Vereador de segundo mandato, Thiago Muniz (PPS) tem sido uma das poucas vozes da oposição dentro da Câmara Municipal de Rondonópolis. Crítico da atual gestão, ele não considera um radical, mas um vereador que exerce a função de fato e de direito do mandato: o de fiscalizar.
Empresário do setor da construção civil antes de ingressar na vida político-partidária, Muniz aponta na entrevista da semana quais são os principais desafios do atual prefeito, Zé Carlos do Pátio (SD), que derrotou nas urnas em outubro o primo de Thiago e ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz.
Aliás, Thiago reforça que Percival continua sendo o condutor do PPS em Mato Grosso e que o partido está sim se mobilizando para ter nomes na disputa eleitoral de 2018.
TV MAIS NEWS - Como tem sido seu segundo mandato como vereador em Rondonópolis?
THIAGO MUNIZ – Tenho buscado ser muito ativo e independente da atual administração. É um trabalho dinâmico, com muitas ações, e tenho focado na fiscalização e alertado para os problemas que a cidade enfrenta. Procuro atuar em todas as áreas, com atuação mais forte na área de construção civil que é uma área que eu já atuo empresarialmente. Mas procuro acompanhar todos os setores, contribuindo de forma a alertar os problemas como questões nas áreas da saúde, da educação.
TVMN – Seu primeiro mandato foi ao lado da gestão, já que era do mesmo partido do ex-prefeito, Percival Muniz. Como tem sido o desafio de ser oposição com a gestão de Zé do Pátio?
THIAGO MUNIZ – Acredito que o maior desafio tem sido ser a voz da maioria da população que não concorda com o estilo de Zé do Pátio em administrar. Não tenho nada contra a pessoa do prefeito, mas a minha posição política é de defender esses mais de 70% de moradores que não aprovam o estilo centralizador do prefeito em administrar a cidade. Uma visão que não é voltada ao desenvolvimento da cidade. Minha visão é de que a cidade tenha tolerância com suas diferenças, saiba conviver com todas as classes sociais, e não colocar uma contra a outra. É um estilo excludente de classes o que vemos na gestão dele, e nossa função tem sido evitar isso.
TVMN - Você tem sido um dos únicos da oposição, como é a relação dentro da Câmara onde a maioria está com o prefeito?
THIAGO MUNIZ - Sou muito transparente com as minhas convicções e os colegas sabem das minhas posições políticas. Não me considero uma oposição radical. Uma prova são minhas votações, aquilo que é bom pra cidade eu aprovo. Não tenho uma postura de perseguição à gestão, usar artimanhas para atrapalhar a gestão. Mas tenho alertado os caminhos que acredito que não sejam corretos. Eu quero contribuir com uma visão da qual não vejo na atual gestão. Respeito muito os demais colegas. Com relação ao PPS, somos independentes da atual gestão. Não temos cargos.
Estávamos no poder até 31 de dezembro de 2016, uma administração que fez realizações importantes para a cidade em todos os setores, como a saúde com a inauguração da UPA. Tivemos um avanço muito grande na área da Educação, com ampliação de creches e número de vagas. Na área de infraestrutura foram mais de 50 quilômetros de asfalto na cidade, em bairros com problemas crônicos. Nova avenida, nova ponte.
A gestão passada concluiu 95% do complexo que liga a cidade ao Distrito Industrial, por exemplo, e ficaram 10% de uma ligação. Até hoje está do mesmo jeito, com dinheiro em caixa, licitado, em quase um ano não consegue avançar. A gente vê uma diferença gritante de gestões. Infelizmente a gente vê piora nos serviços públicos, na cultura que acabaram com a orquestra infantil, estão destruindo a Secretaria de Cultura. A falta de merenda nas escolas. No trânsito, por exemplo, está muito precário. Não é isso que a gente quer. Entramos na vida pública para melhorar os serviços públicos e não é isso que temos visto.
TVMN – Na sua visão, qual o maior desafio do prefeito Zé do Pátio?
THIAGO MUNIZ - Vejo que o maior desafio do Zé do Pátio é governar para todos. Não fazer distinção entre pobre e rico, sem perseguição de rico ou de pobre. O prefeito quando é eleito é eleito para ser prefeito de todos. O maior desafio do Zé é mostrar que é um bom gestor público. É ele preparar a cidade para o desenvolvimento. É uma cidade que cresce muito, e ele tem que unir a cidade, as pessoas, acolher a todos, facilitar a vida de todos, ser um prefeito facilitador em prol do desenvolvimento. Deixar que a cidade caminhe e cresça ordenadamente.
Ele precisa delegar mais, confiar mais, inclusive na própria equipe, precisa ser um prefeito mais livre, mais solto, mais parceiro, buscar parceiros que façam com que a cidade vá pra frente. Eu vejo que muitas vezes no Brasil o que ocorre é que o poder público atrapalha o desenvolvimento, enquanto o poder público deveria ser o propulsor do desenvolvimento. Então o desafio do Zé é ser um prefeito desenvolvimentista.
TVMN – Como o PPS tem se preparado para 2018?
THIAGO MUNIZ - Sou a favor que o PPS tenha candidatos em 2018. É um partido que contribui muito no cenário e defendo que o PPS una a experiência com a renovação, e temos esses quadros. Temos o ex-prefeito Percival, por exemplo, que foi deputado constituinte, foi prefeito por três vezes em Rondonópolis, tem uma experiência política imensa. Ajudou a construir grandes alianças que foram importantes em Mato Grosso, e Percival tem muito o que contribuir ainda na política.
Com certeza o Percival será nosso condutor nesse processo aliado a uma renovação que temos no partido e que estão prontos para disputar. Temos o vereador Fábio Cardozo, a ex-secretária de Educação Ana Carla Muniz, temos outros quadros ativos no partido que, com certeza, farão parte do cenário enquanto candidatos.
TVMN – Você está incluso? Se sente preparado para uma disputa em 2018?
THIAGO MUNIZ - Preparado eu me sinto, mas eu vejo que a política atravessa um momento muito difícil. Eu não tenho feito articulação nesse sentido. Não tenho percorrido outros municípios, tenho focado mesmo na questão local, percorrendo Rondonópolis, tentando contribuir com a minha cidade. Hoje eu seria a última opção do partido, porque realmente não tenho trabalhado pra isso. Mas como temos bons nomes, com certeza vou estar junto e contribuir ajudando os candidatos, e não necessariamente sendo um candidato em 2018.
TVMN – Falando em eleição estadual, como avalia o governo Pedro Taques de quem o PPS sempre foi aliado?
THIAGO MUNIZ - Veja bem, tem acertos e erros. Eu vejo que o governador, que eu ajudei desde quando foi candidato a senador, pode melhorar. Me lembro que quando ele vinha a Rondonópolis ele ficava na casa do Percival naquela época. Então eu o vejo como uma pessoa bem intencionada. Mas a situação do país não tem facilitado para o gestor público e isso deve ser levado em consideração.
Acredito que ele deva delegar mais, ter mais confiança na equipe, descentralizar mais o governo, fazer ações que ajudem mais no desenvolvimento, tirar as amarras burocráticas do Estado. Pode ser um governador melhor, mas entendo que o momento em geral é difícil. Não critico e nem elogio, mas acredito que Pedro Taques pode melhorar.
