Vem sendo crescente o uso do termo, para designar situações de menosprezo a doenças sentidas por mulheres. Segundo elas, esses fatos sempre aconteceram. Todavia, agora resolveram externar, dando conhecimento à sociedade.

           

Durante o parto, através das muitas violências obstétricas, existem relatos de falas vindas de pessoas que deveriam estar no momento para o amparo. “Está gritando porquê? Naquela hora H não chorou.” “Seja menos escandalosa.” “Não é motivo para tanto escândalo!”  

           

Nos consultórios médicos, por algumas vezes, elas têm sido deslegitimadas e sendo enxergadas como loucas e exageradas. No jargão da medicina esses sintomas são conhecidos como DNV (distúrbios neurovegetativos ou doenças não visualizadas), o famoso piripaque.

 

O fato de não hipotecar crédito a uma reclamação sobre o corpo adoentado da mulher pode causar sequelas físicas, pelo não tratamento adequado da enfermidade. E mais, traumas psicológicos, por não ter sido recebida perante o sistema de saúde da forma correta, ou seja, como deve ser, inclusive, com a jura médica.

           

No NUDEM/MT foi realizado o atendimento de uma mulher que narrou ser vítima de violência doméstica e familiar, e que procurou ajuda médica para o tratamento de dores intensas em todo o corpo.

 

Teve o diagnóstico de estresse, sendo encaminhada para casa com a prescrição de analgésicos para dores. Com a piora do quadro, e, tendo ela se mudado para outro estado, buscou ajuda para investigação das dores corporais persistentes. Com exames corriqueiros e atenção necessária, tomou conhecimento de que era portadora de fibromialgia.  

           

Karen Lutfey Spencer, pesquisadora da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, em seus estudos assinalou para o The New York Times que as mulheres possuem duas vezes a chance de serem diagnosticadas com doença mental, mesmo quando os sintomas são compatíveis com doença cardíaca.

 

Além do mais, é grave! Porém, os problemas de saúde das mulheres, por conta de descuido na anamnese, têm sido tratados como distúrbios de saúde mental, excesso de peso ou falta de cuidados.

           

Especialistas afirmam às mulheres que é importante checar os sintomas sentidos com o histórico familiar, quando se sentem menoscabadas em consultas médicas ou em hospitais. Estar, sempre que possível, com acompanhantes tem garantido maior segurança e respeito a elas.

             

É importante destacar que o conhecimento e a investigação apropriada sobre toda e qualquer doença, pode facilitar o tratamento e a cura. Ao menor sinal de desrespeito e descrédito na fala e nas vivências, busque ajuda para a garantia de direitos e pela qualidade de vida.  

 

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.