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Imprimir Entrevista

24/08/2020 | 21:07 - Atualizada: 24/08/2020 | 21:15

"Evento hoje para ser viável para a cidade e a economia, tem que ser no mínimo de 500 pessoas.."

Caio Dias

O Governo de Mato Grosso publicou, na última sexta-feira (21), novo decreto permitindo a realização de eventos sociais e empresariais e exibição de filmes nos cinemas e espetáculos teatrais com capacidade limitada, durante a pandemia.

O Decreto nº 605 foi publicado em Diário Oficial Extra e autoriza a retomada gradual do setor de eventos, que é um dos ramos mais prejudicados pela pandemia do coronavírus e está praticamente paralisado desde março.
Semana passada, conversamos com a Alcimar Moretti, hoje vamos falar com o Jaime Okamura, que é um dos principais responsáveis pelas feiras, congressos e eventos empresariais de Mato Grosso.

Como é ser uma referencia em um setor imenso como esse?

“É tranquilo, porque hoje em dia com o avanço da internet, dependo agora do trabalho de cada pessoa. Eu estou há mais de 40 anos mexendo com a área de eventos e uma das coisas que eu digo sempre para quem está iniciando, principalmente para quem trabalha no setor de turismo e eventos, nunca podemos descuidar do marketing e isso mantem você constantemente atualizado e vivo, e os nossos clientes sabem que você está atuando, porque muitas vezes falam: “Não vejo mais você trabalhando”, por isso sempre falo que sempre quem mexe com essa área de turismo e eventos, tem que trabalhar sempre com marketing, estar presente e mostrando a cara, porque o cliente gosta desse detalhe”. Comentou Jaime.

As feiras de negócios serão retomadas agora com esses decretos estadual e municipal?

“Ainda não, as feiras serão retomadas em uma segunda etapa, agora foram autorizados congressos e seminários empresariais e científicos até 200 pessoas, eventos sociais cumprindo todas as etapas do protocolo de biossegurança, principalmente com a separação de no mínimo 1,5m de cada um, então terá essa intercalação para que não haja aglomeração”. Declarou Jaime;

Tem uma ideia de quantos eventos foram cancelados por conta dessa pandemia?

“Praticamente todos os eventos de 2020 foram cancelados, esse ano o nosso calendário já não se fala muito, porque com a liberação apenas de 200 pessoas serão reduzidos a nível local somente, a nível nacional não temos como realizar esse ano, pois não tínhamos a ideia de quando iria retomar e precisa de no mínimo de três a quatro meses, para agilizar na comunicação. E como estava pendente, difícil e esse ano deve ter sido cancelado em Cuiabá, mais de 100 eventos, entre pequenos, médios e grandes”. Declarou Jaime;

Quando se fala em evento para 200 pessoas, é um evento considerado pequeno?

“Isso, pequeno mesmo, evento hoje para ser viável e inclusive para a cidade e movimentar a economia, tem que ser no mínimo de 500 pessoas, para ser chamado de eventos não pequenos”. Comentou Jaime;
A expectativa é que aumente gradualmente a liberação dos eventos de porte maior pode acontecer?
“As salas em Cuiabá, ela variam de tamanho pois temos espaço para adequar até três mil pessoas. Dentro de um pavilhão eu já cheguei a ter um auditório para três mil pessoas, mas o que mais nos preocupa agora, são os eventos de grande porte que só vão retomar agora no final de 2021, para 2022 e uma das coisas apesar de toda a nossa situação, sem a descoberta da vacina estaremos reduzidos a pequenos e médios eventos”. Declarou Jaime.

Qual a melhor estratégia para esse novo momento?

“Os eventos agora na era digital, teremos que trabalhar nos dois sentidos onde faremos uma parte presencial e outra parte digital, videoconferência porque há vinte anos quando foi criado a ideia, da videoconferência havia o medo de acabar com os eventos presenciais, no entanto não foi isso que aconteceu e ela acabou ficando como segunda opção e muitas salas preparadas para isso, acabaram desinstalando todo o equipamento porque o evento ainda de qualquer forma, atrai a questão da pessoa para ter esse contato, porque o ser humano de uma certa forma querem ver e conversar, e por isso que falam Turismo de Evento, que além de acoplar os negócios, eles aproveitam para conhecer o estado e a cidade. Então em um evento abrange um monte de coisas, além do conhecimento, envolve a cidade, vida noturna, festas e apresentações culturais, mas depende de cada organizador para implementar esse setor, então muitas vezes o evento ainda terá um tempo com a participação presencial por muito tempo, para ser substituído pelo digital e pela mídia”. Comentou Jaime.

Existe uma ligação muito grande entre eventos e o turismo?

“Sim, na verdade o turismo de eventos é incorporado ao setor a partir do momento que ele utiliza de todo o sistema que compõe o setor . Ele começa pelo tripé que é o setor de transporte aéreo, hospedagem e alimentação que interferiu tremendamente em Cuiabá, onde não fazíamos grandes eventos, porque o município não conseguia acomodar um evento de até cinco mil participantes, após Copa chegamos ate 16 mil leitos e faltava espaço para ter grandes eventos, que inclusive tem um evento da Nestlé que é o brasileiro, deixamos de fazer e então fizemos no centro-oeste para três mil pessoas, se naquela época tivéssemos condições de espaço e hospedagem, estaríamos trazendo 10 mil pessoas em um evento desse. Lamentavelmente com o pós copa, houve uma desarticulação dos meios de hospedagens de Cuiabá, alguns hotéis foram reduzidos, outros transformaram em locação de espaço e hoje com a Covid-19, ainda não temos uma base de quantos será, porque com 50% da taxa de ocupação, era o mínimo de lotação e abaixo de 50% é prejuízo, você paga para trabalhar. Hoje eu tenho uma ocupação de 50%, e se eu não chegar a esse número, abaixo disso é difícil pois pago para trabalhar e isso está complicado, porque fica duvida se pode fechar ou não. Hoje tem uma grande rede hoteleira de Cuiabá, tinha quase 500 funcionários, hoje está reduzido a 150 funcionários para manter a estrutura que eles tem, hoje com a retomada acreditamos que só em 2 anos, de 2021 para frente e assim mesmo com a descoberta da vacina e que ela produza efeito, onde uma discussão muito grande quando se fala aglomeração”.

“Porque o evento não é aglomeração, ela pode acontecer se você libera, mas pode ser controlada e por isso esses eventos foram liberados porque temos como controlar, espaçamento e ter toda segurança nessa questão dos eventos”. Finalizou Jaime Okamura.
 
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