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Notícias / Polícia

05/09/2019 | 08:44

Presos por ameaçar alunos e tentar ocultar provas, donos de universidade ostentavam dinheiro de fraude no Fies

Olhar Direto

Presos por ameaçar alunos e tentar ocultar provas, donos de universidade ostentavam dinheiro de fraude no Fies

Foto: Reprodução

O dono da Universidade Brasil em Fernandópolis, José Fernando Pinto da Costa, de 63 anos e o filho dele, que também é sócio do grupo educacional, presos em operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (03), teriam ameaçado os alunos que denunciaram as fraudes e tentado ocultar provas. Nas investigações, as autoridades descobriram que eles ostentavam o dinheiro arrecadado com o ato criminoso, já que possuíam imóveis no interior, aeronaves e carros de luxo. A ação cumpriu mandados em São Paulo e Mato Grosso.

No decorrer das investigações, a PF identificou ameaças proferidas pelo dono da universidade aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades.
 
De acordo com as investigações, os empresários estariam investindo os recursos obtidos com as fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior, além da compra de aeronaves (helicóptero, jatinho e avião) e dezenas de veículos de luxo, que estão sendo bloqueados nesta data.
 
A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões.
 
Durante oito meses de investigações, a PF apurou as informações recebidas e concluiu que o líder da organização criminosa é o próprio dono da universidade, que também ocupa o cargo de reitor. Eles, não só tinham conhecimento, mas também participavam dos crimes em investigação. Uma estrutura formada por funcionários e pessoas ligadas à universidade dava condições para que as fraudes fossem realizadas.
 
Entre estes alunos, que compraram suas vagas e financiamentos, existem filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do Fies, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal.

Com a sistemática atual de inclusão de dados e aprovação do Fies pelas próprias universidades privadas (beneficiárias dos recursos que aprovam) a PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.

Operação

No total, são aproximadamente 250 policiais federais que cumprem 77 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Jales/SP nas cidades paulistas de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul, São João das Duas Pontes e Água Boa, em Mato Grosso.

Entre as ordens estão 11 prisões preventivas, 11 temporárias, 45 buscas e apreensões e dez medidas cautelares (alternativas à prisão). A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões.

Todo o material apreendido será encaminhado para a PF em Jales/SP para a realização de análise no interesse das investigações em curso. Os presos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão. Eles serão ouvidos e posteriormente conduzidos para cadeias da região de cumprimento da prisão onde permanecerão presos à disposição da Justiça Federal.

O nome da operação Vagatomia foi utilizado em alusão ao termo “tomia” que significa “corte”, comumente utilizado em palavras que denominam procedimentos cirúrgicos. Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e FIES, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do Governo Federal sofriam com o corte das vagas disponíveis.
 
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