O exame do corpo de delito na defensora pública Gabriela Beck, que foi alvo de uma ação truculenta da Polícia Militar (PMMT), confirmou a agressão policial durante atendimento em uma propriedade rural localizada em Novo Mundo (785 km ao Norte). Os exames constataram lesões no pescoço e no rosto da profissional.
“Houve uma violação à prerrogativa dela. Ela estava fazendo um atendimento. O que a gente quer deixar muito claro é que a defensora, no momento em que ela chegou ao local a desocupação já tinha acontecido, então com relação à questão da invasão ela não tem sequer conhecimento porque ela nem conseguiu, efetivamente, fazer os atendimentos. Quando ela começou o atendimento foi o momento em que foi impedida [...], houve uma ordem de prisão ilegal já que ela estava trabalhando, não estava praticando crime nenhum, e no momento da condução houve a agressão”, afirmou a defensora pública-geral de Mato Grosso, Luziane de Castro.
O exame foi requerido pela delegacia de polícia de Guarantã do Norte. O laudo confirma que houve ofensa à integridade corporal ou saúde da periciada e que teria sido ferida com instrumento contundente.
“Diante dos achados do exame, conclui o perito que a pessoa que se apresentou com o nome de Gabriela Beck dos Santos apresenta vestígios de lesão corporal de caráter contuso”, diz trecho do documento.
A Defensoria Pública já representou pela apuração do caso pela corregedoria da Polícia Militar. O comandante-geral da PM, coronel Alexandre Corrêa Mendes já afirmou a Luziane que uma investigação seria instaurada e realizada de forma isenta. A Defensoria, no entanto, também irá representar junto ao MP.
“Eu acredito que deve ter as duas medidas. Como a gente vai fazer uma representação também para o Ministério Público, e nós entendemos que houve ali a prática de vários crimes [...], também isso pode ser encaminhado sim para o Poder Judiciário. Mas uma coisa não impede a outra”, disse
O exame de corpo de delito foi entregue na terça-feira (11) à Defensoria e já houve pedido da inclusão do laudo no procedimento conduzido pela corregedoria da PM. Luziane afirmou que este foi um caso isolado, mas que o órgão vai agir para que não se repita.
“A gente quer a punição dos responsáveis. O defensor público, onde quer que ele esteja exercendo seu trabalho, tem que ser respeitado como qualquer outro agente público. [...] foi um caso isolado, isso nós falamos desde o primeiro momento. A gente entende que houve essa ação isolada e é justamente por ser isolada a gente não quer que se repita e vire uma praxe, por isso que nós pedimos essas providências de caráter até imediato”.