Imprimir

Imprimir Notícia

30/06/2020 | 12:18

FGV nega que nomeado para o MEC tenha sido professor efetivo na instituição

A Fundação Getulio Vargas (FGV) negou, por meio de nota, que Carlos Alberto Decotteli, escolhido por Jair Bolsonaro para ocupar o Ministério da Educação (MEC), tenha sido professor das escolas da instituição. Segundo a fundação, ele atuou como professor colaborador "apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos".

Em seu currículo, Decotelli aponta ter sido professor na FGV, entre 2001 e 2018, sem especificar o tipo de relação com a instituição, indicando um vínculo efetivo. No meio acadêmico, a prática pode ser considerada pouco transparente, uma vez que há formas de denominar a vinculação como "colaborador". A fundação ressalta ainda que o ministro "não foi pesquisador da FGV, tampouco teve pesquisa financiada pela instituição”.

Uma série de inconsistências foram apontadas no currículo acadêmico de Decotteli, publicado por ele na plataforma Lattes, nos últimos dias. Com a repercussão dos dados maquiados no documento, a posse do novo ministro, que estava marcada para esta terça-feira (30), foi suspensa. Auxiliares do presidente admitem que a situação do novo ministro da Educação no governo é 'complicada' e que sua permanência está em risco.

Decotteli chegou a alterar o currículo na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), depois que o reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina) revelou que o ministro não tem o título de doutor pela instituição. Agora, consta apenas que Decotteli cursou os créditos.

Há ainda acusações de que o titular do MEC teria plagiado trechos da dissertação de mestrado apresentada em 2008 na própria FGV. O ministro negou que tivesse tido a intenção de fraudar o trabalho.

Ontem, outra distorção no currículo de Decotelli ficou evidente. Mesmo sem ter doutorado, continuava constando na plataforma Lattes um "pós-doutorado" que ele diz ter feito na Universidade de Wüppertal, na Alemanha. A instituição confirmou ao GLOBO que Decotelli fez uma pesquisa na universidade em 2016, por três meses, mas destacou não ter emitido qualquer título a ele. Um pós-doutorado não é um título acadêmico formal, mas é um termo usado em referência apenas a pesquisas feitas após um acadêmico obter um título de doutor — pré-requisito que Decotelli não tem.

Procurado para comentar sobre a nota da FGV, o MEC não respondeu até a publicação deste texto.

Fonte: O Globo
 
 Imprimir