Durante reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na manhã desta terça-feira (27.08), em Brasília, o governador Mauro Mendes (MDB) defendeu que entre 2 a 5% dos territórios indígenas possam ser utilizados de forma rentável, tanto para que os índios possam ter fonte de renda, como para ampliar as riquezas dos Estados.
A afirmação foi feita durante reunião com governadores da região da Amazônia Legal. Mauro Mendes ainda citou o exemplo dos índios da etnia Paresi, de Campo Novo do Parecis, que produzem soja em menos de 2% de sua área e foram multados pelo Ibama, apenas por terem o desejo de trabalhar e sustentar de forma digna a tribo.
Mendes afirmou que é preciso retirar as riquezas das terras indígenas. “É hora, presidente, de nós, sob a sua liderança, com a sua coragem, com a competência da sua equipe, botarmos o dedo na ferida. Não queremos tirar o indígena, não, nós queremos as riquezas que lá estão. Para tirar essas riquezas, nós podemos afetar 1%, 2% dessas áreas, não mais do que isso. Não podemos ter uma casa com um quadro na parede que vale milhões e ter os nossos filhos passando fome. E é isso que acontece nesse país”.
Os governadores da Amazônia Legal entregaram ao presidente o plano estratégico realizado pelos chefes de Estado para o desenvolvimento da região.
ALINHAMENTO
Mendes tem o discurso alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro, que gastou boa parte da reunião com governadores da região da Amazônia Legal discutindo a demarcação de reservas indígenas. Após a fala de cada governador, ele perguntava qual o percentual em cada estado de demarcações e de áreas de proteção ambiental.
O presidente disse que por trás das demarcações há uma tentativa de "inviabilizar" o país:
“Muitas reservas têm o aspecto estratégico. Alguém programou isso. O índio não faz lobby, não fala a nossa língua e consegue hoje em dia ter 14% do território nacional. Uma das intenções é nos inviabilizar”, afirmou Bolsonaro, sem entrar em detalhes.
DESMATAMENTO
O governador defendeu parcerias para combater o desmatamento ilegal na Região Amazônica e também que os recursos para o combate aos incêndios florestais sejam compartilhados com os Estados.
Ele lembrou que Mato Grosso foi um dos únicos Estados que diminuíram o desmatamento no período 2018-2019, com redução de 17%, se comparado ao período 2017-2018.
“Precisamos combater o desmatamento ilegal, porque temos a certeza de que ninguém aqui coaduna com a atividade ilegal”, afirmou.
Na avaliação do governador, o compartilhamento dos recursos se faz necessário por serem os Estados os conhecedores da realidade local, o que facilitaria o trabalho das equipes na contenção e eliminação dos focos e também no combate aos incêndios.
Mauro Mendes reforçou a necessidade de construção de uma comunicação eficiente sobre o país, tanto interna, como externamente.
“Precisamos ter foco e aperfeiçoar a comunicação com o Brasil e com o mundo”, disse, se referindo aos assuntos relacionados ao meio ambiente, principalmente pelo país depender do agronegócio e do comércio com outras nações. (Com O Globo e assessoria)