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25/09/2020 | 11:49

'São Pedro que vai apagar fogo', avalia comitê de combate a fogo no Pantanal

Redação TV Mais News

'São Pedro que vai apagar fogo', avalia comitê de combate a fogo no Pantanal

Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Com 25% dos focos de incêndios registrados no Brasil este ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Mato Grosso arde em fogo nos biomas Amazônia, Pantanal e Cerrado. Só neste mês foram 18 mil focos espalhados por 105 de seus 141 municípios. É a destruição no Pantanal, porém, que mais chama atenção – 85% das queimadas no bioma estão em terras mato-grossenses.

Na avaliação do coronel da reserva do Corpo de Bombeiros do estado, atual secretário do Comitê Estadual de Gestão do Fogo, Paulo André da Silva Barroso, o fogo no Pantanal, a essa altura, já não pode ser mais controlado. Para ele, as chamas só serão apagadas pelas chuvas - e isso pode demorar mais de um mês.

Quais as razões de tantas queimadas este ano no estado?
O estado do Mato Grosso está passando pela maior seca dos últimos 45 anos. E o Pantanal não tinha grandes incêndios há 14 anos. Isso significa que tem muita biomassa acumulada e, com o ambiente muito seco, é sugestiva a ocorrência de incêndios florestais. E quando isso ocorre é muito difícil de combater.

Quais são as dificuldades?
O Pantanal é o bioma mais preservado do Brasil e isso significa que tem pouco acesso, pouca gente morando. É uma área praticamente selvagem e, quando começa o incêndio em algum local, fica muito difícil acessá-lo. O primeiro incêndio ocorreu em uma área que não tinha estrada. O camarada foi até lá coletar mel silvestre. E como isso é feito? Ele vai no tronco de uma árvore que tem colmeia e ateia fogo no pé.

A fumaça espanta as abelhas e ele vai lá e pega o mel. A gente já sabe que o primeiro incêndio começou assim, no meio do nada. E foi se propagando. Não tinha casa, não tinha nada. E para o bombeiro chegar lá demorou mais de cinco dias. Quebraram dois tratores no caminho, que foram abrir acesso na linha do fogo. E tem outro agravante: no Pantanal o incêndio ocorre em três dimensões.

Como assim?
Tem quele que ocorre na superfície, sobre o solo, queimando tudo até um metro e meio, dois metros de altura. Temos o incêndio de copa, que pega a copa das árvores e as chamas atingem 20, 30 metros de altura. E temos o subterrâneo, que é o pior para combater. Você extingue o fogo na copa, na superfície e no subterrâneo ele vai queimando. Ele é mais lento, queima devagar. Vai queimando por baixo e, quando a gente acha que a área já foi queimada e está protegida, ele recomeça mais à frente, na área verde. Geralmente a vigilância é feita por dois dias, mas no terceiro ou quarto o fogo retorna mais à frente e vai pipocando em outros lugares. Então é uma coisa interminável.

O que é esse incêndio subterrâneo?
O Pantanal tem um solo alagável. O subsolo é formado por raízes de plantas e árvores que ficam alagadas durante boa parte do ano e, em outra parte, secam. Como este ano secou muito, o espaço que a água ocupava foi ocupado pelo oxigênio. Ficou tudo muito seco. O fogo que queima lá em cima, se propaga para baixo, porque a raiz também está seca. Não tem água e entra oxigênio. Então o fogo propaga devagarzinho por debaixo da terra e ressurge lá na frente, quando você menos espera.

E como fazer para conter as queimadas?
Nessa condição atual é praticamente impossível controlar e extinguir. O que vai apagar o fogo aqui é a chuva. E não é qualquer chuva. È chuva forte, de quatro a dez dias. Esse período de chuvas geralmente só começa no final do mês de outubro, começo de novembro. Então é São Pedro que vai apagar esse fogo. O índice pluviométrico do Mato Grosso está abaixo da média dos últimos 30 anos. Então, todo o estado está passando por um período significativo de seca em razão da baixa pluviosidade, ou seja, pouca chuva.

Isso tudo, aí sim, pode ser — veja bem, pode ser — decorrente do desmatamento da Amazônia. Se você desmata a Amazônia não tem uma consistência significativa daqueles rios aéreos, que são formados pela evapotranspiração das árvores. É um cenário que a gente ainda tem que entender. E é isso que a gente está vivendo aqui.

Fonte - O Globo 

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