Conceito que a vontade do prefeito é deixar um plano diretor para o Centro Histórico, voltado para os vieses social, econômico e arquitetônico-estrutural. “Desenhando isso, nós temos condição de deixar algo que tenha, independente da gestão que vá assumir a posteriori, a continuidade das ações. Esse é o grande desafio, que infelizmente ao longo dos anos se perde. Entra um gestor, define ações pontuais, e entra outro, entende que aquilo não é interessante, muda... e essas mudanças constantes fazem com que não tenhamos um desenho de onde nós queremos chegar, em especial, com o Centro Histórico”.

PAGE

A Parceria para Ação pela Economia Verde (PAGE, na sigla em inglês) é uma iniciativa global criada pelas agências da Organização das Nações Unidas (ONU): a Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e o Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (UNITAR). Ela surgiu durante a Rio+20, em 2012, quando se discutia mudanças climáticas.

“As cinco agências da ONU se reuniram e perceberam que não adianta mitigar as mudanças climáticas tratando só a questão ambiental e a questão social, porque o desenvolvimento econômico deveria estar dentro desse processo”, explica Eduardo.

No início, a parceria era feita somente com países. Em 2016, no entanto, foi feita uma parceria com o governo de Mato Grosso (coordenado pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social), que se tornou o primeiro estado sub-nacional a ser parceiro do projeto. 

A ideia do Plano de Gestão sustentável foi apresentada na última sexta-feira (16), durante um debate entre a Page em Mato Grosso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Geográfico (Iphan) e a Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. O debate foi uma ação da Semana do Patrimônio Histórico, organizada pelos Amigos do Centro Histórico de Cuiabá.
 
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