O preço do óleo de soja afundou nas últimas seis semanas, após o Ministério de Minas e Energia (MME) reduzir provisoriamente a quantidade de biocombustível que é misturada ao diesel de 13% para 10%, para conter a alta no preço dos combustíveis. Essa medida trará impactos para Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

De acordo com os cálculos do Instituto, é esperado que a produção total de biodiesel passe de 1,63 milhão de metros cúbicos (m³) para 1,26 milhão de m³ em 2021. Isso significa que 1,39 milhão de tonelada de soja deixará de ser consumido no estado.

Isto é, caso a redução de fato se consolide durante o ano, é esperado que o consumo de soja em Mato Grosso seja 8,68% menor em relação ao que foi registrado em 2020 para a produção do biodiesel, retornando a patamares próximos ao consumo de 2019.

A medida é temporária, mas pode durar por todo o ano, já que foi adotada depois que a Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelou a possibilidade de aumento excessivo no preço do óleo diesel durante o ano, o que implicaria uma série de efeitos negativos ao transporte de cargas e para a economia em geral, especialmente se considerado os repasses dos preços ao consumidor final.

Por essa razão, o CNPE entendeu ser adequada a redução da mistura enquanto perdurar o 79º Leilão de Biodiesel, a fim de evitar o aumento do diesel ao consumidor final.

Essa avaliação decorre dos efeitos da valorização do custo do óleo de soja nos mercados brasileiro e internacional, combinado com a desvalorização cambial da moeda brasileira frente ao dólar, que tem impulsionado as exportações de soja e encarecido o valor do biodiesel produzido nacionalmente.

Oferta e demanda

A atualização feita no relatório de oferta e demanda em Mato Grosso consolidou a safra 19/20 e trouxe novos ajustes para a safra 20/21. Com relação à safra 19/20, a oferta se manteve e o consumo interno recuou em comparação com o relatório anterior. De acordo com as agroindústrias do estado, o processamento atingiu 10,37 milhões de toneladas até o fim de 2020 e as exportações foram recordes, chegando a 22,29 milhões de toneladas.

Já para a temporada 20/21, a produção foi ajustada para cima devido a uma melhora nas condições das lavouras mais tardias no estado. A partir disso, espera-se que o estado produza 35,75 mi t, valor 0,04% acima ao da safra 19/20. Na parte da demanda, o esmagamento do grão pode chegar a 10,61 mi t, 2,33% acima ao da temporada anterior. Por fim, as exportações foram ajustadas e podem chegar a 22,73 milhões de toneladas, um novo recorde em Mato Grosso.