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02/12/2019 | 10:22

Psicólogos realizam atendimento gratuito no Mãe Bonifácia

O Livre.com

No Parque Mãe Bonifácia, uma vez por mês tem gente dando uma pausa nos exercícios para uma conversa que pode durar até 40 minutos. Disposto a escutar, está alguém que não vai fazer julgamento ou direcionamento.

O ouvinte é um dos profissionais da Psicologia que se engajou no projeto “Escuta no Parque”.

Há três meses um grupo de psicólogos tem realizado um plantão gratuito na praça central – perto da entrada pela Avenida Miguel Sutil – para ouvir um desabafo e, até mesmo, atender um pedido de ajuda.

As psicólogas Cinthia Farinha e Mauriene Tizzo coordenam o projeto que, além de promover uma escuta sensível, também tem o objetivo de desmistificar a ideia de que quem precisa de psicólogo é “louco”.

No dia 15 de dezembro, o “grupo das cadeiras de praia” volta ao Mãe Bonifácia.

“É que formamos um círculo na praça central do parque e ficamos sentados em cadeiras de praia”, se diverte explicando que a cadeira escolhida é leve e facilita a mobilidade para encontrar um cantinho para uma conversa tranquila.

Quebrando tabus

“A gente quer mostrar que ser atendido por um psicólogo não é um bicho de sete cabeças, que não estar se sentindo bem e ser acolhido por um profissional não é o fim do mundo”.

Segundo Mauriene, hoje em dia, são populares termos como bipolaridade, transtorno alimentar, Transtorno Obsessivo Compulsivo, ansiedade e depressão, mas “falta popularizar a psicoterapia, que é bom procurar um psicólogo”.
           
E é isso que o grupo está fazendo. “Afinal, como poderemos oferecer ajuda a quem está em sofrimento se ficamos à sua espera no consultório?”.

E Cinthia Farinha ressalta que não se trata de divulgar psicólogo ou consultório, mas sim, promover a Psicologia.

“Todos os profissionais que formam a rede são orientados quanto a isso e, para participar, é preciso boa vontade, comprometimento e experiência. O primeiro requisito é que esteja credenciado ao Conselho Regional de Psicologia”.

A inspiração para o projeto em Cuiabá veio de uma experiência no Parque Ibirapuera, em São Paulo, que vem sendo realizada nos mesmos moldes, desde abril. Mauriene comentou com Cinthia, que logo colocou a ideia em prática, fazendo os primeiros contatos.

Mauriene ressalta que objetivo é popularizar a psicologia (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)
A primeira edição veio em momento bastante oportuno, no Setembro Amarelo, mês de campanhas de prevenção ao suicídio.

“No Brasil, há cada 45 minutos uma pessoa tira sua vida. Se no parque estão cuidando da saúde física, é um bom lugar para estimularmos a reflexão para os cuidados com sua saúde mental”.

Afinal, o sofrimento da alma não é detectado em exames.

E o projeto Escuta no Parque tem sido muito importante, a ponto de 70% dos atendimentos do mês de novembro terem sido feitos para pessoas que foram até lá exclusivamente para buscar atendimento dos psicólogos do projeto.

Ajuda profissional é diferente
Mauriene destaca que há a diferença entre a conversa com o psicólogo no parque e a de um amigo na mesa de bar.

“O psicólogo vai te ouvir e não vai fazer julgamento, não vai direcionar uma decisão, como um amigo pode fazer. Ela usa uma técnica, há uma ciência atrás da escuta”.

E Cinthia ressalta que, se identificada a urgência de uma psicoterapia, o psicólogo vai recomendar, inicialmente, algum atendimento na rede pública. “Temos uma rede de contatos de policlínicas, capes, plantões universitários”.

“A prioridade é fazer com que a pessoa desperte para a importância da psicoterapia, da busca pelo autoconhecimento, para que ela possa se desenvolver e adquirir ferramentas para lidar com as situações que lhe deixam mal. A gente cuida da saúde física, vai ao médico, mas que horas olhamos para a saúde mental? Dizem até que o intestino é o segundo cérebro, mas e da cabeça, quando vai cuidar?”.

A psicóloga explica que os profissionais que se sentem mais à vontade realizam abordagens no parque. Depois da acolhida, pedem que a pessoa preencha uma ficha com nome e idade. Dados para um balanço do projeto.

“Porque tudo o que se fala é sigiloso, não sabemos de nada, mas confiamos nas orientações, afinal, são todos profissionais”, diz Cinthia.

Segundo ela, ao lado de Mauriene, supervisiona os atendimentos.

Elas já têm calendário para o próximo ano e sonham com a possibilidade de estender os atendimentos gratuitos a outras regiões da cidade, incluindo outros parques e também escolas. Se for o caso, ministrar palestras em empresas ou organizações públicas.

A propósito, na última edição tiveram a oportunidade de falar sobre o projeto com uma personalidade ilustre. “[O governador] Mauro Mendes passava por lá e foi abordado”, conta Mauriene. “Ele gostou do que ouviu e diz que volta com a primeira-dama, Virgínia, para saber mais sobre o Escuta no Parque”.

Confira as próximas edições do Escuta no Parque:

Janeiro:12/01
Fevereiro: 09/02
Março:08/03
Abril:05/04
Maio:10/05
Junho:14/06
 
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